”No caso de Manaus o que temos é, por um lado, a não conclusão as ofertas dos arranjos industriais: infraestrutura de transporte ampla e um contínuo processo de simplificação da operação industrial; e, por outro lado, um desinteresse no restante do país em relação aos resultados obtidos, em razão especialmente da notícia falsa que propagou uma percepção de que não se arrecadam impostos, o que é bem longe da verdade.”
Augusto Cesar Barreto Rocha
_____________________________
A UNIDO – agência das Nações Unidas para o desenvolvimento industrial publicou poucas semanas atrás um texto de LI Yong analisando quanto o desenvolvimento industrial é mais importante do que sempre foi. No Brasil, parece que esquecemos desta pauta, focando em assuntos do passado, como se viver apenas do extrativismo fosse a melhor alternativa para o país, quando claramente não é o caso. Afinal, quanto maior o valor agregado em relação ao que se extrai da natureza, melhor será para a economia. Se não bastasse isso, a produtividade da atividade industrial é superior às demais alternativas.
Outros estudos, como de Saskia Mösle, demonstram que há mais de 5.000 Zonas Econômicas Especiais no mundo e elas têm trazido prosperidade e impactos positivos, em especial na Ásia. Há uma busca para que elas sejam mais adotadas na África, para ajudar a reverter a situação periférica da economia da região. No Brasil, o caso de sucesso da ZFM, que possui um dos tipos de arranjos destas Zonas Especiais vive em uma luta difícil de compreender – como se sempre tivesse que justificar a sua existência, mesmo com uma história de sucesso relativo e com a necessidade de construir décadas de história, com garantia constitucional.
No caso de Manaus o que temos é, por um lado, a não conclusão as ofertas dos arranjos industriais: infraestrutura de transporte ampla e um contínuo processo de simplificação da operação industrial; e, por outro lado, um desinteresse no restante do país em relação aos resultados obtidos, em razão especialmente da notícia falsa que propagou uma percepção de que não se arrecadam impostos, o que é bem longe da verdade. Na África, segundo outro estudo, de Farole e Moberg, os projetos têm enfrentado dificuldades de prosperar por estes fatores: planejamento e implementação inadequados, deficiência de infraestrutura, localização subótima, com acesso precário aos mercados, alta incerteza regulatória, instabilidade política, foco de cima para baixo em setores não competitivos, capacidade de implementação insuficiente e problemas de coordenação entre os atores envolvidos no desenvolvimento e a gestão. Isso tudo leva a uma incerteza regulatória para os investidores e prejudica os recursos financeiros já limitados. Alguma semelhança? Teremos foco nos acertos da Ásia ou nos erros da África. Qual a visão para o futuro da ZFM?
Comentários