Há uma premissa histórica extremamente relevante na realização do I AMAS – Amazonian Management Symposium 2018, que ocorrerá em Manaus de 29 a 31 de agosto: a clareza e a certeza da inovação como instrumento necessário para fazer acontecer as velhas tarefas de um modo novo, criativo e eficiente; a sustentabilidade como fator de superação da civilização predatória que sabe usar e promover a renovação dos recursos naturais para atendimento das demandas sociais; e uma nova concepção de governança que explicite o ato de administrar como metodologia da transparência e da partilha, um novo movimento onde todos têm oportunidades e responsabilidades com os conteúdos, os processos e os resultados das ações de interesse público.
O Amazonian Management, a Gestão da Amazônia, deste último jardim do mundo, remete ao nosso futuro comum, ao futuro da Gaia, onde a economia e a ecologia se confundem na tarefa de atender as demandas socioeconômicas e ambientais.
Gestão e omissão
Trata-se de uma iniciativa amazônica resultante da reflexão deixada pelos empreendedores da Amazônia que criaram soluções que pudessem repor a dinâmica do desenvolvimento com a queda do Ciclo da Borracha, no início do Século XX, depois de três décadas de pujança da Árvore da Fortuna, a seringueira, que respondeu por 45% do PIB do Brasil e foi entregue, por indolência e incompetência, para acessar nova economia inglesa dos anos 1910 em diante.
Refletir sobre essa dinâmica de gestão ineficaz do patrimônio amazônico sempre pretende responder a um de nossos mais emergenciais desafios: o imperativo da gestão inteligente e eficaz da Amazônia e, do ponto de vista de nossa gente, da inteligência local, a gestão eficaz e competente das oportunidades em favor de quem aqui vive.
Bioeconomia e mudança
Havia um conglomerado de bioindústrias em Manaus, nas décadas de 30, 40 e 50, destinadas a beneficiar produtos do extrativismo, quando se deu o movimento de reconstrução do II Ciclo da Borracha, imposto pelo esforço de guerra para oferecer insumos para a manufatura de pneus para os aviões de guerra dos Estados Unidos, que só funcionavam com borracha nativa, não industrial.
Fomos buscar naqueles pioneiros e empreendedores amazônidas, vindos da diáspora israelense, árabe, asiática, nordestina brasileira, aqueles que reergueram a economia da Amazônia com a quebra do Ciclo da Borracha, que se repetirá com o encerramento da guerra e a reabertura dos seringais de cultura extensiva cultivado por empreendedores ingleses que haviam confiscado as sementes da seringueira da Amazônia. Eles atraíram as atenções do Brasil, através do grandioso projeto da USP, Pioneiros e Empreendedores, a Construção do Brasil no Século XXI, trazido para Manaus, em 2013, através da Mostra Pioneiros e Empreendedores do Brasil, sob a coordenação do Prof. Jacques Marcovitch, ex-reitor da Instituição e estudioso dedicado da gestão da Amazônia.
Governança florestal
Naquela ocasião, com apoio do setor produtivo, através da Fieam e Cieam, Samuel Benchimol, Isaac Sabbá, Djalma Batista, Armando Mendes, Antônio Simões, Petrônio Augusto Pinheiro, Phelippe Daou, Natanael Xavier de Albuquerque, Mario Guerreiro, entre outros nos demais Estados vizinhos, trazem em suas trajetórias preciosas lições e intuições sobre como promover a gestão da Amazônia. São nossas maiores autoridades no assunto. Seu perfil do pioneirismo e empreendedorismo levou a Amazônia a consolidar uma vocação de economia permanentemente vinculada à ecologia. Seus valores de empreendedorismo e do pioneirismo se revelam na busca de soluções para os desafios estruturais da Amazônia.
Foram sábios em implementar e avaliar soluções para os desafios dessa esfinge chamada Amazônia, que nos devora quando descuidamos de decifrar seus mistérios. Foram visionários na construção de parcerias duradouras com instituições dedicadas a formação de lideranças capazes de implementar soluções para os desafios estruturais da Amazônia.
Qualificação dos jovens
Há poucos desafios tão relevantes como qualificar as novas gerações de olho nas iniciativas bem resolvidas, instrumentalizar nossos jovens na preparação e execução de projetos, significa compartilhar lições, reflexões, saberes e fazeres. Eis, aqui, o eixo central do evento I AMAS, ora sob a responsabilidade compartilhada de coordenação entre UEA e USP, no bojo do Dinter de Gestão da Amazônia com 22 bolsistas. A busca de alcançar este propósito, entretanto, supõe a mobilização de todos, especialmente de instituições como a sua, que se dedica essencialmente a esses nobres e inadiáveis propósitos.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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