“O que temos hoje é algo como um levantador no vôlei, que repassa a bola no meio do time inteiro e ninguém sabe quem tem que cortar. A Suframa tem levantado os tributos, mas quem vai transformar a arrecadação em ação para desenvolver? Quem de fato se importa com a Amazônia?”
Augusto César
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A Suframa tem sido um órgão gestor brilhante: discreto, superavitário e admirado pela sociedade local. Quando arrecada recursos expressivos, divide esta riqueza com o restante do país. Cordata e disciplinada junto aos Ministérios que a comandaram ao longo da história. Tudo o que se espera de uma Autarquia Federal. Um verdadeiro exemplo, se observada de cima para baixo ou de baixo para cima.
Todavia, será que é este papel que a Amazônia Ocidental precisa? Em nosso inconsciente coletivo, ao refletir sobre a região, todos desejaríamos uma instituição completamente diferente do que ela é, mas isso seria impossível e inviável. Seu papel é frio e feito tal qual mandam as regras e os bons costumes vigentes. Gostaríamos que fosse um órgão de desenvolvimento, mas não é. E não poderia ser, pois não vem sendo conduzida para isso.
Então, o que salta aos olhos neste aniversário de 54 anos é que falta uma instituição que lidere o desenvolvimento regional. Esta Autarquia do imaginário poderia ser a SUDAM, mas também está um pouco longe deste papel, com suas limitações próprias, tanto orçamentárias, quanto de efetivo poder institucional para a concepção e viabilização de políticas públicas além das arrecadadoras.
Inpa e CBA também poderiam se arvorar neste papel. Todavia, uma possui um desafio hercúleo e outra possui mais do que os trabalhos de Hércules para se viabilizar. Estão distantes de uma operação de gestão executiva, sendo braços de Pesquisa, distantes de concepções ou projetos que desenvolvam a Amazônia. Cada uma se dedica aos seus próprios problemas, advindos de operações específicas, complexas ou reducionistas.
Precisamos de um think tank regional (laboratório de ideias, gabinete estratégico) para fazer este papel do imaginário de todos nós. Falta-nos uma entidade que conceba, elabore e estabeleça diretrizes sistêmicas reais de políticas públicas para a grandeza, diversidade e importância estratégica da região Amazônica. O que temos hoje é algo como um levantador no vôlei, que repassa a bola no meio do time inteiro e ninguém sabe quem tem que cortar. A Suframa tem levantado os tributos, mas quem vai transformar a arrecadação em ação para desenvolver? Quem de fato se importa com a Amazônia?
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