O aumento da exploração de madeira na Amazônia, liderado por Amazonas e Acre nos últimos anos, trás preocupações sobre a degradação ambiental e a legalidade da extração em áreas protegidas.
Nos 12 meses entre agosto de 2021 e julho de 2022, a Amazônia viu a exploração de aproximadamente 400 mil hectares de floresta para a extração de madeira, com quase um terço ocorrendo ilegalmente. Esta informação provém dos dados coletados pelo Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), uma parceria de várias ONGs ambientais. Os dados, revelados na última quarta-feira (13), destacam que o estado de Mato Grosso liderou essa exploração, responsável por mais de 65% do total. Importante notar que estados como Maranhão, Tocantins e Amapá não foram incluídos no mapeamento, este último devido a obstruções na visibilidade por nuvens.
Embora tenha havido um aumento na exploração total na região da Amazônia (394 mil hectares, o dobro da área da cidade de Teresina, em comparação com 377 mil hectares no período anterior), houve uma redução de 25% na área explorada ilegalmente, agora em 106 mil hectares. Essa área ainda representa o tamanho da cidade de Belém, e 19,5% dela ocorre em terras indígenas. Mato Grosso continua a ser um foco de exploração ilegal, com a maioria das cidades e áreas protegidas mais afetadas localizadas ao norte do estado.
As exceções à predominância de Mato Grosso na exploração ilegal incluem a cidade de Paragominas, no Pará, e a Terra Indígena Amanayé, também no Pará. Estes locais estão entre os mais explorados na região. O Pará e Mato Grosso apresentam altos índices de ilegalidade na exploração madeireira, com 46% e 31% das áreas exploradas sem autorização dos órgãos ambientais, respectivamente.
Dez cidades em Mato Grosso, com foco em exploração ilegal, representam mais da metade do total de exploração ilegal na Amazônia. Colniza, na fronteira com Rondônia, lidera essa lista com uma área explorada ilegalmente equivalente à cidade do Rio de Janeiro. Aripuanã segue em segundo lugar. Surpreendentemente, 31% da exploração ilegal no estado ocorreu em terras indígenas e unidades de conservação.
Impactos socioambientais e econômicos
Este alto índice de exploração não autorizada tem sérias consequências socioambientais e econômicas para a Amazônia, especialmente no que diz respeito à cadeia produtiva da madeira. O estudo ressalta a importância desse mapeamento para a fiscalização ambiental eficaz, destacando a necessidade de cooperação entre os órgãos estaduais e o IBAMA. Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, enfatiza a relevância desse esforço conjunto para combater efetivamente a exploração ilegal.
Durante o período de agosto de 2021 a julho de 2022, houve um aumento de 4,5% na área total de floresta explorada em comparação com o ano anterior. Enquanto Mato Grosso e Pará, líderes anteriores na exploração, apresentaram uma redução nos seus índices de exploração de 6,3% e 32,5% respectivamente, outros estados mostraram um aumento significativo, elevando a média geral.
O Amazonas experimentou um salto notável na exploração madeireira, com um aumento de 236,9% – de quase 15 mil hectares para mais de 50 mil. O Acre também registrou um crescimento expressivo, dobrando sua área de exploração de 10 mil para 25 mil hectares. Além destes, Roraima e Rondônia também viram um aumento na exploração florestal, com incrementos de 32,8% e 13,9%, respectivamente.
Mais de 60% da exploração total ocorreu em propriedades rurais registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Leonardo Sobral, gerente de cadeias florestais do Imaflora, destaca que essas propriedades são privadas e conhecidas pelos órgãos ambientais, o que as torna passíveis de fiscalização e responsabilização.
Consequências da Exploração Ilegal
O relatório ressalta que a persistência de altos níveis de exploração ilegal tem efeitos prejudiciais e duradouros, não só para a conservação da floresta, mas também para o ecossistema como um todo. A exploração ilegal pode levar à degradação florestal, aumentando a vulnerabilidade da floresta a incêndios e perda de biodiversidade. Além disso, essa prática pode intensificar conflitos fundiários e reduzir a geração de empregos formais e renda.
Com informações d’O Eco
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