Explicitamos, também, que o desmatamento não pode ser um deplorável e predatório mecanismo de sobrevivência para parcelas significativas da população da Amazônia. Nosso propósito como conglomerado de investidores e trabalhadores é manter a floresta em pé e gerar riquezas que permitam sua utilização sustentável e renovável.
Por Paulo Takeuchi
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Há 45 anos, quando o programa Zona Franca de Manaus – este acerto “economicamente viável, politicamente correto, socialmente justo e ambientalmente sustentável”, como dizia Samuel Benchimol – começou a se expandir na direção da indústria, o mundo atravessava uma de suas grandes crises do petróleo. Eram os anos 70, momento em que o planeta se deu conta de que esta fonte energética não era renovável. E o que seria pior: a perspectiva de sua escassez deixou o mundo em estado de pânico. Ou fomos vítima de uma manobra comercial com estratégias de paranoia social que provocou – do dia pra noite – um aumento de 400% no preço do barril de petróleo, deixando a economia global de pernas pro ar.
Todas as formas de redução dessa dependência energética passaram a ser priorizadas e ou inventadas pelo imperativo criativo atrás de saídas. Uma delas ocorreu com muito destaque no Brasil com o Programa do Álcool e do Óleo Combustível. A outra sacada foi a expansão dos veículos de duas rodas, mais econômicos, no caso das motocicletas e, absolutamente independentes do petróleo, no caso das bicicletas.
Foi assim que surgiu, de forma arrojada e promissora, a iniciativa da fabricação intensiva dessa modalidade de transporte na Amazônia. De transporte e do progresso, em cima de duas rodas, no contexto do desafio constitucional de redução das desigualdades regionais do Brasil. A fabricação de bicicletas, triciclos e motocicletas no Polo Industrial de Manaus, portanto, se constituiu num grande acontecimento de geração de emprego, renda e oportunidades, em pleno coração da floresta amazônica. De quebra, essa indústria se integrou no desafio da proteção florestal.
Temos orgulho de, assim operando, ajudar a reduzir essas inaceitáveis diferenças socioeconômicas entre o Norte e o Sul do Brasil. Demonstramos assim que duas rodas fazem muito bem ao país e que elas se somam a tantos outros serviços que nossa região presta ao Brasil e ao clima do planeta. Ao oferecer milhares de empregos e fabricar veículos que utilizam pouco ou nada de combustíveis fósseis, colaboramos para o mundo respirar melhor.
Uma das primeiras decisões da recente Conferência da ONU em Glasgow, na Escócia (COP26), foi comprometer a comunidade internacional no desafio da redução radical do desmatamento. Ora, esse compromisso é inerente às atividades industriais das empresas associadas à ABRACICLO (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas) Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, há 45 anos. Explicitamos, também, que o desmatamento não pode ser um deplorável e predatório mecanismo de sobrevivência para parcelas significativas da população da Amazônia. Nosso propósito como conglomerado de investidores e trabalhadores é manter a floresta em pé e gerar riquezas que permitam sua utilização sustentável e renovável.
Com a floresta em pé, é possível assegurar a dinâmica milagrosa da fotossíntese, que fixa o carbono e amplia a emissão de oxigênio, propiciando o ciclo da evapotranspiração florestal, que transporta os recursos hídricos em estado gasoso para outras regiões do Brasil e do Continente, os chamados Rios Voadores. São eles que abastecem – quando combatemos o desmatamento – os reservatórios de água e o ciclo das chuvas que viabilizam as hidrelétricas do Sudeste e o agronegócio do Centro-Oeste.
Fazemos tudo isso, utilizando menos de 8% da compensação fiscal que o Brasil direciona para desenvolver regiões remotas, dentro de um programa de desenvolvimento regional, o mais bem sucedido da história da política fiscal da República. Longe, portanto, de sermos os responsáveis pelos desequilíbrios fiscais do Brasil, deixamos definitivamente claro que nossas empresas não utilizam um centavo dos recursos públicos, ou seja, não temos bolsa-empresário nem recursos a fundo perdido. Muito pelo contrário, integrado e destacado da malha fabril instalada em Manaus, ajudamos o Amazonas a dizer presente entre os cinco estados da federação que mais recolhem impostos aos cofres federais. No âmbito estadual, a indústria de Manaus mantém integralmente a Universidade do Estado do Amazonas e recolhe aos cofres fazendários mais de um bilhão de reais para interiorização do desenvolvimento e fomento de micro e pequenas empresas.
Fabricando bicicletas, triciclos, motocicletas, transportamos vidas e a esperança de tudo se ajeitar nesta região que tem tudo para criar um novo e permanente ciclo de prosperidade para o Brasil. Passado quase meio século de contribuições e compromissos com a construção dessa prosperidade, estamos escrevendo, com entusiasmo redobrado, uma história de luta pela consolidação industrial, social, econômica, cultural e ambiental da Amazônia e de sua inserção na galeria desta promissora civilização chamada Brasil.
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