Em lugar de esperar soluções messiânicas, precisamos agir com o protagonismo de quem produz emprego, impostos e riquezas. Beiramos a fronteira da irresponsabilidade se não nos mobilizamos para auditar, e influenciar sua aplicação conforme a legislação. Temos colegiados de composição híbrida que, estranhamente deixaram de funcionar. São conselho representativos da Sociedade e a eles compete a gestão transparente de generosos recursos da indústria para o interesse coletivo.
Wilson Périco
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São preocupantes as notícias de final de ano. A recuperação da indústria em particular, somada a alguns ensaios no setor de serviços, nos deram momentaneamente a sensação da virada da economia depois de tantas tempestades conjunturais.. Infelizmente, a crise hídrica/ energética, os sobressaltos políticos e a reboliço chinês na questão climática com graves reflexos em sua interação global, já se fazem sentir da economia local, nacional e global.
No Amazonas, um estado fortemente influenciável pelos abalos externos, o cenário é particularmente preocupante. As empresas do Polo Industrial de Manaus padecem, pelo segundo ano, a escassez de suprimentos, notadamente na área eletro eletrônico, um dos pilares do desempenho industrial do estado. O que podemos esperar para o desempenho do Polo Industrial 2022?
A rigor é preciso vislumbrar com clareza a ideia do esperar e seu contraponto em termos do agir. Só nos resta lutar contra todos os indicadores da desesperança. Agir com protagonismo no enfrentar da crise, como fizemos no momento mais crítico da pandemia da COVID-19.
Com a colaboração de especialistas locais e nacionais, fizemos 20 conferências de debates, análises e proposições para salvar a economia e, assim, poder cuidar da vida das pessoas como buscamos fazer. Agir sob as exigências do preceito constitucional que determina redução das desigualdades regionais através do mecanismo de compensação fiscal.
Recordando que não há saída fora da Lei, é inadiável revisitar as tábuas da Carta Magna e perseguir as metas vitais de sua aplicação. E é exatamente este caminho que foi desenhado na elaboração de proposta para a Amazônia do Futuro, um documento que reúne as proposições do setor industrial, fundadas no manejo sustentável de nossa diversidade biológica. Este documento, que reúne pistas e exigências para adensar, diversificar e interiorizar a economia sustentável do Polo Industrial de Manaus, está disponível no site do CIEAM e dos Diálogos Amazônicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Suas sugestões tem a chancela das entidades das indústrias da Amazônia Ocidental, FIEAM, CIEAM, Eletros e Abraciclo.
Leia mais sobre o documento Amazônia do Futuro clicando aqui
Em lugar de esperar soluções messiânicas, precisamos agir com o protagonismo de quem produz emprego, impostos e riquezas. Beiramos a fronteira da irresponsabilidade se não nos mobilizamos para auditar, e influenciar sua aplicação conforme a legislação. Temos colegiados de composição híbrida que, estranhamente deixaram de funcionar. São conselho representativos da Sociedade e a eles compete a gestão transparente de generosos recursos da indústria para o interesse coletivo.
A razão para desencadear essa luta, mais uma vez, é nossa sobrevivência como empresas e como sociedade. Não podemos depender do voluntarismo de governos nem de congressistas. Há 54 anos somos reféns do humor federal e nossa representação parlamentar é reduzida, apesar de guerreira.
Em suma, ou assumimos a via constitucional que nos protege, para aplicação regional dos recursos aqui gerados – a Carta Magna nos concede menos de 8% do bolo fiscal do país – justamente para diminuir o abismo socioeconômico que separa o Norte do Sul do Brasil. Não há outro caminho, nem qualquer expectativa por parte dos atores locais de de contar com a adição de um centavo sequer nas contrapartidas federais em favor do Amazonas. A história irá nos reconhecer ou nos deplorar se não decidirmos o interesse de nossa gente na partilha justa dos seus direitos civis. Simples assim.
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