Cresce entre estudiosos e empreendedores focados no bioma amazônico a premência pela definição e seleção de novos arranjos produtivos para empinar a economia florestal amazônica. Em 2016, governo local e atores privados, sob o tema das Jornadas do Desenvolvimento, foram definidos setores como piscicultura, fruticultura, softwares, dermocosmética, biomoléculas, verdadeiros clusteres de novos negócios na busca de soluções de curto, médio e longo prazo para consolidar novas configurações de economia.
A má política sufocou a e inibiu iniciativas que permitiriam independer progressivamente de renúncia fiscal sem abrir mão da proteção florestal. Clusteres são estratégias bem sucedidas em vários quadrantes do planeta e remetem a um aglomerado de produtos assemelhados que racionalizam cadeias produtivas num contexto de geração de empregos, qualificação de recursos humanos e aqui – no caso da Amazônia – devem dar prioridade a uma economia de baixo carbono.
Prestando contas
A renúncia fiscal que dá amparo à economia regional – em clima de Acordo do Clima e coerente com o modelo industrial sem chaminés da Zona Franca de Manaus – aponta para um formato mais organizado e estratégico de proteção da floresta – até aqui fortuita – e o imperativo de geração de novas cadeias produtivas com apoio dos recursos gerados no polo industrial de Manaus. Há 50 anos, quando foi criado este bem sucedido arranjo fiscal para redução de desigualdades regionais, foi demarcado o Distrito Agropecuário com aproximadamente 600 mil hectares para programas e projetos de desenvolvimento no setor primário.
Este seria um excelente formato de diversificação dos acertos, com área para manejo, não para contemplação. Passado meio século, infelizmente, apenas 20% foi usado e mais ou menos usado. Uma agricultura divorciada quase toda da tecnologia da produtividade. Aqui o avanço ficou no aguardo de programas, projetos e parcerias. Empresas e corporações estrangeiras com foco em biotecnologia pagariam fortunas para acessar essas áreas e dela extrair fungos e bactérias para entende a evolução biomolecular e multiplicar ao infinito suas receitas.
USP, UEA, UFMG
A iniciativa de envolver, além do doutorado em gestão da Amazônia, no DINTER USP UEA, e mais recentemente a FIPE, fundação pesquisas econômicas e a UFMG, onde foram criadas reconhecidas modelagens de desenvolvimento regional, buscam exatamente repensar os fundamentos da economia regional, identificar os embaraços do adensamento, diversificação e interiorização do desenvolvimento. A definição de clusteres, portanto, denominados de arranjos produtivos locais, em determinados momentos, tentam reduzir as intenções e fomentar operações.
Os estados vizinhos, sem os instrumentos da renúncia fiscal, estão obtendo êxitos em produção de alimentos, indústria cosméticas, fitoterápicos, nutracêuticos, embora sejam acusados de remover a cobertura vegetal com taxas inquietantes de desmatamento. Ainda permanece fundamental investigar sobre a importância econômica da floresta amazônica na busca do equilíbrio climático da Terra? E esta resposta será bem mais satisfatória na medida em que desembarcar em mecanismos econômicos que conservem e fortaleçam o bioma florestal e gerem emprego intensivo, como o MFS, Manejo Florestal Sustentável.
O INPA, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, já consolidou um sistema de inventário florestal contínuo para o Estado do Amazonas, com abundância de parâmetros que ainda demandam mais informações e elucidações vitais. Uma delas é metrificar a dinâmica alimentar deste organismo com vinte bilhões de tonelada de carbono, o dobro das emissões do planeta a cada ano. Como se dá a troca alimentar da floresta com a atmosfera, onde, além do carbono, estão dispersos outros resíduos que a civilização predatória emite a cada instante? Descobrir essa dinâmica florestal é tarefa emergencial. São, portanto, curiosas, fascinantes e promissoras as propostas de novos negócios dos clusteres da sustentabilidade florestal. Não há mais desculpas para adiar este grito de mobilização da bioeconomia empreendedora: mãos à obra, já!
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
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