A destruição da Amazônia continua comprometendo a imagem do Brasil lá fora – e os negócios internacionais. Nesta semana, o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, relatou em suas redes sociais: “Minutos atrás, falei com a chanceler alemã, Angela Merkel. O acordo está avançando, embora não com a velocidade esperada”, afirmou. “Questões ambientais e processuais [além da pandemia] ainda precisam ser resolvidas. Concordamos em acompanhar nossas equipes e avaliar os resultados”, publicou Lacalle Pou nas redes sociais.
A Exame lembrou que a postura do governo Bolsonaro no combate ao desmatamento na Amazônia tem sido apontada por movimentos políticos ambientais europeus como um dos motivos pelos quais a Europa não deveria fazer um acordo com o Mercosul.
Paralelamente, a ministra da agricultura da Alemanha, Julia Klöckner, se posicionou contra a conclusão do acordo em seus moldes atuais durante encontro de ministros da Agricultura dos Estados-membros da União Europeia (UE). Segundo a agência de notícias alemã Deutsche Welle (DW), reproduzida aqui pelo Globo Rural, a ministra destacou o avanço do desmatamento na Amazônia e afirmou que os agricultores europeus iriam competir com alimentos produzidos de forma prejudicial para o meio ambiente. Será que produzir destruindo o ambiente é o que o governo considera a tal da competitividade do agro nacional que o pessoal de fora quer boicotar?
Por aqui, em conversa com Daniela Chiaretti e Fabio Murakawa, do Valor Econômico, o novo embaixador da Alemanha, Heiko Thoms, disse que essas questões escalaram a agenda europeia com líderes e parlamentares pressionados pela opinião pública alemã. Ele ressaltou que o futuro tanto do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, como o Fundo Amazônia, dependem somente de resultados concretos que o governo brasileiro consiga entregar em relação à alta do desmatamento da Amazônia e à contenção dos focos de queimadas.
Uma das opções que a Europa teria para lutar pela preservação do meio ambiente e da Amazônia seria emitir um alerta ao Tribunal Penal Internacional sobre a situação do desmatamento no Brasil. A referência faz parte de um documento de análise do Parlamento Europeu que aponta que o que acontece no Brasil poderia ser qualificado de “crime contra a humanidade”.
Em sua coluna no UOL, Jamil Chade conta que deputados que conversam na condição de anonimato ressaltaram não se tratar de uma proposta concreta ou de uma decisão. Mas o fato de a ideia constar do documento oficial de análise revela que a opção não está descartada. Como o jornalista lembra, queixas contra o governo Bolsonaro no Tribunal já existem. Mas essa seria a primeira a vir de um ator estrangeiro.
Fonte: Climainfo
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