Pelos Indicadores Industriais do Cieam, disponível na Web, o setor produtivo da Zona Franca de Manaus recolheu, nos últimos cinco anos, dados da Sefaz, Secretaria da Fazenda, R$ 4 bilhões para o FTI – Fundo de Fomento ao Turismo, e Interiorização do Desenvolvimento e quase R$ 1 bilhão para o Fundo de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Por necessidade, ou descuido legal, isso tem ajudado o Estado a financiar sua pesada engrenagem, mas não cumpre o script regulamentar. Dessa dinheirama, apenas um naco mais ou menos 10% vai para Afeam- Agência de Fomento do Estado do Amazonas, a mais elogiada entre as agências de fomento do país. E se estão corretos os estrategistas de que não se pode dispensar uma crise, interiorizar o desenvolvimento têm sido o melhor destino para um pedaço do fundo das pequenas empresas. Para ampliar sua carteira, em 2013 abriu as portas para o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, que chegou a procura de projetos não predatórios, uma das expertises da Afeam. Neste momento, ela não figura entre as prioridades do Estado – com tantos incêndios a debelar. Não haveria tantos se mais fosse investido em empreendedorismo. A Agência, com apoio do BID, cuidou de aprimorar seus serviços, capacitação de colaboradores e informatização de operações, disse Evandor Geber, repartindo o bolo de milho dos 17 anos da Agência na semana passada. Celebração discreta de acertos e avanços, sobretudo com a iniciativa do Banco do Povo, que utiliza os parcos recursos do FMPES para assegurar operações de crédito, ou seja, emprego e renda dos novos empreendedores. Se a indústria perdeu, em três anos, mais de 40 mil postos de trabalho, a Afeam adubou o empreendedorismo com mais de 80 mil operações de crédito subsidiado. Empreender, incentivar ações de desenvolvimento, fica provado, é melhor que promover o assistencialismo.
BID na expectativa
Nos Debates Produtivos, promovidos pela Afeam, Cieam e Federação da Indústria e da Agricultura, tem sido essa a nota constante. Debates embasados em condutas. Algumas são emblemáticas como os produtores de carvão de Presidente Figueiredo, no interior do Estado. Estimulados pela Afeam, hoje eles plantam bananas de primeira qualidade, com lucratividade melhor e reconhecimento internacional, como os parabéns dos técnicos do BID vindos de Washington. A crise fiscal do país deixou em suspensão o programa de crédito das cadeias rurais da Afeam. Mas o Banco não desistiu de fomentar o guaraná orgânico de Urucará, consumido na França e Estados Unidos, da Agrofrut, ou o Açaí, de Codajás que o mundo se acostumou a degustar. A Agrofrut é totalmente orgânica e é uma cooperativa que paga suas parcelas antecipadamente, o que traduz seus acertos. Por isso, na capital e no interior, Afeam é nome/marca associada ao crédito diferenciado, com uma taxa discreta de inadimplência, e com um alento seguro para empinar empresas, produtos. Assim, a Agência caiu nas graças e no reconhecimento da opinião pública. Em parceria com Idam – Instituto de Desenvolvimento do Amazonas, e Sebrae – Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa, entre outras agências de inovação, os técnicos da Afeam não escondem o orgulho de bater todos os recordes de distribuição de crédito para homens e mulheres no interior.
E a Lavoura-pecuária- floresta?
A Afeam tem trabalhado com a Federação da Agricultura para monitorar e estimular novas modulações econômicas, sendo uma delas o dendê associado a outras culturas. O dendezeiro é uma palmeira oleaginosa empinada pelo clima tropical úmido, tendo suas primeiras áreas produtivas no litoral baiano e espalhando-se pelo Pará, Amapá, Amazonas entre outros. O dendê requer uma temperatura média entre 25ºC e 27ºC com limite de 32ºC.
Em Manicoré, sul do Amazonas, a Embrapa fez um empreendimento bem-sucedido de reincorporação do processo produtivo de áreas degradadas, por meio de tecnologia adaptada, inovadora, competitiva e de baixo impacto ambiental para ampliar as exportações e a renda dos produtores de dendê. Conceitualmente, trata-se da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), uma estratégia de produção sustentável, que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas na mesma área, em cultivo consorciado. Os resultados desses sistemas de integração lavoura, pecuária e floresta se mostraram promissores para atender tanto as dificuldades da pecuária, como alternativa de recuperação de pastagens degradadas, como para a agricultura anual, através da rotação de culturas, trazendo melhoria das propriedades do solo sendo um sistema de produção de grãos e de produção animal, que juntamente com a floresta se completam, aumentando a renda dos produtores e trazendo progresso social ao campo. Fruto dessa racionalização e recuperação dos estoques naturais, assim como atuou na Fazenda Aruanã, em Itacoatiara, a Embrapa desenvolveu programas como o Balde Cheio, da pecuária de leite, com sucesso financeiro e sustentabilidade exemplar. São iniciativas isoladas, ainda desgrudadas de uma política agroindustrial, anunciadas pelo governo como estando em fase final de elaboração.
Associação de Bioeconomia e Inovação Tecnológica da Amazônia
Tendo como anfitrião da iniciativa as entidades do setor produtivo, o governo do Estado, Universidade Federal do Amazonas, Inpa, CBA e Embrapa, no último dia 31, na sede da FIEAM, foi criada a ABITA, pronuncia-se ÁBITA, Associação de Bioeconomia e Inovação Tecnológica da Amazônia, para acompanhar a retomada do CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia, estadualizar e regionalizar seus serviços, fechando uma lógica promissora de integração, planejamento e ação compartilhada. O CBA tem milhares de mudas de CURAUÁ, para substituir fibra de vidro, produzidas em laboratório à espera de expandir os princípios ativos que o mercado demanda, entretanto, jamais mobilizou a Embrapa, nossa maior autoridade em solo para ajudar a enfrentar este desafio. Faltou fomento ou integração? Ambos, é claro. A lógica é evidente: se as Jornadas do Desenvolvimento, da SeplanCTI, retomaram os caminhos, a cumplicidade institucional da ABITA vai apontar para mais pesquisas de olho no desenvolvimento e no mercado, na consolidação das cadeias produtivas não predatórias, o forte da Afeam, conquistada com um naco discreto da dinheirama recolhida pelo setor produtivo. Por que não expandir esse amontoado de acertos e correr para o abraço das NOVAS MATRIZES ECONÔMICAS?
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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