Seguimos repetindo as práticas históricas de explorador-colônia. Até quando? Não sabemos. Ao menos, a ligação da economia com o meio-ambiente é melhor do que a exploração predatória, mas ainda está distante do que realmente almejamos por aqui. Evoluímos, mas ainda há muito para evoluir.
Por Augusto Rocha
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Finalmente apareceu um projeto que recupera a rodovia BR-319, que liga Porto Velho à Manaus. Um dos maiores símbolos do abandono do Governo Federal em relação à Amazônia agora possui uma concepção de projeto que devolve o protagonismo do Estado em relação ao futuro da Amazônia. Lá estão claramente dois dos três pés da sustentabilidade: uma preocupação econômica e ações para defender a economia, somada com a preocupação ambiental, com ações para proteger a floresta.
O que não tem no relatório é a preocupação com o social. Há indícios que isso possui alguma relevância, com planos de ação dos órgãos associados com o assunto. Há também ausência de ciência e tecnologia, com indícios vagos de preocupações com o potencial científico das reservas florestais e da natureza. Mas nada passa dos indícios. Também não vemos os potenciais de conexão entre as sedes dos municípios ao lado da rodovia ligados a ela, como se fosse uma estrutura de conexão entre capitais e não de aproximação de todo o interior.
Quem vive na Amazônia com frequência se sente desassistido ou explorado. Dificilmente percebemos a região como uma parte de um todo maior, como parte de um sonho compartilhado. Sentimos cada dia que passa como pequenas vitórias, onde há uma palavra frequentemente usada por aqui: “escapamos”. A construção de uma Amazônia idealizada e compartilhada, na sustentabilidade, no tripé econômico, social e ambiental é ainda parte de um imaginário muito distante dos povos da região.
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Nesta semana que passou houve um evento do IDB Invest, com três dias, entre 11 e 13/06. Em meio às discussões das oportunidades de investimentos, era visível a busca de negócios em meio aos desafios regionais. O alvo era juntar oportunidades de investimento com as dificuldades regionais.
Como levar a água potável para as pessoas, instalando os medidores desta água e cobrando por ela. A reprodução dos modos de vida civilizados, na capital ou no interior da floresta – uma revolução da tecnologia atrás de novos clientes de receitas recorrentes. Longe de qualquer discussão a transferência tecnológica ou a integração dos modos de vidas locais com as estruturas globais.
A oportunidade de negócios existe. A oportunidade de atividades existe. Quem é responsável? Isso não sabemos com clareza. Os modos de vida locais terão melhorias singelas? Talvez não, afinal segue a inexistir o desenvolvimento da ciência com as pessoas locais.
Seguimos repetindo as práticas históricas de explorador-colônia. Até quando? Não sabemos. Ao menos, a ligação da economia com o meio-ambiente é melhor do que a exploração predatória, mas ainda está distante do que realmente almejamos por aqui. Evoluímos, mas ainda há muito para evoluir. Falta, por exemplo, um cronograma para a construção da estrada – isso para falar apenas do mínimo do mínimo quando se fala em construção civil.
Augusto Rocha é Professor Associado da UFAM, com docência na graduação, Mestrado e Doutorado e é Coordenador da Comissão CIEAM de Logística e Sustentabilidade
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