A médica dermatologista Luana Souza de Aguiar Lourenço dedicou o sábado para atender os moradores. “Faço trabalho social desde antes de me tornar médica, é uma maneira que a sociedade encontra de mitigar um pouco essa discrepância que a gente tem no nosso país. É uma mistura de sentimentos, uma sensação de estar feliz por colaborar e ao mesmo tempo de que está ‘enxugando gelo’, porque não está fazendo o suficiente, de tentar fazer o melhor que a gente pode”, disse a médica. “Eles estão num contexto muito complicado, acabaram de ter uma super cheia. Como é que eu vou falar de saúde da pele se a pessoa tá num lugar que não tem saneamento, que a água tá invadindo a casa, eles moram todos aglomerados, até oito pessoas em um cômodo. Como ter saúde da pele desse jeito? Então, dentro do que a gente pode, a gente tenta diminuir um pouco aquele incômodo, aquela coceira, mas a gente sabe que a gente vai tratar e que daqui a pouco vai voltar, porque o ambiente é favorável. É propenso, mas também não fazer nada não é a solução”, relata a médica.
Fabíola Abess
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O Barco-Escola SENAI Samaúma II aportou ontem, 10, na Comunidade de São Francisco, no município de Careiro da Várzea, a 55 quilômetros de Manaus, com os voluntários da Ação Social Integrada do Polo Industrial de Manaus que levaram uma série de ações solidárias para a população severamente atingida este ano pela cheia histórica do Amazonas. No local houve distribuição de mais de 600 cestas básicas, kits com material escolar e de higiene pessoal para os comunitários. A equipe médica realizou mais de 120 atendimentos com especialistas da pediatria, clínica-geral e dermatologia. Também foi realizada palestra sobre saúde e uma oficina de customização de camisetas.
A coordenadora da Ação e responsável pela área de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) e Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), Régia Moreira Leite, comemorou os resultados da ação no Careiro da Várzea. Todo o material doado foi entregue e todas as vagas para atendimento preenchidas.
“Termino o dia com um sentimento de gratidão imensa, gostaria de ter atendido muito mais, porque tem muita gente necessitada, é uma comunidade de mais de 660 famílias que sofre muito durante boa parte do ano com a cheia. Foram mais de 10 toneladas de alimentos. É a primeira ação que a gente faz nesse molde: pega um barco e traz o atendimento dos voluntários para a população, não posso deixar de agradecer ao nosso presidente Antônio Silva, ao apoio da Federação e do Centro da Indústria e de todas as empresas parceiras que fizeram isso acontecer, é um dia de graça, um dia de voltar renovado pra casa com tanta energia boa, tanto sorriso no olhar das pessoas, cada criança e cada mãe que nos agradeceram”, disse Régia Moreira.
O diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Amazonas), Rogério Pereira, disse que foi gratificante colaborar com a ação da indústria em benefício das pessoas carentes no município. “No momento da distribuição, mais perto das pessoas, é que a gente percebe o quão importante essa ação se configura. É uma mobilização de resultado muito grande para as pessoas carentes do município”, observou.
O Samaúma II também levou as instrutoras Maria Albanira Pena e Maria Celeste de Souza da Oficina de Customização de Camisetas, que atendeu 15 moradoras da comunidade, entre elas a dona de casa Simone Ipuxima da Silva, 37, que viu na experiência uma boa oportunidade de renda para a família, principalmente porque não pode trabalhar fora, por ter uma filha com leucemia e que depende dela. “Gostei muito da oficina, vai ser uma ajuda imensa, vou fazer e vender”, afirmou.
Maria Celeste lembrou que a oficina é uma oportunidade para empreender, usando a criatividade e o que se tem em casa, como retalhos, linhas de costura e sementes muito comuns na região. “Ensinamos a fazer fuxico, usando apenas retalhos, linhas e pedrarias, sendo que as pedrarias podem ser substituídas por sementes tranquilamente, dando um toque especial às confecções”, disse a instrutora.
Soma de esforços
Voluntários somaram esforços com participação especial de militares da Marinha. A colaboradora do Serviço Social da Indústria (SESI Amazonas) e voluntária Evelyn Medeiros, disse que a maior satisfação é ver o sorriso das pessoas, mesmo com as máscaras, o que faz com que se sinta feliz em ter contribuído.
A médica dermatologista Luana Souza de Aguiar Lourenço dedicou o sábado para atender os moradores. “Faço trabalho social desde antes de me tornar médica, é uma maneira que a sociedade encontra de mitigar um pouco essa discrepância que a gente tem no nosso país. É uma mistura de sentimentos, uma sensação de estar feliz por colaborar e ao mesmo tempo de que está ‘enxugando gelo’, porque não está fazendo o suficiente, de tentar fazer o melhor que a gente pode”, disse a médica. “Eles estão num contexto muito complicado, acabaram de ter uma super cheia. Como é que eu vou falar de saúde da pele se a pessoa tá num lugar que não tem saneamento, que a água tá invadindo a casa, eles moram todos aglomerados, até oito pessoas em um cômodo. Como ter saúde da pele desse jeito? Então, dentro do que a gente pode, a gente tenta diminuir um pouco aquele incômodo, aquela coceira, mas a gente sabe que a gente vai tratar e que daqui a pouco vai voltar, porque o ambiente é favorável. É propenso, mas também não fazer nada não é a solução”, relata a médica.
Moradora da comunidade há 15 anos, Elenize Simões, 33, mãe da pequena Ivy Lavigne, 2 anos e 7 meses, disse nunca ter visto ação social que tenha levado especialistas como dermatologista e que, ao saber, não deixou de comparecer e levar sua filha para uma consulta. “Saí muito satisfeita com o atendimento recebido, médica muito atenciosa, e que me tranquilizou com a saúde da minha filha, vou seguir o receituário e tenho certeza de que o problema será resolvido”, disse ela.
Cestas básicas e kits escolares
Um dos agraciados com a cesta básica, Manoel Nascimento, de 59 anos, estava acompanhado da filha Sebastiana Santos, 30, e seus seis filhos. “Ações como essa nos ajudam e muito, aqui está tudo difícil, vivemos da pesca, e com a cheia pegamos poucos peixes, o máximo que conseguimos fazer de renda é R$ 20 a R$ 30, a gente tira nossa alimentação daí”, disse o pescador.
Francilene Duarte, 30, e Ana Clara da Silva, 25, ganharam cestas básicas, cada uma acompanhada de dois filhos, que receberam kits escolares formados por lápis de cor, giz de cera, baralho educativo e cadernos, graças à parceria Impram, Copag e Bic para as doações. “Gostei muito da ação, tudo foi muito rápido, além da cesta e dos kits para meus filhos, tirei minhas dúvidas com a dermatologista”, frisou Duarte.
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