Talvez não tenhamos detalhes de arroubos a destacar na trajetória do guerreiro Athaydes Mariano Felix, até porque os guerreiros de verdade não precisam de destaque individual quando se irmanam a seus pares, transpiram os mesmos ideais, comungam das mesmas inquietações e tem plena consciência de que precisam de muitas guerras para sorver em conjunto o licor da vitória. E cada conquista remete sempre a uma única certeza: a luta continua. Obrigado, Athaydes, pelo testemunho de obstinação em defesa da Zona Franca, de sua interiorização e integração com uma desejável e robusta política industrial brasileira. E parabéns pelo exemplo de peleja diuturna em favor do setor produtivo do Amazonas. Sentiremos sua falta, mas sua lembrança estará presente, sempre e quando estiverem em jogo os destinos de nossa terra. Descansa em paz, dileto companheiro!!!
CIEAM entra no debate
Propositor insistente da busca de novos caminhos, modulações alternativas da economia local e regional, o presidente do CIEAM, Wilson Périco, já fez saber ao país que este modelo para se manter hígido, respeitado, integrado a política ambiental, industrial e de ciência e tecnologia do país, precisa diversificar. Foi nesse contexto que o líder empresarial apontou algumas sugestões e questionamentos, a seguir listadas, na discussão da Matriz Econômica e Ambiental do Amazonas. E o fez a partir da seguinte questão: o que a indústria espera e pode contribuir com esta iniciativa do poder público na busca de Novas modulações econômicas para o Amazonas?
“EXPECTATIVAS E CONTRIBUIÇÕES DA INDÚSTRIA:
- Queremos, sobretudo, a construção das novas oportunidades de emprego e renda, que o aproveitamento da vocação de negócios regionais pode oferecer. É duro carregar o ônus do desemprego, como se isso fosse responsabilidade do empreendedor. Com novos empregos, a economia volta a rodar e a apontar o caminho da recuperação. Temos boas notícias da iniciativa do Banco do Povo que está promovendo ações de crédito na capital e no interior para abrir espaços de pequenos empreendimentos com os recursos da Afeam, a agência estadual de fomento, que utiliza recursos do FMPES.
- Nesse contexto, a nova matriz econômica ambiental precisa ser mais econômica que ambiental, afinal, não há como cuidar do meio ambiente com o desemprego. Desconhecemos mecanismos de preservação ambiental que dispensa a base econômica. A legislação ambiental no Amazonas precisa ser olhada do ponto de vista do fator humano. É ridículo, para não dizer obscuro, obstar a modernização portuária alegando risco de comprometer a sobrevivência do morcego pescador, como já foi argumentado por técnicos do órgão ambiental local.
- Temos referências promissoras para a produção de agricultura com base tecnológica de caráter orgânico, pois esta é a via inteligente para atender às exigências de segurança alimentar do mercado Por isso, as novas matrizes no setor de alimentos podem integrar-se, como faz o Peru, na produção de agricultura orgânica, numa integração inteligente e até publicitária com a agenda de desenvolvimento, sustentável e global.
- Integrar-se com as políticas públicas nacionais – infelizmente, já é um outro departamento, pois inexiste integração, muito menos política pública que inclua a economia da ZFM e nem disposição da Pasta do Desenvolvimento em recomendar parcerias com as políticas de diversificação e interiorização deste modelo. É mais fácil, além de preocupante e deprimente, recomendar que as empresas brasileiras invistam no Paraguai, algo escabroso se detectado entre as ações de um Ministério. O Amazonas segue a própria sina de um Estado apartado, excluído do Programa Nacional de Banda Larga e transformado em exportador de recursos para os cofres federais.
- Iremos a lugar algum com a Nova matriz Econômica Ambiental do Amazonas, se continuar o boicote da conexão rodoviária do Estado com o restante do país, com a recuperação da BR 319, cujos inimigos federais contam com aliados locais. Chega de enrolação e hipocrisia, em nome de interesses inconfessos! Chega de confisco das verbas aqui arrecadadas. Essas verbas, diz a Lei: “Os recursos provenientes da TSA serão destinados exclusivamente ao custeio e às atividades fins da Suframa, obedecidas as prioridades por ela estabelecidas”. Portanto, deveriam estar sendo utilizadas para diversificação do desenvolvimento, com inovação tecnológica e biotecnológica das cadeias setoriais. Chega de boicote às alternativas energéticas, notadamente aquela que aproveita as vocações regionais de produção de energia limpa, como a alternativa solar. Chega de fogueira das vaidades que impediram nos últimos 10, 11 anos o florescimento do polo de bioindústria com o fortalecimento institucional e funcional do Centro de Biotecnologia da Amazônia.
- E chega, sobretudo, desta visão tacanha que descreve a postura de alguns gestores e pesquisadores que tratam P&D como extensão de seus domicílios bancários e antídotos das próprias crises existenciais. A hora é de somar, conjugar o verbo construir na primeira do plural, identificar os avanços ensaiados, valorizar o saber local, não apenas acadêmico, mas especialmente o saber tradicional, ponto de partida de investigação e ação focada no interesse social e no mercado que desembarca na prosperidade.
- A indústria precisa apostar na própria competitividade, para recuperar seus ativos e resguardar sua sobrevivência, reduzindo sua folha de custos com o controle de qualidade, comprometida com o transporte das mercadorias na buraqueira do Distrito Industrial. Uma folha de custos que alcança 20% com as despesas da logística de transportes. E ainda: o custo elevado da alimentação, quase toda comprada em outros estados, quando poderia ser produzida no Distrito Agropecuário da Suframa.
- Com recursos da indústria, estimulados pela Afeam, os produtores de guaraná orgânico de Urucará desenvolveram biodefensivos agrícolas, ou seja, além do guaraná e da Marapuama, eles dominam a técnica dos bioinseticidas. Existem, em ação carente de respaldo, os produtores de café do Nova Olinda. Pouca gente sabe que o cafeeiro veio primeiramente para a Amazônia – Café Palheta – depois levado para o Sudeste porque aqui já havia a pujança da borracha.
- Alegra-nos representar um segmento que recolheu, nos últimos 5 anos, R$ 6,8 bilhões para os fundos de interiorização, turismo e qualificação técnica e académica da juventude. “Queremos continuar participando na gestão desses recursos, promover a inovação, sugerir qualificações técnicas coerentes, incentivar o plantio racional e extensivo da seringueira para atender a indústria local, conversar e aprender com os plantadores de castanheiras e pupunheiras, e oferecer tecnologia de bioindústria de cosméticos, nutracêuticos, fitoterápicos, insumos dos extratos vegetais para a bioindústria do Polo Industrial de Manaus.
- E só assim, alinhados, poderemos dialogar, permanentemente, sobre o significado da integração entre os segmentos sociais para resguardar a competitividade empresarial na Matriz Econômica Ambiental do Amazonas”.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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