Se o povo brasileiro desejar a Amazônia sem sangue inocente, precisa falar ao Congresso, sua ressonância natural, para que o orçamento do país corresponda à este desejo.
Por Juarez Baldoino da Costa
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Em 1982 a Argentina invadiu militarmente as Ilhas Malvinas a 290 milhas da sua costa alegando que o arquipélago lhe pertencia, embora estivesse sob a bandeira inglesa. O presidente do país era o general Galtiere, numa época em que uma crise política e econômica assolava a nação, situação que alguns historiadores entendem ter sido este quadro de crise o verdadeiro motivo do ataque bélico para influenciar positivamente o povo argentino em sua confiança no país e reforçar sua autoestima.
Na Inglaterra, o anúncio da Argentina foi considerado como uma tentativa de quebra de sua soberania, já que as ilhas, para os ingleses, eram de seu domínio e inclusive o nome do arquipélago era chamado de Falkland Islands. O confronto evoluiu para o que se chamou de Guerra das Malvinas, com milhares de soldados vitimados entre mortos, feridos e prisioneiros dos 2 lados, cujas perdas maiores foram do lado argentino.
Margaret Thatcher, primeira ministra inglesa durante o episódio, e que liderou o movimento militar de defesa das Falklands, ordenou o envio de esquadras de navios e aviões ao combate a 8.000 milhas de distância de sua base para retomar o controle do arquipélago, vencendo a guerra, finalmente. Thatcher foi reeleita no ano seguinte e Galtieri perdeu o cargo.
A Argentina propagava ter soberania sobre o território que chamava de Malvinas, mas a Inglaterra, sem alardear, foi quem demonstrou o que é soberania de fato através da prática que incluiu estratégia e poderio de força militar.
A soberania geopolítica real só pode existir se estiver fundamentada em poder de força com resultados no campo para não se tornar mera soberania retórica. Os espanhóis ou argentinos a chamam de soberanía, com acento agudo. Os ingleses usam o termo “sovereignty”.
A soberania do Estado brasileiro sobre partes da Amazônia, incluído o Vale do Javari, não pode ser rotulada de “sovereignty”.
O hediondo assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips na região ressalta um mero novo capítulo de décadas de fragilidade da estratégia do Brasil para com a Amazônia. Politizar o tema até hoje não resolveu, e insistir neste formato é insistir na derrota.
Se o povo brasileiro desejar a Amazônia sem sangue inocente, precisa falar ao Congresso, sua ressonância natural, para que o orçamento do país corresponda à este desejo.
Sem fuzis e esquadras não há soberania, ensinou a Inglaterra. A Ucrânia, a Argentina e o Javari são prova disto.
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