O governo dos EUA convidou diversos Chefes de Estado e de governo que estarão em Nova York na próxima semana para um novo encontro internacional sobre clima, na esteira da cúpula realizada pela Casa Branca em abril passado. Jair Bolsonaro foi um dos convidados para a reunião, mas Eliane Oliveira informou n’O Globo que ele não participará da conversa. O Planalto justificou a ausência alegando que o convite teria sido enviado “em cima da hora”, o que impediu a inclusão do evento dentro da programação de Bolsonaro para a Assembleia Geral da ONU.
Na 4ª feira (15/9), Joe Biden confirmou a realização de um encontro do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima (MEF) no dia 17, com o objetivo de “enfatizar a urgência e os benefícios econômicos de uma ação climática mais forte” e convencer os governos a assumir compromissos mais ambiciosos de redução das emissões de carbono antes da COP26, em novembro. De acordo com o Estadão, outra expectativa do governo norte-americano com o encontro é pressionar os grandes emissores de metano, como o Brasil, a aceitar uma meta global de redução de 30% das emissões desse potente gás de efeito estufa até 2030. AFP e NY Times deram mais detalhes sobre a reunião.
Certamente, a recusa de Bolsonaro em participar do encontro com Biden sobre o clima não ajudará a reduzir o mau humor internacional com o governo brasileiro. No Financial Times, Michael Pooler explicou como a situação está incomodando os principais empresários do PIB brasileiro, que já sentem os efeitos nas exportações. A péssima gestão da pandemia e os ataques recentes às instituições democráticas pioraram as expectativas do Big Business, que começa a olhar para outros nomes alternativos na disputa presidencial de 2022.
“Há dois Brasis convivendo ao mesmo tempo na pauta do meio ambiente”, escreveu Míriam Leitão n’O Globo. “De um lado, o governo Bolsonaro com uma agenda velha, que avança no desmatamento, apoia grileiros e garimpeiros. O outro Brasil está na sociedade. Há várias iniciativas com a coalizão de empresários do agronegócio e industriais, unidades nacionais e estrangeiras, ONGs e instituições científicas [com foco na questão ambiental]”.
Em tempo: Planalto e Itamaraty trabalham para que o discurso de Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU no próximo dia 21 transmita comprometimento com a preservação ambiental. Para tentar diminuir a animosidade internacional em relação ao Brasil, o discurso deve se alinhar à agenda que Biden e o resto do mundo têm cobrado do Brasil: desenvolvimento sustentável, com enfoque na mudança do clima e no combate ao desmatamento. Pelo menos é o que dizem assessores do Planalto, a ver.
Fonte: ClimaInfo
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