Há um desgastante dogmatismo no noticiário nacional, no qual a divulgação dos escândalos virou regra, obrigando a todos plugar a atenção na notícia repetitiva e invasiva como se ela fosse a única relevância da informação disponível ou esgotasse aquilo que os filósofos tratam de mundo real. Guimarães Rosa diria que o real – ou a verdade – não está na partida ou na chegada, provavelmente na travessia. Portanto, há que se rechaçar o dogmatismo do denuncismo oportunista – que banaliza e naturaliza o ilícito – e dar espaço para outras vozes e iniciativas que, escancaradas e necessárias, precisam ganhar vez e voz no cotidiano em movimento.
Protagonismo
Embora corramos o risco da acusação frequente de ‘culpa no cartório’ ou de ‘rabo preso na questão’, há que se deixar nas mãos das instituições do Estado de Direito, a polícia, a justiça e suas corregedorias, o papel de investigar, punir e mapear as causas e danos da contravenção. E que a vida tome seu rumo na correnteza dos mutirões que anseiam pela nova cidadania parlamentar e pela mudança estrutural. E que venham as pautas, que borbulhem as ideias, que se afine a sintonia na busca frenética de uma nova equação, a um tempo, transparente, protagonista, coerente com as tarefas e desafios a enfrentar e fazer na travessia cívica nacional.
Denuncismo
E a pauta do momento é reconstruir o papel civil da representação social, numa sociedade absolutamente desiludida com a representação da classe política no Estado Democrático de Direito. Nunca dantes na história desta nação, como diria um fracassado político recente, o conceito de política foi tão associado a descrédito. E o que é pior: nunca a imprensa ganhou tanto espaço – ou seja, negócios e oportunidades – com o noticiário da contravenção.
A hora, portanto, é de repensar a ação política e oferecer aos veículos uma informação nova, alternativa, que percorra novos caminhos na contramão do denuncismo e na construção das premissas de uma nova conceituação política. Há uma avidez pelo novo, que possa anunciar atitudes transparentes nos propósitos e projetos, participativas na presença de novos atores da representação política/parlamentar.
Novos políticos
Na velha política sem ideário nem compromisso, a meta raramente ultrapassa os limites obscuros de interesses de grupo disfarçando demandas eleitorais-pessoais de poder. O suposto correligionário é, a priori, um desafeto e a coisa pública instrumento de conquista dos projetos de construção do imediatismo eleitoreiro. E só há um jeito de debelar as sequelas da patologia democrática: reconstruir a Democracia.
O Brasil tem bons políticos. Eles só precisam ser descobertos para ver que política é sim para qualquer cidadão”. A frase é de João Amoedo, uma liderança empresarial em torno da qual novos líderes de todo o país estão se movimentando na criação do Partido Novo. Ele reúne lideranças como as empresas convocam seus colaboradores e escolhe aqueles que se alinham aos novos propósitos, na postura tanto como na conceituação histórica e filosófica do sentido político de representação.
A arte de ordenar o funcionamento do tecido social. E a novidade no âmbito estratégico e operacional é desprestigiar os políticos profissionais, precisamente aqueles que se identificam com as velhas práticas do fisiologismo cartorial e do favor. Quando a economia do Brasil se afastou da velha política a nave da mudança se pôs a decolar. Agora, há que se colher assim sano processo produtivo da economia as forças, o desempenho e o compromisso de quem quer um novo paradigma na declinação do verbo representar.
Excelente texto! Esperamos este ano que a política e o pensamento civil se renovo, nas medidas cabíveis. Que a velha política não se alastre após a primeira vitória que tivemos recentemente.