O casal se destaca pelos trabalhos de reflorestamento que vêm conduzindo desde os anos 90
Na última sexta-feira (15), no Rio de Janeiro, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) realizou o Prêmio CEBRI 2022. Na categoria Sustentabilidade, foram homenageados a ativista ambiental, produtora fotográfica e cinematográfica Lélia Wanick Salgado e o fotógrafo Sebastião Salgado.
Criado em 2008, o Prêmio CEBRI homenageia, a cada dois anos, personalidades que se distinguem em áreas e temas relevantes para a agenda internacional do Brasil. O casal se destaca pelos trabalhos de reflorestamento que vêm conduzindo desde os anos 90. Além disso, há um projeto em curso de recuperar as nascentes da região do Vale do Rio Doce.
“Nós assinamos um contrato com o KfW – Banco de Desenvolvimento da Alemanha para um projeto de recuperação de 4.200 nascentes na região do Rio Doce. O nosso objetivo é, nos próximos 15 anos, plantar 15 milhões de árvores na região e multiplicar a biodiversidade naquela área”, afirmou Lélia Wanick Salgado.
Sebastião Salgado ressaltou as ações do Instituto Terra ligadas à sustentabilidade, preservação das águas e reflorestamento da Floresta Amazônica. O fotógrafo destacou a importante presença das comunidades indígenas na construção da sociedade brasileira, afirmando que a única coisa que destoa entre nós e os povos indígenas é a temporalidade de sua presença no Brasil.
Durante a premiação, a dupla falou sobre a exposição Amazônia e Salgado relatou que pediu autorização do Comando do Exército para participar das missões áreas e sobrevoar a Floresta Amazônica para produzir as fotos.
Da década de 1980 até 2019, Sebastião Salgado fez fotografias das águas, terras e céu da Amazônia, contribuindo para a projeção internacional da temática ambiental e da sustentabilidade.
Exposição Amazônia
E quem quiser apreciar o trabalho de Sebastião Salgado pode conferir a mostra Amazônia, até o dia 31 de julho no Sesc Pompeia, em São Paulo, ou a partir de 19 de julho, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. A exposição exibe o resultado de anos de experiências e expedições fotográficas na Amazônia brasileira.
Idealizada por Lélia Wanick Salgado, que assina a curadoria, a mostra no Museu do Amanhã é composta por 194 fotografias de tirar o fôlego.
Há a grandiosa, deslumbrante, às vezes esmagadora visão da floresta, dos rios, de nuvens e montanhas. Há a beleza e a força dos povos indígenas no seu cotidiano e nas festas, com artefatos, espaços de convivência, expressões de uma miríade de civilizações integradas ao meio. E há o recorte de árvores, animais, margens, várzeas, clareiras.
A mostra Amazônia é o resultado da imersão, por sete anos, de Sebastião e Lélia Wanick Salgado, na região que cobre o Norte do Brasil e se estende a mais oito países sul-americanos, ocupando um terço do continente. A maior floresta tropical do planeta transforma-se em convite à informação, à reflexão e à ação em defesa do ecossistema imprescindível à vida no planeta.
“Ao projetar ‘Amazônia’, quis criar um ambiente em que o visitante se sentisse dentro da floresta, se integrasse com sua exuberante vegetação e com o cotidiano das populações locais”, comenta Lélia. O patrocínio master da Amazônia no Brasil é da Seguradora Zurich; o patrocínio ouro, da Natura e do Itaú.
Praticamente todas inéditas, as imagens, que estão distribuídas em núcleos temáticos, revelam o refinamento e a engenhosidade dos povos da região, alguns pouquíssimo contactados – em 1500 eram 5 milhões indivíduos e hoje estão reduzidos a menos de 400 mil. “Na Amazônia inteira, a sofisticação cultural [dos povos] é colossal”, diz Salgado, que registrou 12 etnias (das quase 200 remanescentes) para essa mostra.
A voz das comunidades ameríndias, aliás, pode ser efetivamente ouvida em sete vídeos que apresentam testemunhos de lideranças indígenas, sem intermediários. São relatos impactantes sobre a importância da terra, dos rios, da floresta amazônica e dos graves problemas que ameaçam, inclusive, a sobrevivência de indivíduos e de etnias.
“Esta exposição tem o objetivo de alimentar o debate sobre o futuro da floresta amazônica. É algo que deve ser feito com a participação de todos no planeta, junto com as organizações indígenas”, defende Sebastião Salgado.
No espaço expositivo, o ambiente sonoro embala a visão das fotografias com a trilha sonora original do francês Jean-Michel Jarre, elaborada a pedido dos Salgado a partir dos sons da floresta.
A exposição apresenta ainda dois espaços com projeções de fotografias. Uma delas mostra paisagens florestais acompanhadas pelo poema sinfônico Erosão – Origem do Rio Amazonas, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959); a outra traz uma sequência de retratos de índios, sonorizada por uma peça de Rodolfo Stroeter especialmente composta.
Ao final da exposição, o visitante conhece o Instituto Terra – espetacular trabalho de Lélia e Sebastião Salgado iniciado em 1998 e que empreendeu o reflorestamento de cerca de 600 hectares de Mata Atlântica em Aimorés (MG).
Além de replantar e recuperar a área – a terra, a vegetação, as importantíssimas nascentes que asseguram a continuidade da vida -, o Instituto forma mão-de-obra especializada, capacitando jovens ecologistas para proteger e conservar a biodiversidade da região.
Paralelamente à exposição, ocorre concertos em afinidade com a mostra: Águas da Amazônia, de Philip Glass, composta em 1998; de Villa-Lobos, o Prelúdio das Bachianas Brasileiras n° 4 e, na segunda parte, nada menos que a poderosa Floresta do Amazonas, composta em 1958, que tem a Melodia Sentimental fechando a primeira Suíte da obra.
O concerto carioca, marcado para o dia 23 de julho no Teatro Municipal, será regido pela maestrina Simone Menezes, com a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, grupo ligado à EMESP Tom Jobim (gerida pela organização social Santa Marcelina Cultura) e a soprano Camila Titinger.
Fonte: CicloVivo
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