Estamos sem atualizar os indicadores da indústria desde janeiro deste ano. Ou seja, estamos impedidos de dizer se é publicidade ou é fato a afirmação do governo sobre o fim da crise. E não é só este o problema. As empresas têm passado, regularmente, suas informações de desempenho para a Suframa. Até porque serão penalizadas com a suspensão de seus cadastros se não o fizerem. Alega a Suframa que seu sistema está inoperante.
Ora, seus técnicos são perfeitamente aptos a recorrer ao velho e bom Excel para processar os tais indicadores de desempenho. O que não podemos é seguir voando às cegas. Isso impede Planejamento, prestação de contas, avaliação de percursos e satisfação ao contribuinte da contrapartida recebida. Insistimos na atualização de dados para seguirmos a navegar em sol de brigadeiro, transparente, coerente e prenhe de elucidação.
Temos sido alvos de frequentes ataques da mídia e se não falarmos a mesma linguagem, defender os mesmos argumentos, usarmos os mesmos dados e indicadores iremos oferecer munição para os tabletes alugados que produzem a futrica e a difamação.
Os buracos da desinformação
Desde 2013, este Cieam tem feito a divulgação de desempenho dos indicadores da indústria em moeda corrente no país, o real, e em moeda corrente no mercado internacional, o dólar. Não aceitamos as desculpas de que a omissões dos indicadores se dá por recusa em reconhecer os desempenhos negativos. Neste momento em que as adversidades se impõem, é a melhor hora do esclarecimento e da mobilização. Caso contrário, adotamos o padrão avestruz, optando pela escuridão que nos fragmenta o discernimento.
Saber onde o sapato aperta, onde é preciso botar reparo, ratificar ou retificar escolhas, nos negócios, assim como nas relações, é absolutamente essencial. A inércia, ou seja, a opção pelos buracos em seu sentido físico e metafísico, tem explicado o atraso, os ensaios totalitários de intromissão do poder público em seus antigos desígnios de nos confiscar incentivos. E nada mais temerário e fator de fragilização de nossa economia, do que descuidar da informação, renunciar a seus significados e deixar o barco do interesse público correr solto sem eira, nem rumo, nem beira.
Os buracos da omissão
Foi tornada pública a iniciativa da Prefeitura Municipal em, passado o período das chuvas, retomar as obras de recuperação viária. Muito bem. Afinal, as ruas de Manaus mais parecem crateras lunares. Entretanto, o que não se viu, e não há surpresa na omissão, qualquer indício de recuperação das ruas do Distrito I e II do Polo Industrial de Manaus.
De que forma, empresas como Honda, Samsung, para citar algumas campeãs de emprego e renda, escolhidas pelos organizadores da I Conferência Mundial de Gestão da Amazônia, terão de explicar o estado de abandono em que se encontram as ruas que lhes dão acesso, cobertas de buracos e invadidas por matagal? Nem Detroit, transformada em cidade símbolo da desindustrialização nos Estados Unidos ficou em estado tão lastimável como as ruas do PIM. E pensar que ali estão as empresas que pagam a metade de todos os impostos municipais e geram a movimentação de 85% das atividades econômicas desde Estado. Acredite se puder!!!
Os buracos da representação política
O tecido social está claramente desencantado com a Democracia representativa no atual formato adotado pelo país. Na diferenciação entre aqueles que se elegem para fazer o bem e os que priorizam o se dar bem, os indicadores de insatisfação popular são alarmantes. As redes sociais são pródigas em ironias, gozações e pilhérias. Algo precisa ser feito, principalmente, diante do risco dessa insatisfação deixar tudo como está elegendo atores que aí estão, a maioria indiciados ou objetos de suspeição criminal. Há que se aumentar a dose de Democracia participativa, ampliando o debate e abrindo espaço para a renovação. O que não dá pra aceitar é o buraco formado pela omissão, como se a questão política não tivesse qualquer relação com a vida de cada um em todas as suas dimensões.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
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