O pronunciamento recente do ministro Paulo Guedes – sobre reforma fiscal envolvendo a ZFM num programa de economia de difusão nacional – provocou um alvoroço geral na tribo. Um dos setores mais alcançados foi o ‘Polo de Fabricação de Egos’, que tratou de procurar os culpados. Este é o polo onde, de certa forma, todos nós estamos integrados na medida em que não nos movimentamos para achar saídas. Preferimos promover a autopiedade. Têm-se revelado inútil essa pregação de que os inimigos são os outros. Gastamos nossa melhor energia nessa estratégia estéril.
Chamamos de inimigos da ZFM a quem tem dado provas inquestionáveis de amor ao Amazonas, dando testemunho diário de dedicação insistente ao desenvolvimento integral deste Estado tão pródigo de oportunidades. Aliás, precisamos ter muita clareza de argumentos para responder aos questionamentos sobre a ausência de alternativas de desenvolvimento econômico nos últimos 52 anos de contrapartida fiscal. Assim como já deveríamos ter desenhado os caminhos da nova economia para o Amazonas e para a Amazônia no novo cinquentenário que o Congresso Nacional nos brindou. Vamos ignorar que os produtos fabricados em Manaus tem prazo de validade extremamente curto considerando a velocidade da Indústria 4.0 que já bateu em nossa porta e perguntou se preparamos nossos jovens e nossas condições de acolhimento?
Espada de Dâmocles
Um dos alvos preferidos, por incrível que pareça, são exatamente os atores do setor produtivo que tem alertado historicamente sobre os riscos de dependermos dos caprichos de uma caneta. Há 6 anos neste espaço, o presidente Wilson Périco, que havia assumido a direção do Centro da Indústria tem alertado sobre aquilo que ele chamou de Novas Matrizes Econômicas. Um dos seus insistentes argumentos ainda não foi suficientemente assimilado. Para ele o Polo Indústria de Manaus virou a única fonte de geração de riqueza para sustentação da economia na geração de emprego e arrecadação de impostos. “É uma espada sobre nossas cabeças…”, tem repetido o empresário em todos os debates.
Proposta do Amazonas
O líder Wilson Périco – que coordenou recentemente a contratação de estudos de Ciências Econômicas, feitos pela Fundação Getúlio Vargas, para aferir impactos, efetividade e capacidade de oferecer oportunidades de novos negócios. “Chega de lamentação como se fôssemos coitados. Temos que exigir assento nas mesas de debate da política fiscal, industrial, ambiental e de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil. Temos com que contribuir, além dos recursos generosos que nos são confiscados. Se a União Europeia, a Organização Mundial do Comércio e a própria ONU reconhecem nossa contrapartida socioambiental, porque o Brasil faz questão de desmerecer esse desempenho? Não é porque o ministro A ou B nos desacata e voltou atrás reconhecendo nossos direitos e importância que vamos “esperar”, no sentido da acomodação, para ver o que vai acontecer”. Mãos à obra, disse ele, ao exortar o poder público – pois tem mandato popular para isso – para que mobilize a sociedade, os atores do setor privado, da mídia e da academia, para apresentar a proposta do Amazonas no contexto das mudanças que se impõem.
A verdade absoluta é que precisamos mudar…
A respeito da caça aos culpados, o professor José Alberto Machado, na mesma lógica de vigilância, chamou a atenção para os equívocos relacionados ao posicionamento do empresário Jaime Benchimol. Ele, de modo coerente e consistente – tem convidado as lideranças empresariais, incluindo atores mais visionários do poder público, para tomarmos o destino do Amazonas em nossas mãos. Esses empresários, Périco e Benchimol, disse José Alberto, em conversa com a Follow-Up, não poupam oportunidades para desfraldar essa bandeira. No caso da família Benchimol, aliançados com todos os que chegaram de forma pioneira para promoção de novas fontes de riqueza, e que aqui desembarcaram para fincar raízes, as manifestações merecem acolhida e sagrado respeito, pois são empreendedores que assoalharam o chão da prosperidade. Ele mencionou um artigo recente de Jaime Benchimol sobre as oportunidades que se apresentam a partir de um novo cenário federal a favor do capitalismo e da liberdade de iniciativas, e que coincide com o que todos nós recomendamos para o futuro do estado. Aquela conversa de tomar o destino em nossas mãos, é totalmente compatível com um ambiente novo de liberdade. Será que, de coração sincero, indagou o professor Alberto, alguém defende a manutenção de um pilar único de sustentação da nossa economia baseado exclusivamente no polo industrial de Manaus.
Somos algozes de nós mesmos? Jaime e Wilson foram dois promotores da investigação sobre a efetividade da ZFM. Ambos pleiteiam a necessidade de métricas, não apenas para ilustrar nossos acertos, mas também para que todos possam reconhecer nosso direito de promover a prosperidade. Resgatamos aqui o posicionamento de outro professor, Augusto Rocha, que tem um pé no chão da fábrica e é doutor em Engenharia, que teve a coragem de dizer que somos nossos próprios algozes. Em publicação recente, ele sentenciou: “O que gostaria de ver além, de uma forte união contra os inimigos da ZFM, seria um forte desejo e um conjunto de ações para sair da crise. Gostaria de ver uma ampla união a favor de nosso desenvolvimento e contra todos os desperdícios de oportunidades. Por que ainda não vemos ninguém nesta direção? Por que todos falam dos problemas de infraestrutura e logística, mas não se faz nada? Quais os interesses que nos prendem a um passado que não voltará? Somos vítimas de nós mesmos e de nossa incapacidade de agir no presente para a construção de um futuro melhor”.
Consultado por esta Coluna, a respeito dos dedos apontados na direção daqueles que nos alertam, ele lembrou que Jaime, em agosto último, durante a Conferência Internacional sobre Gestão da Amazônia, teve a coragem, num fórum acadêmico e cheio de ambientalistas equivocados, de dizer que é favorável que nos utilizemos uma parcela maior de floresta do que está sendo usada hoje em nosso estado para aproveitamento econômico. Se hoje estamos usando 2% ou 3% da superfície do estado, preservando 97% de forma intocável, ele defendeu que esse percentual é exagerado, alto demais e nos impõe um custo muito grande. Jaime não radicaliza na direção de usar os 20% que a Lei permite e sim mais 2 ou 3% seriam suficientes para criar vetores importantes para nossa economia. Pensadores como esse precisam ser tratados com tapete vermelho, diz o professor Augusto, não o vermelho da coloração ideológica mas da paixão entre os amantes do Amazonas que se unem para celebrar parcerias inteligentes e permanentes na arena da prosperidade geral.
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