Nesta sexta-feira, 26, no Clube do Trabalhador, a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas e o Centro da Indústria do Estado do Amazonas vão reconhecer e louvar o ‘pão nosso de cada dia’ na figura de Carlos Alberto de Souto Maior Conde, proprietário da Panificadora Conde do Pão Ltda. Ele é o Industrial do Ano 2017. Além dele, Roberto Benedito de Almeida, proprietário da R B Almeida, será homenageado Microindustrial do Ano 2017, enquanto a Recofarma do Amazonas Ltda., pela 6ª vez consecutiva, receberá aplausos com o diploma de Exportadora do Ano 2016. E como ocorre a cada dois anos, as entidades também concederão a Medalha do Mérito Industrial Moysés Israel a Amazonino Mendes e ao general de Exército Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira. Os dois são reconhecidos por relevantes serviços prestados a região.
O ex-governador Amazonino Mendes tem como destaque de seus méritos a decisão de criar a Universidade do Estado do Amazonas, em conjunto com as lideranças empresariais do Estado, que reconheceram a necessidade do projeto e se dispuseram a contribuírem com um fundo, que ganhou estatuto constitucional e permite, com os recursos integrais do setor produtivo, a manutenção da maior universidade multicampi do Brasil, presente nos 62 municípios do Estado. O general Theophilo, um dos mais comprometidos comandantes militares da Amazônia, nos legou, além de uma gestão de segurança de primeiro time, e do projeto Amazônia Conectada, fecundas semeaduras de infraestrutura para a precária logística da região. Adicionalmente, abriu os Batalhões de Fronteira para cientistas do INPA fazerem pesquisa e desenvolvimento de soluções amazônicas.
Muito obrigado, Dr. Moysés!
Wilson Périco (*) [email protected]
Muitas vezes me perguntei o que levava aquele senhor a se manter tão firme na ‘batalha’ e a se envolver, nessa etapa de sua vida, com as coisas da Federação da Indústria? Na verdade, ele não estava lá por conta da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), mas por conta do nosso Estado. A figura obstinada e empreendedora do Dr. Moysés Israel ficará entre nós. E esta presença sugere um permanente debate/reflexão, como ele tantas vezes fez e nos pediu que fosse feito, sobre o futuro do Amazonas. Precisamos lembrar de Dr. Moysés considerando sua trajetória pioneira, seu legado de luta, de crença no Amazonas, de obras concretas, entre as quais os pilares da Zona Franca de Manaus. Cabe destacar sua dedicação à educação como fator de mudança para a construção da prosperidade geral.
Nas últimas eleições da principal entidade do setor produtivo, a Fieam, que ele ajudou a fundar, o presidente Antônio Silva lhe conferiu o posto de primeiro vice-presidente, na prática um presidente-adjunto com poderes compartilhados não apenas no Conselho Fiscal para cuidar de cada centavo das entidades, como tem sido, para o bem de todo o sistema Fieam e de seus sindicatos filiados na construção de um Amazonas próspero. Esta presença na entidade resguardou a vez e o voto de cada um desses sindicatos associados mobilizando todos na defesa da ZFM, nossa base econômica que permite, juntos, buscarmos as novas matrizes econômicas que o nosso Estado, com os municípios do interior, oferece. Com Dr Moysés, o Cieam foi estimulado, tomando seu exemplo, a insistir na construção de novos caminhos para a economia. E quem prestou atenção na fala e na conduta do Dr. Moysés percebeu seu alerta, suas propostas e iniciativas de pioneirismo empreendedor na direção do interior. Isso reforçou nossa convicção de que não poderemos continuar dependendo de um único modelo incentivado de desenvolvimento.
O Estado não pode continuar tão dependente da capital e nem refém de Brasília. Vamos recordar as origens desta conduta e propostas de adensar e diversificar a economia regional no contexto da memória dos grandes empreendedores da Amazônia no século 20. Vamos aqui reconhecer o papel decisivo da contribuição judaica na construção do empreendedorismo amazônico. Nas conversas que tivemos, Dr. Moysés traduziu, na prática, o que precisamos para nossa Estado. Por exemplo, como nos anos 50 superaram o final do II Ciclo da Borracha, com o final da Segunda Guerra, o mundo, em Paz, já não precisava de nossa borracha amazônica, Dr. Moysés, com seu tio e sócio Isaac Sabbá e seus primos Benchimol e Benzecry, constituíram 40 empresas de beneficiamento de produtos florestais. E com esse pool de empreendimentos, carentes da infraestrutura energética, trouxeram dos Estados Unidos, além de uma refinaria montada em Manaus apenas com o muque nativo, o apoio de Roberto Campos e Arthur Amorim.
Amigos de Moysés em Los Angeles, onde atuavam nas negociações da refinaria, foram decisivos no desenho e implantação da ZFM. Essa refinaria, essas empresas e o tempero da sua determinação mostraram caminhos pela interatividade dos pioneiros entre si, as várias etnias e culturas como os árabes, os portugueses, espanhóis, orientais, notadamente os japoneses, associados aos remanescentes nordestinos. Eles construíram e constroem o Amazonas, a prosperidade de nossa região. Estes relatos estão registrados no memorial multimídia da família Pinheiro (www.memorialpetroniopinheiro.com.br) que traduz o clima de entendimento no século 20, onde vamos encontrar a figura de Moysés Israel, um protagonista e arauto dos valores cristãos ao lado de Iclé e Petrônio, Heitor e Nícia Dourado, Gilda e Severiano Mário Porto, Nuno e Maria Cunha, na Escola de Pais, focada na educação de valores, de formação de caráter baseada nos princípios evangélicos de um hebreu famoso: Jesus de Nazaré. A Escola de Pais, criada no Brasil no início dos anos 60 quando a família – assim como hoje – passava por abalos muito significativos e preocupantes. Esta lembrança não pode ser separada do pioneirismo empresarial do Dr. Moysés. Educação e empreendedorismo precisam estar juntos. Por isso ele insistiu em levar a Ufam, a UEA, o Seani, o Cetam para o interior, sempre pregando a importância dos valores que a educação transmite, desde o jardim da infância, o respeito, a comunhão, a solidariedade, os maiores legados deste pioneiro amazonense ilustre, guerreiro amazônida e exemplo de companheiro, na construção de um Amazonas melhor. Muito obrigado, Dr. Moysés, não jogaremos a toalha, muito menos abriremos mão deste aprendizado, dessa privilegiada e sábia convivência.
Obs.: reeditamos este artigo do líder empresarial Wilson Périco para celebrar as insígnias e o patrono da Medalha do Mérito Industrial que ora se inaugura, reconhecendo a grandeza de um dos mais combativos fundadores da memória do setor produtivo no Amazonas.
(*) Wilson é economista, presidente do Cieam – Centro da Indústria do Estado do Amazonas e vice-presidente da Technicolor
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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