Descubra 10 plantas amazônicas que podem ser cultivadas em casa, com dicas práticas de cuidados para vasos, quintais e jardins.
O interesse pela jardinagem urbana tem ampliado a procura por espécies tropicais brasileiras e já é possível encontrar em viveiros e floristas mudas adaptadas de plantas nativas da Amazônia.
Cultivar essas espécies em casa vai além da beleza ornamental: é também um gesto de cuidado com a biodiversidade. Adaptadas ao solo, ao clima e à fauna da floresta, são mais resistentes a pragas, demandam menos água e fertilizantes artificiais e ainda atraem polinizadores.
Embora o cultivo fora da região Norte ainda seja pouco comum, muitas delas se adaptam bem em outras partes do Brasil, desde que recebam as condições adequadas de luz, calor e rega. Em regiões frias, por exemplo, podem ser mantidas em vasos protegidos ou estufas.
Nesta matéria, apresentamos 10 espécies de plantas e árvores amazônicas que podem ser cultivadas em casa, com informações sobre suas características, usos e dicas de cuidados.
Hibisco da mata (Hibiscus coccineus)

Flor nativa da Amazônia, muito conhecida por suas pétalas grandes em tons que variam do vermelho escarlate ao vinho profundo. É uma das espécies mais populares em jardins tropicais e até se tornou símbolo cultural no Havaí. Além da beleza ornamental, tem valor econômico, sendo cultivada tanto para fins decorativos quanto medicinais. Pode ser usada em jardineiras, como cerca-viva, em bordaduras ou como ponto focal no jardim.
Porte
Arbusto que varia entre 1,5 m e 4,5 m de altura, podendo chegar até 5 m em ambientes mais favoráveis. O crescimento é rápido e, com o tempo, a planta adquire formato arredondado.
Condições ideais
Desenvolve-se melhor em regiões de calor intenso, com solo úmido, mas não encharcado. Gosta de sol pleno para garantir floração abundante. É uma espécie rústica e adaptada a climas tropicais e subtropicais.
Dicas de cultivo:
- Regar regularmente, a flor tolera apenas curtos períodos de seca.
- Plantar em vasos grandes ou diretamente no solo, desde que o substrato seja bem drenado.
- Adubar a cada 40 dias com composto orgânico rico em potássio.
- Floresce principalmente na primavera e verão, mas pode manter flores ao longo do ano em condições ideais.
Maracujá-do-mato (Passiflora cincinnata)

Trepadeira perene nativa da Amazônia, Cerrado e Caatinga. Suas flores são grandes, vistosas e exóticas, com pétalas lilases, filamentos coloridos em tons de lilás, vinho e verde, lembrando uma estrela em explosão. Além da beleza, exalam perfume adocicado que atrai polinizadores como abelhas e mamangavas.
Seu fruto possui casca esverdeada mesmo quando maduro, com polpa branca, ácida e muito aromática. Mais ácido que o maracujá-amarelo (Passiflora edulis), mas rico em sabor intenso. Ele é altamente nutritivo — contém ferro, potássio, fósforo, cálcio, vitaminas C e do complexo B. A polpa pode ser consumida in natura, em sucos, geleias e doces, além de ter potencial farmacológico com propriedades calmantes e antioxidantes.
Porte
Trepadeira de crescimento vigoroso, ideal para cobrir cercas, pergolados e muros, formando painéis floridos.
Condições ideais
Adapta-se bem a climas tropicais e subtropicais, suportando inclusive períodos de seca. Gosta de sol pleno, mas também pode crescer em meia-sombra. Prefere substratos arenosos, férteis e bem drenados.
Dicas de cultivo:
- Precisa de apoio ou tutor para se desenvolver como trepadeira.
- Rega moderada, mantendo o solo levemente úmido.
- Floresce praticamente o ano inteiro em condições adequadas
Flor-de-maio da Amazônia (Schlumbergera truncata, adaptação tropical)

Cactácea epífita nativa do Brasil, adaptada ao clima úmido da Amazônia. Diferente dos cactos típicos de deserto, prefere sombra, umidade e não possui espinhos. Seus ramos achatados crescem de forma pendente e produzem flores tubulares em diversas cores, como rosa, vermelho, laranja, branco e até amarelo.
Não é tóxica para animais, sendo segura para casas com pets. Variedades especiais com flores dobradas, amarelas ou bicolores são muito valorizadas por colecionadores. Popularmente, é conhecida como a planta que “anuncia o fim da chuva”, reforçando sua ligação com o ciclo da natureza.
Porte
Planta de pequeno a médio porte, geralmente entre 30 e 50 cm de comprimento nos ramos, podendo formar vasos volumosos com o tempo.
Condições ideais
Prefere sombra parcial ou luz indireta, alta umidade e temperaturas amenas. Não tolera sol direto. Cresce bem em vasos, jardineiras e suportes suspensos, simulando o hábito natural de se desenvolver em troncos de árvores.
Dicas de cultivo
- Use substrato leve e bem drenado, com casca de pinus e carvão vegetal.
- Regue apenas quando o solo estiver seco na superfície, evitando encharcamento.
- Uma colher de chá de farinha de osso por mês estimula a floração.
- Evite mudanças bruscas de temperatura e corrente de vento.
- Deixe longe de sol direto.
- Perene e floresce todos os anos, entre abril e junho, com floração que pode durar até três semanas.
Açaí de touceira (Euterpe oleracea)

Palmeira nativa da Amazônia, o açaizeiro pode alcançar até 20 metros de altura em seu habitat natural. Produz frutos de cor roxa, ricos em antioxidantes, vitaminas e gorduras boas. O açaí é conhecido como um “superalimento” pelos seus nutrientes e diferentes formas de consumo.
Sua polpa é base alimentar tradicional de povos amazônidas desde os tempos pré-colombianos. No Pará, é consumido com farinha de mandioca, peixe ou camarão — diferente das tigelas doces populares no Sudeste. O açaí é extremamente importante no ciclo econômico da Amazônia e o município de Igarapé-Miri (PA) é conhecido como “a Capital Mundial do Açaí”.
Porte
Embora seja uma árvore de grande porte em áreas de várzea, o açaizeiro pode ser mantido jovem em vasos grandes ou cultivado em quintais e chácaras, desde que haja bastante espaço. Não alcançará o tamanho natural, mas pode ser uma planta ornamental exuberante nos primeiros anos.
Condições ideais
Prefere clima quente e úmido, com solo fértil e constantemente úmido, mas bem drenado. Desenvolve-se melhor em regiões tropicais e subtropicais. Menos indicada para regiões de clima frio.
Dicas de cultivo
- Deixe em sol pleno com sombra parcial em parte do dia.
- Posicione o vaso em local que receba luz direta por algumas horas, mas que também seja fresco.
- O solo deve ser rico em matéria orgânica, bem drenado e levemente ácido (pH entre 5,5 e 6,5).
- Em solo argiloso, adicione areia ou composto para melhorar a drenagem.
- Regue com frequência e evite que o substrato seque completamente. Solo sempre úmido, mas não encharcado.
- Adube a cada 3 meses, durante primavera e versão, com adubo orgânico ou químico (com potássio, fósforo e nitrogênio).
- Fique atento a pragas como cochonilhas, pulgões e fungos. Borrifar óleo de neem ajuda na prevenção e controle de pragas.
- Se for cultivar em casa, use vasos largos e não muito profundos (para garantir a expansão lateral das raízes).
Açaí-do-mato (Euterpe precatoria)

Palmeira nativa da Amazônia ocidental, encontrada em áreas de terra firme, fora das várzeas. Diferencia-se do açaí de touceira porque cresce de forma isolada, com apenas um caule, mais alto e esguio. Seus frutos roxos são semelhantes ao do açaí comum, mas a produção é menor, já que cada planta gera apenas um cacho por vez.
Porte
Pode atingir até 25 metros de altura, sendo mais alta que o açaí de touceira. É uma palmeira de grande porte, pouco viável para cultivo pleno em espaços domésticos pequenos, pois precisa de espaços amplos para se desenvolver, como sítios e chácaras. Em quintais menores, pode ser mantida jovem em vasos grandes nos primeiros anos.
Condições ideais
Prefere solo firme e bem drenado, com alta umidade ambiental e clima quente. Necessita de sol pleno para se desenvolver.
Dicas de cultivo
- Similar ao cultivo do açaí de touceira, mas o açaí-do-mato exige sol pleno sempre.
- Elimine toda a vegetação que surgir na área de plantio para evitar competição por nutriente e luz durante o estabelecimento da planta.
- Não use enxadas e facões nas raízes do açaizeiro.
- Se for cultivar em casa, use vasos largos e não muito profundos (permite a expansão lateral das raízes).
- Evite solos duros e compactados.
- Garante umidade regular na camada superficial de vasos.
Bacaba (Oenocarpus bacaba)

A bacabeira é uma palmeira alta, de caule liso que pode alcançar de 7 a 22 metros de altura, formando cachos robustos com milhares de frutos arredondados de cor violácea. O nome do gênero, Oenocarpus, vem do grego e significa “fruto de vinho”.
A aparência lembra um pouco a do açaizeiro, mas a polpa da bacaba tem teor de óleo ainda maior que do açaí. As folhas são longas, podendo ter até 5 metros, com dezenas de pinas dispostas em diferentes direções, o que dá à copa um aspecto cheio e ornamental. Os frutos possuem polpa branca-amarelada, de sabor agradável, usada tradicionalmente na Amazônia na forma de suco, vinho de bacaba ou em pratos da culinária local.
A espécie é comum em matas densas e capoeiras de terra firme, crescendo tanto à sombra quanto em áreas abertas. Seus frutos atraem animais silvestres, que auxiliam na dispersão das sementes.
Porte
Grande, indicada apenas para quintais amplos, chácaras ou sistemas agroflorestais.
Condições ideais
Prefere clima quente e úmido, com precipitação anual entre 1.500 e 3.000 mm. Desenvolve-se bem em solos argilosos ou bem drenados, ricos em matéria orgânica e com pH entre 5,5 e 7. Pode crescer à sombra ou em sol pleno, especialmente quando adulta.
Dicas de cultivo
- Prefere sol pleno em fase adulta, mas tolera sombra parcial na fase jovem.
- Escolha áreas úmidas e sombreadas ou parcialmente sombreadas para o plantio, de preferência próximas a cursos d’água.
- Faça análise e correção do solo, incorporando composto orgânico e, se necessário, esterco curtido e calcário.
- A boa drenagem e aeração são fundamentais.
- Regue regularmente nos primeiros meses, mas sem encharcar.
Pau-pretinho (Cenostigma tocantinum)

Árvore amazônica da família Fabaceae, que pode alcançar de 10 até 20 metros em ambientes urbanos e até 35 metros em florestas. Também é conhecida como cássia-rodoviária, inharé e mangiribá, possui tronco tortuoso com caneluras longitudinais, folhas compostas e flores amareladas agrupadas de modo vistoso.
É uma árvore perene, resistente e de copa ampla, que permanece com folhas o ano todo. Muito adaptável, cresce bem mesmo em solos pobres e ácidos, o que a torna uma ótima opção para áreas urbanas. Por ter raízes pouco agressivas e ser pouco afetada por pragas, é bastante usada no paisagismo de ruas, praças e avenidas em cidades como Manaus e Belém.
Com uma copa grande, ela proporciona sombra e ajuda a refrescar o ambiente. Além do uso em arborização, estudos recentes mostram potencial da espécie para fitorremediação de solos contaminados por metais pesados, como o cádmio.
Condições ideais
Prefere sol pleno, clima quente e úmido. Cresce bem em solos argilosos ou arenosos, mesmo de baixa fertilidade, e suporta condições adversas comuns em áreas urbanas.
Dicas de cultivo
- Escolha um local com sol pleno e área aberta para favorecer o desenvolvimento da copa e das flores.
- Use solo bem drenado e enriquecido com matéria orgânica ou esterco curtido.
- Durante o período inicial, regue regularmente. Após o enraizamento, a árvore fica mais resistente à seca.
- Evite podas drásticas, a pau-pretinho não precisa de podas frequentes. Se necessário, faça cortes leves e com ferramentas limpas.
Munguba / Castanha-do-Maranhão (Pachira aquatica)

Árvore amazônica de copa larga e folhas palmadas, bastante comum em áreas de igapó e várzea, mas também adaptada a diferentes regiões do Brasil. Pode alcançar até 18 metros de altura na natureza, mas em cultivo doméstico permanece menor, especialmente quando mantida em vasos. Produz grandes frutos lenhosos que abrigam sementes comestíveis, semelhantes a castanhas.
Ocorre naturalmente na Amazônia, mas já foi registrada em quase todas as regiões do Brasil, desde o Norte até o Sul. Como planta ornamental é conhecida como “money tree” e na Ásia é considerada símbolo de prosperidade e fartura. Suas sementes podem ser consumidas cruas, torradas ou em farinha e são usadas para produzir leite vegetal e até um tipo de “chocolate”.
Porte
Médio a grande, que pode atingir até 18 metros de altura na natureza, mas em cultivo doméstico geralmente permanece menor, entre 2 e 4 metros, especialmente quando cultivada em vasos ou podada regularmente.
Condições ideais
Prefere solos úmidos e férteis, tolerando encharcamento temporário. Desenvolve-se bem em clima quente, com sol pleno ou meia-sombra.
Dicas de cultivo
- Plante em local úmido e ensolarado.
- Escolha solos férteis e bem drenados, evite encharcamento do solo.
- Cultive próximo a cursos d’água ou crie umidade ao redor.
- Pode ser cultivada em vasos grandes quando jovem.
- Para multiplicação, as sementes devem ser plantadas logo após de serem colhidas, pois perdem viabilidade rápido.
- Adube durante a primavera e o verão.
Helicônia (Heliconia spp.)

Planta tropical de folhas largas e flores vistosas, muito cultivada como ornamental em jardins ou como flor de corte. Pode atingir até 3 metros de altura e formar touceiras densas, com aspecto exuberante. Embora tenha aparência de arbusto ou até de pequena árvore, não forma tronco — é uma planta herbácea perene. É chamada também de “bananeira ornamental” pela semelhança. Existem mais de 200 espécies no gênero Heliconia.
As brácteas coloridas — que lembram bicos de papagaio — protegem pequenas flores verdadeiras e atraem polinizadores como beija-flores. Suas folhas são frágeis e podem se danificar com ventos ou chuvas fortes. O nome Heliconia vem do Monte Helicón, na Grécia, onde, segundo a mitologia, viviam as musas das artes — uma referência à beleza expressiva dessa planta.
Nativa de florestas tropicais, incluindo a Amazônia, a helicônia se adapta bem a regiões úmidas e quentes, podendo ser cultivada em canteiros, vasos grandes ou bordas de mata. No Brasil, a espécie mais cultivada é a Heliconia bihai, conhecida como pássaro-de-fogo muito valorizada pela rusticidade e pelo uso como flor de corte.

Porte
Médio a grande, de 1 metro até 3 metros, dependendo da espécie e das condições de cultivo. Algumas variedades maiores, como a Heliconia bihai, podem ultrapassar 3 metros em ambientes ideais.
Dicas de cultivo
- Plante em local com luminosidade intensa, mas protegido de ventos fortes.
- Mantenha o solo sempre úmido, sem encharcar.
- Use substrato rico em matéria orgânica para estimular floração.
- Propague por divisão de touceiras, separando os rizomas.
- Evite regiões com geadas ou frio intenso.
- Faça podas regulares para remover folhas danificadas e renovar a planta.
Orquídeas amazônicas (Orchidaceae)

A Amazônia abriga uma das maiores diversidades de orquídeas do mundo, com mais de 134 gêneros e 709 espécies catalogadas. A maioria delas é epífita, ou seja, vive sobre outras plantas sem retirar seus nutrientes, apenas usando-as como suporte. Suas flores variam em cores, tamanhos e perfumes, sendo altamente ornamentais. Espécies como Cattleya eldorado, Oncidium flexuosum e Brassia verrucosa são nativas da Amazônia e conhecidas por sua beleza exuberante. Quando cultivadas em casa, essas orquídeas se adaptam bem a varandas, estufas ou ambientes com alta umidade e luminosidade difusa.
São encontradas em florestas de terra firme, várzeas, igapós, campinas, restingas e até manguezais. O Pará concentra cerca de 373 espécies distribuídas em 100 gêneros. Algumas orquídeas amazônicas exalam perfumes intensos que variam entre doce, cítrico ou especiado.
São polinizadas por abelhas, vespas e até beija-flores, cada espécie atraindo polinizadores específicos. Por sua raridade e beleza, algumas espécies amazônicas estão ameaçadas pelo desmatamento e coleta ilegal.
Porte
Pequeno a médio porte, ideais para cultivo em vasos ou troncos. Suas hastes florais podem chegar a 50 cm.
Condições ideais
Clima quente e úmido, alta luminosidade indireta, boa ventilação e substrato leve (casca de pinus, carvão, fibra de coco) e bem drenado. Luz indireta ou meia-sombra. Não toleram frio intenso nem exposição prolongada ao sol direto.
Dicas de cultivo
- Escolha espécies adaptadas ao seu ambiente (vaso, árvore, estufa ou floreira).
- Use substratos específicos para orquídeas, como casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco.
- Mantenha em locais com boa luminosidade indireta e ventilação constante.
- Regue de 2 a 3 vezes por semana, sem encharcar o substrato.
- Adube quinzenalmente com fertilizantes próprios para orquídeas, preferindo fórmulas ricas em fósforo durante a floração.
- Limpe as folhas com pano úmido e remova partes secas para evitar pragas.
- Replante a cada 2 ou 3 anos para renovar o substrato e estimular novos brotos.
• Crie um microclima úmido: borrife água nas folhas (sem molhar as flores) ou coloque o vaso sobre um prato com pedrinhas e água (sem contato direto com o fundo do vaso).
Conheça algumas das principais espécies de orquídeas nativas da Amazônia:



