Circulou nas redes sociais uma imagem que nos sugere reflexão. Os personagens são os generais Eduardo Villas Boas e Augusto Heleno, que foram comandantes do CMA (Comando Militar da Amazônia). Com eles, o Hamilton Mourão, de ascendência indígena, filho de militares amazonenses, e o presidente eleito Jair Bolsonaro. Pauta da conversa: o futuro da Amazônia.
Em seu primeiro pronunciamento como general, mencionou a cidade de Manacapuru. O que significa isso? Em princípio, nada. Entretanto, o fato de um capitão do Exército Brasileiro, a instituição mais respeitada e estimada neste beiradão amazônico, assumir a governança nacional, tendo por você um filho de índios da Amazônia, pode propiciar um início de conversa. Será que temos chance de integrar este Brasil esquecido no sumário do Brasil aguerrido? Ou vamos seguir a canção do exílio amazônico e cutucar a onça do mistério e potencialidades amazônicas com a vara curta da provocação?
O que pensam os militares?
Todos são unânimes em reconhecer que são os militares, das três forças, a única instituição brasileira que prioriza a Amazônia como valor. Eles estão aqui na floresta amazônica, 63% do território nacional, num contingente discreto, posto que a absoluta maioria atua na região Sudeste, sem que saibam exatamente pra que.
A doutrina da Segurança Nacional, transformada recentemente em estratégias de defesa nacional, mostra que eles tratam o bioma amazônico com um rigor semelhante às tentativas da cobiça internacional de tomar conta deste extraordinário patrimônio. Na gestão recente do general Theóphilo Guilherme Cals, dando sequência aos projetos de Eduardo Villas-Bôas, alguns projetos chamam a atenção para decifrar a nova visão estratégica. Comunicação, energia e transportes com instrumentos e propostas de modernidade e escolhas de novos paradigmas gerenciais. Para eles, “a defesa da região amazônica será encarada, na atual fase da História, como o foco de concentração das diretrizes resumidas sob o rótulo dos imperativos de monitoramento/ controle e de mobilidade. Não exige qualquer exceção a tais diretrizes e reforça as razões para segui-las”.
Amazônia conectada
Sob a batuta do Comando Militar da Amazônia, o Projeto Infovias, uma configuração arrojada de engenharia, começou a implantar a infraestrutura óptica subfluvial nos leitos de rios da região Amazônica. Foram executadas algumas fases nos trechos de Manaus a Coari, passando por Manacapuru, e Manaus a Novo Airão, no leito do Rio Negro, e a ligação de Manaus a Tefé, no leito do Rio Solimões. Isso está descrito na doutrina da Defesa mas também nas iniciativas de integração da presença federal na Amazônia. “As adaptações necessárias serão as requeridas pela natureza daquela região em conflito: a intensificação das tecnologias e dos dispositivos de monitoramento a partir do espaço, do ar e da terra; a primazia da transformação da brigada em uma força com atributos tecnológicos e operacionais; os meios logísticos e aéreos para apoiar unidades de fronteira isoladas em áreas remotas, exigentes e vulneráveis; e a formação de um combatente detentor de qualificação e de rusticidade necessárias à proficiência de um combatente de selva.”
E a sustentabilidade?
Pensando sempre em termos de estratégias de proteção e controle, a presença militar na floresta já avançou, há décadas, no conceito básico de movimentação de negócios na região, o equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente. “O desenvolvimento sustentável da região amazônica passará a ser visto, também, como instrumento da defesa nacional: só ele pode consolidar as condições para assegurar a soberania nacional sobre aquela região. Dentro dos planos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, caberá papel primordial à regularização fundiária. Para defender a Amazônia, será preciso ampliar a segurança jurídica e reduzir os conflitos decorrentes dos problemas fundiários ainda existentes”.
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