Além de 120 mil empregos diretos, 600 mil indiretos, 2 milhões estimados em toda a cadeia de itens produzidos na Zona Franca de Manaus, presentes em todos os lares e empresas de todo o país, as empresas do Polo Industrial de Manaus têm orgulho de manter a Universidade do Estado do Amazonas, a maior instituição multicampi do Brasil, quiçá do planeta, presente em todos os municípios do interior. Portanto, alem de impostos e contribuições de quase R$ 20 bilhões por ano e da geração de milhares de empregos mencionados, o maior legado deste projeto, o mais acertado modelo de desenvolvimento regional do Brasil fundado em renúncia fiscal é poder contribuir com a formação acadêmica de dezenas de milhares de jovens e adultos desta região e de outros quadrantes nacionais que aqui aportam. São 550 indústrias instaladas na região que financiam integralmente a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), somando investimentos anuais de R$ 400 milhões que garantem a manutenção do ensino e pesquisas realizadas pela instituição. Única presente em todas as cidades de um estado, o feito é ainda mais relevante por se tratar do Amazonas, com suas dimensões continentais e regiões isoladas pela natureza e infraestrutura precária. A defesa do modelo ZFM, que desembarca no limite de defender na justiça o direito dessas empresas continuarem operando passa pela vaidade de poder dizer que as empresas estão aqui para gerar riqueza, empreender negócios e auferir resultados. É óbvio, pois vivemos na ordem econômica capitalista. Entretanto, deixar um legado de caráter eminentemente educacional, de preservação e dinamização da cultura, da potencialização de talentos, de afirmação de valores, e criação de novos caminhos de realização profissional, pessoal, social e familiar é algo que, decididamente, tem valor e gratificação inestimável.
Desafios compartilhados
Há dois anos, o Centro da Indústria do Estado do Amazonas, que representa as empresas mantenedoras da instituição, empurrado por uma paralisação/discussão dos alunos sobre a falta de professores na área de engenharia e informática, buscou a direção da UEA para propor maior interatividade para debater demandada comuns e eventuais projetos compartilhados que pudessem dinamizar a relação entre academia e setor produtivo. Surgiu, então, com apoio e presença da Federação da Indústria e a Fundação de Amparo à Pesquisa, a formação de um grupo de trabalho para levar adiante essa aproximação, considerada necessária, salutar e emergencial sob todos os pontos de vista. Com a eleição direta do reitor Cleinaldo Costa, sua representatividade amparou as ações que daí surgiram na direção de recorrer ao saber econômico para conferir ao saber fabril um partilha de conhecimentos e procedimentos a serviço do desenvolvimento e da prosperidade geral, de tal forma que a indústria do conhecimento fosse o resultado mais imediato desta parceria. Trabalhar em conjunto, formular propostas e desenhar cenários de prosperidade e progresso, em última instância, significa apostar no compromisso de que é mais inteligente e eficiente dar saltos permanentes de qualidade quando os caminhos e desafios são compartilhados.
Matrizes de oportunidades
Dados do IBGE, pelo décimo-quinto mês consecutivo, coloca, o Amazonas com o pior desempenho na produção industrial do Brasil. Com quase 20% de queda nos indicadores industriais, não há como negar que faltou fazer o dever de casa. Há quase três anos temos falado neste espaço sobre a necessidade imperiosa de criar novas matrizes econômicas por uma razão muito simples: é insano e temerária depender unicamente de uma única fonte de receita para resguardar a sobrevivência do tecido social. Por isso, principalmente, foi estratégico e providencial buscar a construção de uma academia com as características da Universidade do Estado do Amazonas, uma instituição que se diferencia não por oferecer qualquer curso em qualquer lugar e sim realmente levar conhecimento a partir das demandas de desenvolvimento a todos as calhas de rios do estado, aos municípios e comunidades de acordo com a demanda de qualificação técnica para promover atividades econômicas e geração de emprego e renda para a população. Os cursos são oferecidos de acordo com a vocação natural de cada cidade e também de acordo com sua demanda. Por exemplo, se foi identificado que faltam professores de História ou Geografia em determinado município, são implantados cursos de licenciatura destas matérias no local. Este notável trabalho fez a UEA pular em apenas um ano e meio da 105ª posição do ranking das universidades do Brasil do jornal Folha de S. Paulo, o RUF, para o 77º lugar. A meta é estar entre as 30 melhores do País até 2018. Voltaremos.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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