Microplásticos podem comprometer a saúde óssea, apontam estudos

Pesquisas indicam que microplásticos podem alcançar a medula óssea e afetar o metabolismo esquelético, aumentando o risco de fraturas e doenças osteometabólicas.

Presentes nos oceanos, nos alimentos e até no ar, os microplásticos agora despertam preocupação quanto aos possíveis efeitos na estrutura óssea humana. Essas partículas microscópicas, geradas pela degradação de objetos plásticos, já foram identificadas no sangue, na placenta, no cérebro e até no leite materno. Uma revisão de 62 estudos científicos, publicada na revista Osteoporosis International, aponta que os microplásticos têm potencial para comprometer diretamente a estrutura e o funcionamento dos ossos.

Partículas de microplásticos sobre o dedo humano, representando aditivos usados em produtos cosméticos como esfoliantes. Presença de partículas acende debate sobre perigos dos nanoplásticos.
Microplásticos presentes em cosméticos, como esfoliantes, são uma das fontes diretas de contaminação humana. Foto: Alexander Stein/ GETTY IMAGES, ULLSTEIN BILD/ GETTY IMAGES

Segundo os pesquisadores, os microplásticos podem alcançar a medula óssea e desencadear uma série de alterações celulares. Entre os efeitos observados estão inflamações, envelhecimento precoce das células, interferência na diferenciação celular e ativação de osteoclastos, células responsáveis por degradar o osso. Esses mecanismos contribuem para a perda de massa óssea e podem fragilizar a estrutura esquelética.

Em experimentos com animais, a exposição contínua a microplásticos resultou em deformidades ósseas e interrupção do crescimento esquelético, indicando que a repercussão pode ser maior do que se imaginava. Embora ainda não existam conclusões definitivas sobre os efeitos nos seres humanos, os indícios são considerados relevantes por especialistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que lideram novas pesquisas sobre o tema.

Microplásticos azuis dentro do citoplasma de célula óssea humana MG-63, núcleo em vermelho.
Microplásticos (em azul) dentro de célula óssea do tipo MG-63. A imagem obtida por pesquisadores da Unicamp mostra o acúmulo dessas partículas no interior do citoplasma, com o núcleo celular em vermelho. Foto: Lemon-FCM-Unicamp.

A investigação atual busca compreender como essas partículas afetam a resistência de ossos como o fêmur, usando modelos experimentais com roedores. A iniciativa surge em um contexto preocupante, a International Osteoporosis Foundation projeta um aumento global de 32% nos casos de fraturas osteoporóticas até 2050.

A hipótese dos cientistas é que a exposição contínua a microplásticos possa ser um fator ambiental ainda subestimado no desenvolvimento de doenças ósseas e que controlar essa contaminação pode se tornar uma estratégia relevante para a prevenção de fraturas e melhoria da saúde pública.

Imagem em 3D mostrando a estrutura interna de um osso com osteoporose, com porosidade aumentada e perda de densidade óssea.
A osteoporose compromete a densidade e a microestrutura dos ossos, aumentando o risco de fraturas. Estudo sugere que microplásticos podem agravar esse processo. Foto: Getty Images

Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu é jornalista e mestre em Comunicação. Especialista em jornalismo digital, com experiência em temas relacionados à economia, política e cultura. Atualmente, produz matérias sobre meio ambiente, ciência e desenvolvimento sustentável no portal Brasil Amazônia Agora.

Artigos Relacionados

Soluções sustentáveis do Idesam beneficiam mais de 3 mil famílias e protegem a floresta em pé

Idesam fortalece comunidades, fomenta cadeias produtivas e conserva 4 milhões de hectares na Amazônia.

Ondas de calor se torna rotina em favelas e aldeias, aponta levantamento climático

Eventos extremos como calor, enchentes e secas afetam comunidades vulneráveis em todo o Brasil, revela pesquisa inédita em 119 territórios.

Mosquitos chegam à Islândia pela primeira vez e escancaram avanço das mudanças climáticas no Ártico

Chegada inédita de mosquitos na Islândia expõe os impactos das mudanças climáticas no ecossistema do país nórdico, antes livre desse inseto.

Urina é transformada em fertilizante por sistema sustentável movido a energia solar

Sistema desenvolvido por pesquisadores da USP e Stanford transforma urina em fertilizante usando a energia solar.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, insira seu comentário!
Digite seu nome aqui