Muito antes de surgir o anúncio liberal como política econômica do governo do Brasil, o Cieam tem insistido na questão crucial da infraestrutura. Fizemos estudos, pesquisas, desenhamos cenários para mostrar os danos da competitividade com a precariedade da infraestrutura. Seja lá para onde for a tendência dos novos negócios, ou a manutenção dos existentes, a verdade é que não podemos depender quase que exclusivamente de uma alternativa como ocorre hoje. A obsolescência tecnológica é implacável e bate à porta. Por isso, o empresário Jaime Benchimol, juntamente com o presidente deste Cieam, Wilson Périco, tem alertado de várias formas sobre a urgência de criarmos modulações econômicas que pudessem promover a independência progressiva do modelo ZFM. Entretanto, para onde nos dirigirmos com essa determinação, vamos precisar de recursos humanos bem treinados e, notadamente, de infraestrutura de energia, transportes e comunicação para sair do lugar.
Estratégias inócuas
Já tivemos ministro de transportes, de energia e empenho do Comando Militar da Amazônia para encaminhar a questão. Mesmo assim, os avanços foram tímidos pois estes itens ainda pesam e desestabilizam as planilhas de custo. Alguns fatos nos sugerem que temos usado estratégias inócuas. Uma delas é sensibilizar a classe política para pressionar o orçamento do governo central, à luz das contribuições fiscais do Amazonas. Chegamos a propor de várias formas que 3% ou 5% do faturamento do PIM fosse destinado a esse fim. Chegamos a alegar que a competitividade implicaria em aumento da receita para o insanável tesouro fiscal. E o que nos resta fazer senão o que fizeram recentemente os governadores da Amazônia, diante da recusa do governo federal em receber fundos internacionais de proteção da floresta. Este é um caminho para parcerias público/privadas com parceiros nacionais ou estrangeiros. Foi assim que o Arco Norte, com projeto e vontade política, conseguiu não apenas desobstruir o tráfico portuário do Sudeste como solidificar uma nova frente de grandes negócios com escoamento do agronegócio.
Novas matrizes de negócios
O economista Jaime Benchimol lembra que o PIM (Polo Indústria de Manaus) fatura cerca de R$80 bilhões/ano e agrega em valor regional cerca de 20% a 25% e R$16 a R$ 20 bilhões à economia do Amazonas. Na voragem liberal ele estima que metade das indústrias irá resistir e assim precisamos substituir algo como 50% ou R$10 bilhões em valor agregado. O primeiro atrativo é a mineração que pode gerar cerca de R$6 bilhões de valor agregado adicional com a exploração de petróleo, gás, estanho, calcário, potássio, ouro, caulim, nióbio, urânio, tântalo, terras raras, etc. É claro que isso demandará maturação e não terá o condão de chegar nem perto da performance do PIM para gerar emprego. Também aqui vamos depender mais ainda da infraestrutura.
Turismo e interiorização
Outra vocação é o turismo, que podemos multiplicar por quatro o número de turistas/ano (atualmente 200mil). Com isso, geraríamos R$ 2 bilhões de valor agregado. Fizemos muito pouco nessa área até aqui. Nossas principais âncoras são o Teatro Amazonas, construído na gestão Eduardo Ribeiro em 1896 e o Encontro das Águas, feito por Deus. O Festival de Parintins sobrevive com generosos subsídios. Temos outros ventos folclóricos e talento de sobra para gerar alegria, nem tanto para produzir tecnologia. Temos que preparar a cidade para destino de cruzeiros. Faltam observatórios de floresta, teleféricos, aquários, jardins botânicos, orquidários, zoológicos, serpentários, museus indígenas, museus de ciências naturais, observatórios de pássaros, zip-line, tirolesas, eventos aquáticos, caiaques, motonáutica, natação, corridas, trilhas, torneios de pesca de tucunaré etc.
Agricultura, comércio e serviços Além de tudo isso, temos vocações efetivas para agricultura, fruticultura, piscicultura e daí podemos amealhar R$ 1.5 bilhão em valor agregado pois o segmento de alimentos apenas no Amazonas adquire cerca de R$ 40 bilhões por ano em compras do restante do Brasil. Para aumentarmos a produção podemos estruturar corredores de agropecuários ao longo das estradas: BR 174, BR 319, AM 10, AM 70 que possuem boa pavimentação e eletrificação. A logística de grãos produzidos no Mato Grosso e destinados a exportação pode representar até R$ 1.5 bilhão adicionais de valor agregado se alcançarmos 10mm ton/ano de transporte e armazenagem. E há ainda os produtos extrativos da floresta, especialmente a madeira, que pode agregar até R$ 1 bilhão/ano se mudarmos a legislação ambiental que criou riscos e custos excessivos aos produtores.
A construção naval pode contribuir com até R$ 0.5 bilhão de valor agregado em produção de balsas, empurradores, embarcações de transporte e de lazer pois temos na Amazônia mais de 200 mil embarcações em circulação. Por último, devemos trabalhar para que instituições de apoio a geopolítica como o Comando Militar da Amazônia, a Base Naval e a Base Aérea se sintam acolhidas pois elas podem agregar cerca de R$ 1.5 bilhão anualmente a nossa economia. No total podemos chegar a um total de cerca R$ 13 bilhões e assim substituir mais da metade do que é anualmente gerado de valor pelo Polo Industrial de Manaus em um prazo de 10 a 20 anos.
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