Em entrevista coletiva, pré-candidato do PT à presidência falou em meio ambiente urbano, pesticidas e defendeu o legado de construção de grandes hidrelétricas na Amazônia
O pré-candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu sua primeira coletiva do ano para um grupo de mídias de esquerda em São Paulo nesta quarta-feira (19), onde falou sobre uma possível chapa com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu uma aliança com o centro para derrotar Jair Bolsonaro e expôs sua visão sobre meio ambiente. Para o candidato, é preciso fazer um “chamamento” ao empresariado consciente, que sabe que será prejudicado se não levar em conta a questão ambiental.
“Essa tese de que vamos abrir a cerca para o gado passar não será predominante no meu governo. Não será predominante. E nós vamos ter que envolver a ciência para provar que a gente pode, como a Embrapa já provou durante muito tempo, que a gente pode ter uma uma agricultura mais sadia, uma indústria mais limpa, menos poluente, que a gente teve até agora. Não é o desafio de um presidente, é o desafio de uma sociedade”, disse.
A entrevista durou um pouco mais de duas horas e teve como plateia jornalistas que estavam muito interessados na aliança do PT com o antigo adversário, Geraldo Alckmin, apontado como possível vice. Os comentários sobre meio ambiente partiram do próprio Lula, que defendeu um novo pacto global para que haja uma direção sobre meio ambiente e condução da paz.
“A gente não vai resolver a questão ambiental por conta do estado nacional, porque quando você aprova uma coisa em uma Conferência de Meio Ambiente, essa coisa volta para dentro dos estados para eles aprovarem, e normalmente os Congressos não aprovam. Em 2008, a União Europeia tinha decidido que, em 2020, todos os carros europeus teriam no mínimo 10% de etanol ou de biodiesel. O que aconteceu? Nada, nada, não introduziram. Portugal queria 20%, o Japão queria ter 3% de biodiesel e de etanol ou na sua gasolina, não fizeram nada. Então é preciso que a gente tenha uma governança, que a gente tenha uma ONU rejuvenescida, renovada, mais representativa da geopolítica internacional, com determinados poderes, que algumas coisas, principalmente na questão ambiental ou na questão da paz, tem que ter uma decisão coletiva e não uma decisão unilateral. É preciso acabar com o poder de veto na ONU. É preciso acabar com o poder dos Estados Unidos de não respeitar nenhuma decisão”, defendeu.
Lula também criticou o excesso de agrotóxicos aprovados nos últimos anos e citou como grandes realizações de seu governo a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia – Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte – consideradas por ambientalistas um dos piores legados dos governos do PT na área ambiental.
Além da defesa de grandes obras de infraestrutura, o candidato apoiou investimentos em pesquisa e em alianças para integrar desenvolvimento com meio ambiente. “Ninguém quer que a Amazônia seja transformada em um santuário da humanidade. As pessoas que moram na Amazônia querem ter acesso aos bens materiais, querem produzir. É possível utilizar a riqueza da biodiversidade da Amazônia para desenvolver a Amazônia? É, então nós temos que investir em pesquisa. Então nós temos que fazer parceria, como nós fizemos no meu governo, com aquele fundo da Alemanha com a Noruega [Fundo Amazônia, criado em 2008 e paralisado em 2019]. É possível fazer. É possível a gente utilizar riqueza daquele ecossistema para ganhar dinheiro para desenvolver o Brasil. Agora, é preciso ter um governo que queira fazer isso. E é preciso envolver a sociedade”, disse
Participaram da coletiva representantes da TV 247, Jornalistas Livre, RBA (Rede Brasil Atual), Revista Fórum, DCM, GGN, Blog da Cidadania e Tutameia. A coletiva, na íntegra, pode ser vista na página da TV 247 no Youtube.
Fonte: O Eco
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