O peixe-leão pode consumir até 20 peixes em apenas 30 minutos, colocando em risco espécies endêmicas, ou seja, que só existem em determinadas regiões da costa brasileira
Mergulhadores treinados pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) capturaram, em Fernando de Noronha, um peixe-leão de 49 cm, que pode ser o maior já registrado no mundo. A espécie, de nome científico Pterois volitans, é originária dos oceanos Índico e Pacífico e tem se espalhado pelo litoral brasileiro, gerando preocupações devido ao seu impacto ambiental e ao risco que representa para os seres humanos.
Ainda não se sabe exatamente como o peixe-leão chegou ao Brasil, mas uma das hipóteses é que correntes marinhas tenham trazido larvas ou exemplares da espécie do Caribe, onde também é considerada invasora. Isso ocorre pois a espécie não possui predadores naturais no Oceano Atlântico, o que o torna uma grave ameaça à biodiversidade. Ele pode consumir até 20 peixes em apenas 30 minutos, colocando em risco espécies endêmicas, ou seja, que só existem em determinadas regiões da costa brasileira.

Por ser um predador voraz e não servir de alimento para outros peixes, o peixe pode causar um desequilíbrio ecológico, afetando a cadeia alimentar e a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos no Brasil.
Peixe-leão no Brasil
Os peixes chegaram ao Brasil em 2014, no litoral do Rio de Janeiro. Em Fernando de Noronha, ele foi visto pela primeira vez em dezembro de 2020, quando um exemplar foi encontrado a 28 metros de profundidade, próximo à Praia da Conceição.
Menos de um ano depois, já haviam sido capturados seis indivíduos no arquipélago. A expansão da espécie na costa brasileira foi acelerada, e, no final de 2024, uma operação recorde resultou na captura de 140 peixes-leão, evidenciando o rápido avanço da invasão e a necessidade de medidas urgentes de controle.

O que tem sido feito no país
Para conter a invasão do peixe em Fernando de Noronha, órgãos ambientais têm realizado ações como educação ambiental, capacitação de mergulhadores e pescadores, mapeamento da espécie e remoção dos indivíduos encontrados.
O ICMBio promove treinamentos específicos para que mergulhadores e pescadores consigam identificar a espécie e, com autorização, capturá-la dentro do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Após a captura, os peixes-leão são medidos, pesados e enviados para análise em instituições como Projeto Conservação Recifal, UFPE, UFF, UFRN e Ufal, auxiliando no monitoramento e combate à espécie invasora.