O Código Florestal autoriza em boa parte da Amazônia que o dono suprima a vegetação nativa em 20% da propriedade. No bioma, há propriedades que desmataram bem mais do que esse limite. Mas há uma área imensa, no coração da floresta, onde esses 20% ainda estão preservados.
Rafael Walendorff, no Valor, cita um estudo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) que estimou que há cerca de 11,3 milhões de hectares passíveis de serem desmatados “legalmente”. Para comparar, de 2008 para cá, dados do PRODES mostram que a floresta perdeu os mesmos 11,2 milhões de hectares em 2015.
Essa área passível de ser desmatada contém um estoque de carbono de quase meio bilhão de toneladas de carbono, o que corresponde, grosso modo, à quarta parte do total de emissões do país.
Para quem não pretende ler o estudo todo, vale ver o release do IPAM. O Envolverde também comentou o trabalho.
Em tempo: O agro que desmata para exportar não é aquele que alimenta os brasileiros. Um artigo importante na Folha mostra que a área plantada dos principais alimentos nacionais despencou nos últimos 30 anos. O cultivo do arroz perdeu ¾ da sua área, o de feijão perdeu metade e o da mandioca perdeu ⅓. No mesmo período, a população aumentou e, dizem os autores, “a disponibilidade per capita desses três produtos foi drasticamente reduzida e despencou, em média, 35%.” No entanto, o agro que exporta está preocupado com novas leis que tramitam pelos Parlamentos Europeu, Britânico e também pelo Senado norte-americano que restringem a importação de produtos àqueles desmatamento-free. Em um artigo no site Jota, executivos do setor argumentam que o problema está na régua que define o quão free é um produto. O desmatamento de milhares de quilômetros quadrados por ano não é com eles.
Fonte: ClimaInfo
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