Entrevista com Hamzah Nasser, Manufacturing Director da Eletrolux – Polo Industrial de Manaus
Voluntário destacado da ASI – Ação Social Integrada do Polo Industrial de Manaus, Hamzah Ahmad Nasser, ou simplesmente Nasser, é o que se chama de madeira pra qualquer canoa, contanto que ela possa navegar no rumo da cidadania. Em entrevista ao portal BrasilAmazoniaAgora, e em depoimento utilizado no vídeo relatório da ASI, relatou suas experiências pelas periferias e cercanias de Manaus. Com clareza e didática, defendeu que, enquanto houver vulnerabilidade no Amazonas, a Ação Social Integrada deve continuar atuando, em condições profissionais, e no contexto de responsabilidade social. De quebra, Nasser cobrou maior empenho do poder público para enfrentamento do problema. Confira!!
Por Alfredo Lopes
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BrasilAmazoniaAgora – O Amazonas, ao lado do Maranhão, são os estados em pior situação no ranking da extrema pobreza no país, segundo o IBGE. Como diretor, o que você acha que deveria ser feito para mudar esta paisagem socioeconômica?
Hamhaz Nasser – O estado do Amazonas possui uma das mais populosas capitais do país. A Zona Franca de Manaus tem um protagonismo estratégico no perfil industrial da região Norte do país e representa um polo importante na geração de emprego e renda. A indústria tem um papel importante, como agente social, em contribuir com o desenvolvimento do cenário socioeconômico local.
As indústrias instaladas na região têm um papel fundamental no que diz respeito a responsabilidade social e a Electrolux tem essa premissa de atuar nas comunidades do entorno de sua operação, como fizemos assim com ações de distribuição de marmitas e brinquedos para as comunidades, além da doação de itens médico-hospitalares durante os períodos mais críticos da pandemia. Isso, aliado à políticas públicas que favoreçam a capacitação de pessoas e deem oportunidades de autossuficiência para as comunidades, faz com que caminhemos para um cenário melhor.
Além do esforço em cuidar de nossos colaboradores e comunidades durante a pandemia e mantermos 100% dos empregos em nossa operação mesmo com as restrições na cadeia de suprimentos, as associações industriais que representam a ZFM, CIEAM, FIEAM, ELETROS e ABRACICLO com seus associados se uniram para apoiar o mais afetados pela crise sanitária, econômica e social, nascendo a Ação Social Integrada do Polo Industrial de Manaus.
BAA – Como você enxerga, nesse contexto, o trabalho da Ação Social da Indústria?
H.N. – A Ação Social Integrada veio para combinar e intensificar trabalhos de responsabilidade social que já são realizados pelas indústrias e criar a oportunidade de um esforço maior durante o período mais crítico da pandemia que impactou fortemente a comunidade amazonense e outras regiões do país. Essa ação distribuiu mais de 240 toneladas de alimentos apenas em 2020 e 170 toneladas de alimentos ano passado. Além de alimentos, foram realizadas distribuição de produtos de higiene pessoal e ações junto a instituições e comunidades carentes no Amazonas, levando, por exemplo, atendimento médico para comunidades ribeirinhas através de médicos voluntários.
BAA – Você concorda que este trabalho deveria ser profissionalizado e permanente ou isso é papel exclusivo do poder público?
H.N. – Enquanto tivermos pessoas em situação de vulnerabilidade, o trabalho não termina. A Ação Social Integrada surgiu como um movimento voluntário formado por empresários e dirigentes das empresas representadas pelas associações da indústria e que hoje está sendo brilhantemente coordenada pela nossa conselheira Régia Moreira dentro do Comitê de Responsabilidade Social do CIEAM. O papel do poder público, além de promover melhores condições para a população, é atuar para facilitar que ações voluntárias sejam permanentes e mais profissionalizadas, visto que as empresas já fazem diversas ações voltadas à responsabilidade social. Adicionalmente temos a Ação Social atuando em momentos especialmente críticos, como aconteceu na crise do oxigênio e enchentes que impactaram o Acre e a Bahia. Uma frase que usamos muito na Ação Social é: ‘quem tem fome tem pressa’.
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