O avanço criminoso do garimpo sobre as Terras Indígenas segue impune na Amazônia. Dessa vez, grupos indígenas denunciaram a invasão na Terra Vale do Javari, no oeste do Amazonas. De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) e o Centro de Trabalho Indígena (CTI), os criminosos realizaram inclusive uma festa na comunidade do Jarinal na qual forçaram indígenas a beber gasolina com água e álcool etílico com suco. Além disso, os garimpeiros teriam abusado sexualmente de mulheres indígenas.
“Os garimpeiros foram até a boca do igarapé, que fica bem perto da aldeia, e depois foram de canoa até a aldeia fazer a festa. O que eles fazem é temperar gasolina com água e ficam dando para os parentes beber”, afirmou Kadhyi Kanamari, chefe do Conselho Indígena dos Kanamari do Juruá e Jutaí (Cikaju). “A gente quer que a Polícia Federal vá até lá resolver essa questão dos criminosos garimpeiros”.
A TI Vale do Javari é o 2º maior território indígena do Brasil, com 8,5 milhões de hectares. A comunidade do Jarinal está localizada na parte sul da reserva, à margem do rio Jutaí. Cerca de 200 pessoas das etnias Kanamari e Tson wük Dyapah vivem na aldeia. Nas proximidades, também se encontram grupos indígenas isolados. A FUNAI, que mantém uma frente etnoambiental na área por conta dos índios isolados, não se manifestou quanto à denúncia e nem apontou possíveis ações para expulsar os garimpeiros e proteger os indígenas da Reserva. Amazônia Real e O Globo repercutiram a notícia.
Enquanto isso, a Folha destacou um pedido de proteção da família do cacique Juma Xipaya, agredido por garimpeiros que invadiram a Terra Xipaya, no Pará, há duas semanas. O pedido foi feito pela Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) à Polícia Federal. Cinco homens e dois adolescentes chegaram a ser detidos pelas forças de segurança em uma balsa apreendida dentro da Reserva, mas foram liberados no mesmo dia sob a justificativa de que os agentes da PF não conseguiram chegar a tempo para configurar a ação como prisão em flagrante. Por conta disso, indígenas temem retaliações violentas dos garimpeiros.
O medo também é presente na Terra Yanomami, em Roraima, que vive uma crise histórica com o avanço do garimpo. Um relatório recente destacou como o crescimento da exploração ilegal de ouro está causando devastação ambiental e abusos contra os Povos Indígenas que vivem na área. Casos de abuso sexual contra mulheres e crianças indígenas, bem como extorsão de favores sexuais por comida, foram documentados. O g1 fez um raio-X dos problemas na Terra Yanomami e do sofrimento dos indígenas, abandonados pelo poder público nas mãos dos criminosos.
Em tempo 1: O g1 destacou uma decisão da Justiça Federal do Mato Grosso ordenando à FUNAI a prorrogação da portaria que dá proteção legal à Terra Indígena Piripkura até o julgamento definitivo da ação civil de demarcação da área. A portaria venceu no dia 16 de março, sem a FUNAI sinalizar uma renovação. Para indigenistas, o fim da proteção ameaça diretamente a sobrevivência de grupos indígenas isolados que vivem na área. “A não renovação da portaria da FUNAI, somada a sua inércia no processo demarcatório, demonstraria um relaxamento da proteção indigenista e ambiental, de modo a incentivar que terceiros adentrem à área novamente”, observou o juiz federal Frederico Pereira Martins, da Vara Federal Cível e Criminal da Subseção Judiciária, autor da decisão.
Em tempo 2: O programa Profissão Repórter (TV Globo) visitou a região da bacia do rio Negro e do rio Tapajós para mostrar o impacto da explosão do garimpo nas comunidades indígenas e ribeirinhos. Além da violência, os garimpeiros estão levando problemas de saúde para essas áreas, como a malária, a COVID-19 e a contaminação por mercúrio despejado nos rios e no solo.
Fonte: Clima Info
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