No ano passado, a Terra Indígena (TI) Yanomami, localizada no extremo norte do Brasil, perdeu uma área equivalente a 500 campos de futebol por causa do avanço do garimpo ilegal. Segundo um levantamento realizado por instituições indígenas e divulgado ontem (25/3) pelo Instituto Socioambiental (ISA), a atividade de mineração ilegal não foi interrompida pela pandemia – pelo contrário, o fluxo de garimpeiros aumentou consideravelmente no último ano, com o garimpo subindo os rios e se aproximando cada vez mais das comunidades indígenas no interior da TI. Segundo o relatório, a maior parte da área degradada (52%) pelo garimpo se concentra no rio Uraricoera.
Com o avanço do garimpo, os indígenas sofrem também com a intensificação de conflitos de terra, com enfrentamentos violentos. Há um mês, indígenas da comunidade de Helepe sofreram um ataque de garimpeiros que resultou em um indígena gravemente ferido e na morte de um garimpeiro. No passado recente, situações similares resultaram em chacinas como a de Haximu, em 1993, primeiro caso de genocídio reconhecido no Brasil.
O documento, assinado pela Hutukara Associação Yanomami e Associação Wanassedume Ye’kwana, demanda uma série de providências às autoridades e órgãos públicos, com destaque para a apresentação urgente de um plano integrado de desintrusão total do garimpo na TI Yanomami, a retomada de operações periódicas na Terra Indígena para destruição da infraestrutura clandestina instalada e o avanço das investigações para identificar e responsabilizar os atores da cadeia do ouro ilegal. Bloomberg, Deutsche Welle, Folha e O Globo deram mais detalhes.
Em tempo: Mundurukus pró-garimpo atacaram a sede de quatro associações de sua própria etnia contrárias à atividade mineradora em Jacareacanga (PA). Um dos principais alvos foi a Associação das Mulheres Munduruku Wakoburun. Segundo Fabiano Maisonnave na Folha, lideranças munduruku relataram que estão escondidas, com medo de novas ameaças. Entre os grupos criminosos responsáveis pelo ataque, estão forasteiros não-indígenas, que intensificaram sua atuação na região nos últimos tempos para aliciar mundurukus para o garimpo. Em nota, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) condenou o episódio e defendeu “medidas efetivas e rápida apuração do governo em razão dos prejuízos financeiros e danos psicológicos” causados à comunidade Munduruku.
Fonte: ClimaInfo
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