”Se o rio deixasse de ser malvado, evitaria muito colchão perdido…”
Juarez Baldoino da Costa
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Este rio parece que não tem cabeça ou não sabe o que é política pública, e se sabe, é um malvado. Ele e seus afluentes.
Nos últimos 25.000 séculos a margem esquerda do Rio Anamã que desemboca no Solimões é área alagadiça, onde se planta juta, e o rio deveria saber que as pessoas iriam morar por ali. A cidade foi inaugurada em 1.983 e mesmo assim o malvado Rio Amazonas continuou inundando a cidade nestes 38 anos de vida.
O Serviço Geológico do Brasil anunciou em 04/02/2021 (G1 RO 04/02/2021) que a bacia do Rio Madeira não alcançaria a cota de inundação, mas o malvado Madeira não seguiu a previsão e causou desmoronamento em Humaitá no Amazonas neste ano.
O Rio Negro, outro malvado, fica de propósito alguns anos sem nem sequer molhar o Relógio da Av. Eduardo Ribeiro em Manaus, e vem de surpresa em 2021, sorrateiro, atrapalhar o trânsito e o comércio, que fica passando o rodo na calçada tentando empurrar a água da enchente como se fosse uma poça da chuva que se pudesse secar; é mais difícil do que enxugar gelo.
Os novos moradores dos bairros da orla da cidade estavam sossegados desde 2012 quando a cheia foi a maior, e tiveram 9 anos para aos poucos irem se mudando para a beirada hoje alagada pela cheia ainda maior. O Negro não os avisou.
O Rio Amazonas vem iludindo as pessoas que, com enchentes menores por algum tempo, vão ano a ano ocupando espaços na beira considerados habitáveis segundo admitem as prefeituras. De repente, de forma maldosa, a enchente grande invade as ruas e as suas casas, obrigando à construção das incontáveis passarelas de madeira com tábuas arrumadas às pressas por falta de aviso do rio.
É de se perguntar: as prefeituras não foram ouvidas ou o rio as ouviu e as enganou?
Se o rio deixasse de ser malvado, evitaria muito colchão perdido, economizaria em gastos com a saúde para tratar doenças infecciosas de veiculação hídrica e evitaria mortes de crianças.
O esgoto represado pelo rio retorna às ruas e às casas pelos ralos, fossas e privadas, chegando também ao piso das feiras e mercados que vendem peixe e perecíveis sobre a água fétida da enchente.
Em Iranduba-AM, a água do Rio Amazonas invadiu casas e estragou móveis. Atingiu também as pessoas que para lá se mudaram e que moravam na capital Manaus nos bairros da Compensa e outros, mas era em terra firme. O rio não avisou que ali inundava. Nem placa de advertência tem.
Agora em junho, felizmente, vai acabar este desatino; as águas começarão a baixar e as pontes de madeira serão desmontadas e até esquecidas. Talvez o Sol recupere alguns colchões.
O ensinamento que os rios receberam em 2021, a maior cheia conhecida, talvez tenha sido por eles absorvido, e estes malvados rios-sem-cabeça não deverão mais infernizar a vida dos amazônidas inocentes, desavisados e traídos por sua omissão. Que diferença faz um centímetro a mais de água…
Se algum rio se candidatar a alguma prefeitura, tudo indica que será eleito, já que agora parece que eles aprenderam a lição e por isso deverão ser perdoados pelos seus eleitores.
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