As emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil tiveram a maior alta em quase duas décadas no último ano.
Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de GEE (SEEG) do Observatório do Clima, as emissões do país em 2021 foram de 2,42 bilhões de toneladas brutas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e), um aumento de 12,2% em relação ao ano anterior. Retrospectivamente, este salto só fica atrás daquele verificado em 2003, quando as emissões cresceram 20%.
Gases de efeito estufa e desmatamento
A alta das emissões brasileiras em 2021 foi puxada, principalmente, pela expansão do desmatamento na Amazônia. As emissões por mudança de uso de terra e floresta aumentaram em 18,5%, o que resultou na liberação de 1,19 bilhões de tCO2e na atmosfera – um volume superior às emissões de economias inteiras, como a do Japão, e que representa quase metade (49%) de todas as emissões do Brasil no ano passado.
O desmatamento amazônico respondeu por 77% das emissões por mudança de uso de terra e floresta. Tanto o salto das emissões quanto a representatividade da Amazônia refletem a explosão do desmate no último ano. “A taxa de desmatamento em 2021 na Amazônia Legal foi de 13.038 km2, a maior desde 2006, quando o desmatamento estava em franco decréscimo desde os 27.772 km2 vistos em 2004. Isso demonstra que o aumento das emissões atualmente está refletindo esse retrocesso nos padrões de desmatamento”, explicou Bárbara Zimbres, do IPAM.
Ao mesmo tempo, quase todos os setores da economia acompanhados pelo SEEG experimentaram um aumento de suas emissões no ano passado.
Destaque para o setor de energia, que registrou alta de 12,2% em suas emissões de GEE, a maior variação positiva desde 1973, ainda na época do “milagre econômico” da ditadura militar.
Agropecuária (+ 3,8%) e Processos Industriais e Uso de Produtos (8,2%) também registraram aumento de emissões em 2021. O setor de Resíduos foi o único que não apresentou alta, com seu nível de emissões estável.
No caso das emissões da energia, três aspectos ajudam a explicar o salto. A retomada econômica pós-pandemia resultou em um aumento rápido do consumo energético, como observado em outros países no ano passado. Outro ponto foi a crise hídrica, que atingiu diretamente a geração termelétrica e intensificou o uso das usinas termelétricas. Por fim, a queda na safra da cana no Sudeste resultou em alta no preço do etanol, o que reduziu a participação do biocombustível nos transportes.
Os dados do SEEG tiveram ampla repercussão na imprensa brasileira, com destaques em veículos como Band, CNN Brasil, Deutsche Welle, Estadão, Folha, g1, Metrópoles, ((o)) eco, Reuters, TV Cultura e Valor.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
Comentários