Diz o poeta sobre o pior sentido da esperança, aquele que senta e aguarda os acontecimentos, espera acontecer. O momento que atravessamos pede prontidão e iniciativas. Estamos ainda açoitados pelas sequelas de uma das piores crises da história da economia do Brasil, e atônito com os embates políticos e eleitorais que ensaiaram conflitos de consequências danosas.
É hora de repensar a caminhada, refazer os mapas, reforçar as matulas e tocar o barco, sabendo o que somos e com muita clareza do que queremos. Temos números, mas precisamos de mais, e estamos providenciando. Sem eles não há avaliação correta. Muito menos definição exata do lugar onde estamos e aonde queremos chegar.
A economia do Amazonas padece dessas lacunas. Muito fazemos e descuidamos de apurar o executado, planilhar os benefícios oferecidos e, pior do que isso, apontar os benefícios suprimidos. Afinal, batemos a mão no peito sem falta modéstia para gritar que este é o maior acerto fiscal da História da República concedido pela Constituição do Brasil para amenizar suas gritantes desigualdades regionais. Entretanto, a afirmação será mais robusta se mais números embasarem essa afirmação. Por isso importa providenciar claramente a demonstração numérica desses acertos. E isso não pode esperar.
A sacralidade das regras
Temos a expectativa de que no próximo ano possamos avançar para o Brasil que queremos. O que nos desagrada marcou espírito de indignação que tomou conta da maioria dos eleitores, se contrapondo ao espírito separatista do outro lado, que dividiu o país em classes, utilizando categorias que não esgotam a compreensão do real. Temos que, efetivamente, virar a página, abominando as mazelas de um estado que se revelou obeso, gastão e ineficiente. E como é que faz essa mudança sem ficar esperando que um messias imaginário possa vir usar a varinha do condão político para operar os milagres da educação, do emprego, da moradia, da segurança e, para quem gera emprego e riqueza, a infraestrutura de resgate da competitividade e a segurança jurídica de começar e terminar o jogo respeitando a sacralidade das regras e dos Direitos.
Conquistar em conjunto
As entidades de classe, tanto de trabalhadores como de empreendedores, deveriam experimentar a regra de ouro do Ecumenismo, aquela que prioriza aquilo que une a todas as agremiações em detrimento dos fatores que provocam a desunião. Chega de buscar o poder público para resolver os problemas de minha agremiação ou empresa. A força de uma categoria está em sua capacidade de pensar em bloco, pressionar em bloco e assegurar ganhos robustos para toda a associação. Isso serve para a defesa intransigente dos Direitos comuns. Caso contrário os governantes e seu amparo parlamentar se sentirão confortáveis para pensar e agir paroquialmente.
Na relação com o Estado o essencial não é o incentivo específico da empresa A ou B. As entidades precisam priorizar a força do segmento em seu conjunto, assumir o protagonismo de quem gera a roda da economia.
Brasilidade
Chega de sustentar calado um Estado perdulário e ineficiente. Cabe propor aos novos gestores e parlamentares a formação de alianças e parcerias transparentes de trabalho em favor das pessoas, da região empobrecida, a despeito da imensidão de suas potencialidades regionais. Chegou a hora de apostar na vitalidade econômica e sustentabilidade socioambiental de tantas oportunidades de negócios.
É hora de pensar como Amazônia, portanto, de agir regionalmente, na certeza de que temos muito em comum – não apenas em termos de gargalos, sobretudo na área de infraestrutura – mas em termos de demandas de investimento para criarmos uma rede partilhada e conectada de negócios complementares entre si. E, apenas juntos, como fizemos na colaboração do Norte Competitivo, há 4 anos, projeto que gerou o ArcoNorte, com R$ 5 bilhões de investimentos dos quais participaram as entidades do setor produtivo de toda a Amazônia. A face da economia na Amazônia Oriental foi revolucionada. Reprisar a maratona, em formatos mais inteligentes e justos, nos permitiria equacionar os gargalos de infraestrutura e consolidar novos modelos de negócios.
Mutirão
Em suma, temos que alinhar nossas principais dificuldades e propor saídas regionais de olho no Hemisfério Norte. Isso se faz com um planejamento estratégico – como fez Pará e Rondônia – estruturando um mutirão regional. Esse planejamento pode ser feito, inicialmente na Amazônia Ocidental e Amapá, área sob gestão fiscal da Suframa, e posteriormente com toda a Amazônia brasileira e continental, levando em conta, por exemplo, os acertos dos vizinhos, acusados de desmatamento predatório, mas com índices extraordinários de recomposição florestal e desenvolvimento socioeconômico. Agregue-se a isso, a concretização do desafio de alinhar em nome da Amazônia a mobilização de sua bancada parlamentar…Voltaremos.
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