“Enquanto brindamos a teimosia e a gritaria pelo direito de trabalhar, queremos perguntar aos candidatos à gestão municipal: quais são seus compromissos com Manaus e com os recursos aqui gerados em nome e para usufruto dos direitos civis?”
Wilson Périco
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Sem fechar os olhos para os nossos conflitos e paradoxos, vamos celebrar Manaus, sua história, nossas vidas aqui repartidas. Vamos celebrar as lutas e também nossas conquistas, nesta cidade apinhada de oportunidades e de dificuldades. Apesar de tantas provações que nossa população atravessa, especialmente com as mazelas deixadas pela Covid-19, isso não nos deve impedir de festejar as pessoas, o povo festeiro e hospitaleiro que sabe enfrentar seus desencantos, sua dor e suas perdas. E é óbvio que não podemos negar a gravidade de uma calamidade que ainda persiste. Importante é que essa celebração seja também uma reflexão. Por isso, não podemos esquecer, muito menos descuidar das agruras que habita a periferia esquecida de nossa Manaus. E quem nos faz mal senão nós mesmos? Sem querer estragar prazer, precisamos explicar essa afirmação.
Dever de casa
Temos escolhido o poder federal por conta do tamanho que a compulsão fiscal tem nos mordido nos últimos 20 anos, a ponto de nos levar 74% dos recursos aqui gerados para atender a demanda nacional, supostamente. Entretanto, a gestão pública no âmbito estadual e municipal precisam dizer, exatamente, como são usados os recursos pagos pela indústria. Por que esses recursos não chegam na ponta civil? E é evidente que não chegam. Basta aferir os indicadores do desenvolvimento humano. Alguém não está fazendo seu dever de casa.
Lições e atribuições
Acolhedor como pouca gente pelo mundo afora, o manauara, quanto mais simples ele for mais sabe acolher. Isso serve de lição popular para o poder público. Quem quer receber visita de peso arruma a casa. Se queremos mais investidores temos de transformar o Distrito Industrial num brinco de recepção. Ruas e avenidas bem pavimentadas, iluminação pública, limpeza, sinalização, paisagismo coerente com a importância socioeconômica de uma cidade que é Industrial e gera mais de 80% da economia do estado e mais de 50% da receita municipal. É uma reza do Pai Nossa especialista em repetir o verso do venha nós. Os tratores só rugem se a Suframa corre atrás do recurso.
Pesada e perdulária
Concordamos sobre a necessidade das matrizes para o Estado? A indústria já paga mais de R$800 milhões/ano para o Fundo de Turismo e Interiorização. Não precisamos de Brasília para melhorar os IDHs constrangedores do interior. Dos recursos pagos pela indústria o único legado que permanece é a Universidade do Estado do Amazonas, onde o mantenedor não tem assento no Colegiado que deveria gerir a partilha e a prioridade desses recursos. Todos os fundos e contribuições são a contrapartida da Indústria para a sociedade não para custeio da máquina pública. Quanto à União, que leva de Manaus 74% da riqueza que ela produz, é importante alertar na direção do preceito constitucional que nos nos concede 8% de contrapartida fiscal justamente para reduzir as desigualdades entre Norte e Sul do país.
Celebrar a vida de Manaus
Neste momento de festas, nossa salva de palmas para trabalhadores e investidores, que tocam o barco da economia e do emprego adiante, a despeito de banzeiros e temporais, provocados por aqueles que fazem benemerência eleitoreira com o chapéu deles. Enquanto brindamos a teimosia e a gritaria pelo direito de trabalhar, queremos perguntar aos candidatos à gestão municipal: quais são seus compromissos com Manaus e com os recursos aqui gerados em nome e para usufruto dos direitos civis? E aos eleitores, que têm a chance de escolher, que escolham Manaus, escolham para dirigir a cidade aquele que já fez e não os que tiveram a chance de fazer e se omitiram. Não escolha quem faz mal a Manaus, eles estão sempre muito mal acompanhados. Vejam nossos transportes coletivos, os serviços básicos da cidadania, saneamento, saúde e educação. Vamos votar e acompanhar a vitória de Manaus, de nossa gente e da gestão transparente dos recursos pertencentes aos despossuídos. Vamos celebrar a vida de Manaus!!!
Hino de Manaus: quem conhece?
Aproveito para recuperar uma peça musical de homenagem a Manaus de 1891, de autoria do coronel Thaumaturgo Sotero Vaz. Uma beleza de coral da Polícia Militar com um de pianista impecável. Parabéns, Manaus, parabéns a todos os Manauaras que aqui nascemos ou chegamos. Somos todos Manaus!!!
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