Nem bem chegou ao comando da Petrobras, o executivo José Mauro Ferreira Coelho já sente o tapete sendo puxado debaixo de seus pés. De acordo com o Estadão, fontes próximas ao Palácio do Planalto sinalizam que o presidente da empresa pode ser trocado mais uma vez como reflexo da mudança no ministério de minas e energia.
Coelho é próximo do ex-ministro Bento Albuquerque, demitido pelo presidente da República na semana passada na esteira dos aumentos do preço dos combustíveis e da movimentação política do Centrão em favor da proposta da Brasduto. O novo ministro, Adolfo Sachsida, teria sido orientado pelo Planalto a cobrar “mudanças” na postura da Petrobras, apontada pelo presidente como a principal responsável pela carestia da gasolina e diesel.
No domingo (15/5), durante mais um ato ilegal de campanha eleitoral antecipada, o presidente foi questionado por populares sobre o alto custo de vida e os preços dos combustíveis. Em fala a jornalistas, o mandatário disse que Sachsida tem “carta branca” para mexer na empresa. “Pergunta para o Adolfo Sachsida”, respondeu o presidente ao ser questionado sobre a possibilidade de troca no comando da Petrobras. Estadão, g1 e UOL destacaram a fala presidencial.
A pressão do governo sobre a Petrobras é forte e dificilmente baixará até a eleição presidencial de outubro. De acordo com o Valor, o novo ministro teria sinalizado à direção da empresa que qualquer tratativa sobre a política de preços não seria mais feita por meio do ministério, mas sim diretamente com a Presidência da República. Além disso, como explicou Maria Cristina Fernandes no Valor, o governo também estaria pensando em cercar a Petrobras com ações no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), com eventuais acusações de práticas anticoncorrência contra a empresa, e uma possível mudança em seu estatuto para ampliar a margem do governo na definição da política de preços da estatal.
Enquanto isso, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou liminarmente a decisão do Comitê de Secretários de Fazenda dos Estados (COMSEFAZ) sobre a política de ICMS sobre o diesel, que definiu uma alíquota única, mais cara, e permitiu que cada governo adotasse descontos sobre o valor. O pedido foi feito pela Advocacia-Geral da União (AGU), em mais um capítulo do tiroteio político entre o presidente da República e os governadores sobre o preço do combustível. No entanto, analistas ouvidos por O Globo afirmaram que dificilmente a decisão liminar do STF se refletirá na redução do diesel nas bombas – isso porque outros fatores, como acordos comerciais e logísticos, além dos reajustes recentes da Petrobras, devem manter o preço no mesmo patamar, anulando qualquer efeito dessa mudança. Os representantes dos estados já afirmaram que recorrerão ao plenário do STF para derrubar a liminar.
Fonte: Clima Info
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