Aos Amigos da Imprensa
É um momento onde temos muitos candidatos e uma difícil comparação pelo eleitor. É o momento para a imprensa atuar. Sem a atuação da imprensa, esta eleição será a pior da história de Manaus. Dependemos de vocês, para subirem o tom do debate para o que é necessário. De outra forma, seremos conduzidos para uma triste espiral. Conto com vocês… E, sem querer ensinar pai-nosso para vigário ou jornalismo para jornalista, para o não dito no texto, peguem dois especialistas de cada tema e peçam para comentar cada proposta – pontos fortes e fracos. Só a imprensa para nos salvar de nós mesmos.
Augusto César Barreto Rocha
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Como em uma casa ou um condomínio, em uma cidade são inúmeros os problemas a serem enfrentados. Entretanto, nem a imprensa, nem a população, nem os candidatos para o cargo de Prefeito de Manaus debatem os problemas com a densidade e profundidade que eles merecem, para podermos comparar as diferentes propostas de cada um e chegar ao melhor para a cidade, sob a ótica dos moradores. E vale observar que esta deve ser a Eleição mais importante de todas, pois gastamos a maior parte de nossas vidas em nossa própria cidade, no trânsito, nos hospitais, nas escolas, praças e calçadas. Ou seja, esta deve ser (ou deveria ser) a eleição mais importante de todas.
Da enorme quantidade de candidatos não se vê nenhuma comparação sobre a proposta para os principais problemas da cidade. Que seja uma listazinha: (a) Como enfrentar o problema dos ônibus? (b) Como enfrentar o problema do trânsito? (c) Como enfrentar a questão da Educação Básica, enquanto não houver vacina? (d) Há alguma proposta para feiras? (e) Há o que ser feito na área da “Manaus Moderna”? (e) Para onde e como é a Manaus do futuro? (f) O que pode ser feito com os Parques e Praças? (g) Qual é a Manaus dos seus sonhos – a partir da perspectiva das obras que poderão ser feitas com o orçamento que existe? A lista é quase interminável e poderia ser montada por cada veículo de comunicação, com uma abordagem própria e compatível com seu olhar e especialidade. Exigir as respostas com densidade – um tema por dia, sumarizar o que foi dito e comparar, ao final, as diferenças entre os candidatos.
Quais possuirão respostas genéricas do tipo “vamos melhorar o transporte com mais ônibus” ou as respostas do tipo específica, mas incompleta ou irreal “o projeto de BRT será finalmente implantado com um orçamento estimado de R$ 10 milhões, no corredor Norte-Sul no primeiro ano de governo” ou ainda melhor “será criado um novo sistema de linhas de ônibus, que usem faixas exclusivas e não tenhamos no mesmo corredor ônibus circulando na outra faixa, será adotada a possibilidade de troca de ônibus dentro de terminais de integração, com um BRT em corredores Norte-Sul, Leste-Oeste e em um outro que considere o Distrito Industrial e conexões da Zona Leste com o Centro da cidade, um modelo saudável para todos os usuários e empresas, removendo os entraves das parcerias-público-privadas nas construções de terminais”.
Enquanto a sociedade, por meio da imprensa, representações de comunidades e empresariais não começarem a pautar as campanhas desta forma, seguiremos com os candidatos olhando para seu problema: como enganar mais gente, mais rapidamente? Não. Como envolver mais gente, mais rapidamente? Não. Cancelando o dito: como convencer mais gente mais rapidamente? Daí, surge a campanha que vemos: passado x presente x futuro. Partido A x Partido B. Apoio de Fulano x Beltrano. Vou fazer a Manaus dos seus sonhos! Ficamos na rede de fofocas e longe dos problemas reais. Ficamos nas promessas vazias. Ficamos no vazio. Precisamos evoluir da fofoca para a gestão pública e os candidatos apenas estão espelhando o que a sociedade tem exigido deles. Ou seja, a culpa nunca é “deles”, mas de todos nós (ou da maioria de nós) que se afeiçoa mais a fofoca do que ao trabalho.
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