Por Juarez Baldoino da Costa
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Há 118 anos, Euclides da Cunha teve o desejo de mostrar os aspectos físicos e as riquezas essenciais da exuberante região na calha do Purus, em “A Margem da História”, e escreveu sobre a situação de então do Amazonas: “Além disso, se as nações estrangeiras mandam cientistas ao Brasil, que absurdo haverá no encarregar-se de idêntico objetivo um brasileiro?”.
Índios isolados habitavam a região do Rio Purus, principal área acessada por Euclides.
Há 82 anos, mais um desejo em Manaus, no Discurso do Rio Amazonas de 10 de outubro de 1940, Getúlio Vargas declarou que “Ver a Amazônia é um desejo de coração na mocidade de todos os brasileiros. O vosso ingresso ·definitivo no corpo econômico da Nação, como fator de prosperidade e de energia criadora, vai ser feito sem demora.”
Há 67 anos, foi criada a SUDAM para inserir a região no contexto econômico nacional. Há 55 anos, em Brasília, Castelo Branco criou a ZFM, desejando construir um polo econômico no interior da Amazônia. Há 30 anos, na ECO 92 no Rio de Janeiro, a agenda mundial desejou que a Amazônia pudesse ser vista como um dos principais centros da atenção para o futuro e o Brasil cria o Conselho Nacional da Amazônia Legal.
Há 1 ano, no “Webinar IGVB – Brasil 2022” em novembro, o chefe da EMBRAPA sugeriu a criação de um Plano para a Amazônia; seria talvez um desejo de materializar o que desejaram Getúlio Vargas ou Euclides da Cunha. Há 2 dias o GCF Task Force em sua 12ª. edição que está sendo realizado em Manaus deseja avançar na proteção e benefícios da floresta e há planos para isto.
A Amazônia tem estado no desejo de muitos, com planos sempre em elaboração.
Hoje, índios isolados ainda habitam a região, como os que deixaram recentes vestígios no chamado Mamoriá Grande em Lábrea, no Amazonas.
Estes indígenas provavelmente têm ancestrais que andavam pelas terras que Euclides da Cunha andou no início do século passado, quando o sertanista desejou novos dias para a região. Não devem saber da SUDAM ou do GCF. Não se conseguiu alcançá-los, e não sabemos se eles desejam ser alcançados, embora continuemos tentando.
Há quem critique a colonização européia na Amazônia, embora queira alcançar os isolados.
Há muitos povos não isolados na Amazônia, mas embora possamos alcançá-los, sua voz é a mesma dos de Mamoriá: inaudível!
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