“Mentes qualificadas atraem mentes qualificadas e viabilizam bons negócios e múltiplas oportunidades”, disse o professor Moacir Oliveira, da FEAUSP, responsável pela coordenação paulista do DINTER UEA-USP, Universidade do Estado do Amazonas e de São Paulo, nesta quinta-feira, 6, por ocasião da celebração do DINTER de Gestão da Amazônia, para uma plateia de 22 bolsistas, entre familiares, autoridades e representantes de instituições ligadas a pesquisa, desenvolvimento e gestão. “Este dia é um marco histórico de uma parceria que iniciou com a presença generosa e combativa na defesa da Amazônia, Jaques Marcovitch, o grande incentivador desta integração acadêmica e de brasilidade entre as duas instituições e o Amazonas e São Paulo… não há caminho fora da colaboração nem do aprofundamento do saber”, disse Cleinaldo Costa, reitor da UEA.
Ele lembrou da primeira reunião com o presidente do CIEAM, Wilson Périco, o maior entusiasta da aproximação entre academia e setor produtivo da Zona Franca de Manaus, em 2013. “Que universidade no Brasil é financiada integralmente pela indústria?” Lembra a respeito, o líder, que considera este o maior legado da ZFM 50 anos. E é na formulação dessas parcerias, com as dimensões acadêmicas da maior universidade do Brasil, que podemos desenhar o futuro, com jovens empreendedores, gestores e líderes públicos qualificados nesse padrão.
‘Decifra-me ou serei devorada!’
Este é o reclamo maior da Amazônia, o maior acervo de riqueza natural do planeta que o Brasil começa a descobrir. O enigma recomenda alinhar economia, academia e gestão no desafio de desnudar essa esfinge amazônica e oferecer saídas para este Brasil sem rumo. Foi exatamente esta inquietação que aproximou USP e UEA na elaboração de um doutoramento interinstitucional que junta a Faculdade de Administração paulista, nota máxima na CAPES, órgão de capacitação federal, e as demandas da Universidade do Estado do Amazonas, que também é devotada a Amazônia: preencher o vácuo da escassez de gestores. Cumpre anotar que a UEA atua em 1,6 milhão de quilômetros quadrados dos 62 municípios do Estado, a maior academia multicampi do Brasil. Uma área superior à Europa Ocidental.
Como diversificar e interiorizar?
São 22 bolsas e múltiplos desafios para uma economia concentrada em Manaus – 90% de origem da arrecadação – que podem oferecer contribuições para a criação de novos programas e projetos na gestão deste patrimônio e o aproveitamento das oportunidades que daí advêm. Neste ano da graça, quando se inicia a promissora parceria do DINTER, o doutorado de Administração da FEA discute, em São Paulo, os Compromissos do Brasil no Acordo do Clima, a questão energética, florestal, as competências humanas e a geração de trabalho, tudo aquilo que o Amazonas precisa ponderar para fazer do DINTER a mobilização da academia em seus vários segmentos, muitas vezes desarticulados, para criar saídas emergenciais no contexto da desindustrialização em curso.
A Amazônia, na ótica de Samuel Benchimol
Um convite, portanto, muito mais denso do que ampliar os escaninhos acadêmicos ou melhor os proventos docentes na terceira idade. Ao completar 50 anos, a ZFM não poderá dizer que protegeu a floresta apenas por ter gerado empregos e evitando que fossem ameaçador os 160 milhões de hectares que este modelo de desenvolvimento ajuda a conservar. E cabe aos atores da academia sugerir as novas trilhas de diversificação e regionalização do desenvolvimento, numa economia igualmente de baixo carbono, como o polo industrial sem chaminés de Manaus. É significativo lembrar que esta aproximação entre USP e UEA é mais uma etapa e fruto do Seminário Pioneirismo do Amazonas e a Construção do Futuro, que encerrou a Mostra Pioneiros e Empreendedores do Brasil, realizada em agosto de 2013, sob a batuta do professor e ex-reitor da USP, Jaques Marcovitch, em Manaus. O debate, reunindo academia, setor produtivo e poder público, foi organizado pelo Centro e Federação das Indústrias, à luz do resgate dos pioneiros da Amazônia, Samuel Benchimol à frente, e que recomendou o caminho da inovação, parceria e sustentabilidade como o melhor paradigma de gestão da Amazônia, da consolidação da ZFM, e da formatação das novas modulações econômicas. O empresário Jaime Benchimol, encaminhou ao CIEAM, 10 exemplares da obra de seu pai, Samuel Benchimol, ‘Amazônia, formação social e cultural’, um cartão de visitas para ser entregue aos 10 professores paulistas que tomarão parte do DINTER FEAUSP. Trata-se de um clássico para quem quiser entender a Amazônia, como disse Gylberto Freire, o maior dos sociólogos do Brasil, ao comentar a obra.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
Comentários