O ‘Global ESG Disclosure Standards for Investment Products’ estabelece parâmetros que permitem comparação entre produtos para separar maçãs de laranjas.
Em meio à profusão de produtos de investimento ESG mundo afora — e boa dose de greenwashing –, o mercado finalmente tem o primeiro padrão independente global para que gestores de fundos informem ‘o que tem dentro’ dos produtos vendidos como investimentos sustentáveis.
O respeitado CFA Institute divulgou ontem o seu ‘Global ESG Disclosure Standards for Investment Products’, que estabelece parâmetros de transparência e comparabilidade entre produtos que os gestores poderão seguir, ajudando a separar maçãs de laranjas. O padrão nasce depois de um processo de consultas públicas em agosto do ano passado e de uma primeira minuta divulgada no primeiro semestre.
As regras são de adoção voluntária, mas, dado o peso do CFA no mundo todo quando se trata de certificar profissionais de investimento, a expectativa é que sejam amplamente aceitas e sirvam de base para outros padrões e regulações nacionais. Segundo o CFA, a ideia não é se sobrepor a normas dos países, mas complementá-las.
“Embora existam regulamentações diferentes nos mercados globais para abordar a transparência para os investidores em questões ESG, é extremamente importante que exista uma abordagem global harmonizada para permitir a proteção do investidor”, disse em nota Paul Andrews, diretor de pesquisa, advocacy e padrões do CFA.
“Além disso, essa regulamentação nem sempre cobre de forma abrangente todos os participantes do mercado. Os padrões [do CFA] atendem a essas necessidades do mercado em uma escala global, facilitando divulgações importantes que conduzirão a uma maior comunicação entre os compradores de produtos de investimento e um número cada vez maior de fundos e estratégias de marketing da indústria que oferecem uma abordagem centrada em ESG”, completou.
Rodrigo Tavares, CEO do Granito Group, empresa de consultoria em ESG, elogia a qualidade do trabalho do CFA, mas faz a ressalva de que, com o volume de recursos em ativos ditos ESG crescendo em alta velocidade, padrões baseados em princípios ou em transparência já não são mais suficientes.
“O que precisamos são standards rules-based, que estabelecem critérios mínimos que precisam ser seguidos pelos gestores para que os seus fundos sejam considerados responsáveis ou sustentáveis. Estamos criando uma indústria financeira ESG trilionária em cima de bases muito inseguras”, diz Tavares.
O especialista está liderando o processo para criação de um padrão para classificar e rotular fundos que utilizam critérios ESG no Reino Unido. O padrão também não será mandatório.
As diretrizes do CFA
A padronização do CFA se aplica a diversas classes de produtos, como fundos de investimento, ETFs, produto de previdência etc; e de ativos, como ações, dívida privada, infraestrutura e imobiliário.
Na prática, as regras do CFA definem o que o gestor deve informar e como as informações devem ser apresentadas aos investidores, caso seu produto siga diferentes estratégias ESG, como integração ESG, filtro negativo, best-in-class ou filtro positivo, engajamento, investimentos temáticos e investimento de impacto. Essas diferentes abordagens não são excludentes e um mesmo produto pode conter duas ou mais delas. As regras do CFA contemplam tanto estratégias de gestão ativas quanto passivas.
Os padrões se aplicam a cada produto, e os gestores poderão escolher quais produtos querem adequar às regras. Também poderão optar por contratar um terceiro que valide de forma independente a aderência de determinado produto aos padrões.
Veja a íntegra do padrão do CFA aqui.
Fonte: Capital Reset
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