Economia e política precisam andar separadas, senão vamos todos levar o país para o brejo definitivamente. É ilustrativa a entrevista do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, na Folha de São Paulo, no último dia 2, alvo de rasgados aplausos e ácidas críticas. Quem agrada a todos num país de arranca-rabo permanente. Como tudo no Brasil da bravata de esquerda e de direita, a matéria não escapou incólume. O pesquisador e professor da Fundação Getúlio Vargas, porém, passou ao largo e sustentou suas posições com métricas seguras e consistentes. E se mostrou alguém que pode falar de agronegócio com desenvoltura e, ao mesmo tempo, está mergulhando na bioeconomia como fator de adensamento e diversificação das vocações de oportunidades do Brasil. Na companhia de seu colega, Sérgio Vergueiro, de Esalq (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz), estivemos reunidos no ano passado, quando aceitou o convite de mergulhar na Amazônia e apostar na dobradinha Bioeconomia e Agronegócio para empinar o país em suas vocações e oportunidades naturais. Listou algumas espécies que merecem atenção para cultivo em áreas degradadas, como os Vergueiro fizeram em Itacoatiara com castanha, pupunha, cumaru…etc.. Com inovação, sempre. A política eleitoral, entretanto, atrapalhou planos.
Sustentabilidade e inovação
Roberto Rodrigues fez um apelo em todas as respostas: precisamos manter o critério da sustentabilidade e crescer mais ainda em inovação e tecnologia. Sua trajetória na Embrapa e em todo impulso dado aos avanços da agricultura, quando ministro do ex-presidente Lula, revela, indiretamente, as vantagens de separar economia e política. E isso o credencia a falar com lastro de experiência de quem não se afastou um milímetro da vertente ambiental da Agenda 21, crescimento com sustentabilidade. E deu alguns exemplos. Na produção de grãos no Brasil, do Plano Collor até hoje, a área plantada avançou 63%, e a produção cresceu 295%. Como foi aumentada a produtividade, 90 milhões de hectares foram poupados.
Tropical e abençoado
Acrescento um dado adicional da Embrapa Território, de Campinas, um braço da empresa que debate a questão da terra associada a sustentabilidade, produtividade e inovação tecnológica. Eles provam que subutilizamos o território, do qual a lavoura ocupa 7,6% apenas. E nos desgastamos com uma discussão equivocada, tanto de um lado da política como do outro. Estamos discutindo a floresta em pé como se o fator humano não estivesse sob a humilhação do desemprego. Também não é derrubar no corte raso. No Amazonas nos orgulhamos de manter 98% (sic!) da Floresta intocada e não estimulamos o manejo de um acervo de 3,4 bilhões de metros cúbicos de madeira. Ficamos tratando o problema na lógica do “eu contra eles”, transformando demandas públicas em bate-boca nocivo e deletério, em detrimento do interesse público.
Rodrigues relembra que a matriz energética brasileira tem 40% de energia renovável, enquanto no mundo todo é 14%. A cana-de-açúcar representa 17% da matriz energética brasileira, enquanto a hidráulica responde por 12%. Ou seja, a cana gera mais energia que todas as hidrelétricas brasileiras. Isso é sustentabilidade. Éolica Solar, Biomassa… um país tropical abençoado. Só não podemos parar a evolução e deitar na rede do mandonismo: do L’Etat c’est Moi!!!
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