Amazônia Legal pode gerar até US$ 21 bilhões com créditos de carbono até 2030

Mesmo no cenário mais conservador, cada estado da região da Amazônia Legal poderia arrecadar cerca de 1,4 bilhão de dólares por ano

Os estados da Amazônia Legal do Brasil têm um grande potencial econômico com a venda de créditos de carbono. Segundo estudo do Earth Innovation Institute (EII), uma entidade de pesquisa voltada a estratégias de baixo carbono, a região pode gerar entre 10,8 bilhões e 21,6 bilhões de dólares entre 2023 e 2030.

Para a estimativa, foi considerado um preço por crédito variando de 10 a 20 dólares. Com isso, mesmo no cenário mais conservador (10 dólares por crédito), cada estado da região poderia arrecadar cerca de 1,4 bilhão de dólares por ano.

Amazônia Legal pode gerar até US$ 21 bilhões com créditos de carbono até 2030.
Amazônia Legal pode gerar até US$ 21 bilhões com créditos de carbono até 2030 | Foto: Getty Images

O EII já oferece suporte técnico a seis estados brasileiros na elaboração de programas de crédito de carbono: Acre, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Tocantins. Além disso, Amazonas, Maranhão e Piauí estão em fase de desenvolvimento ou estruturação de programas REDD+ jurisdicional, que são iniciativas voltadas à redução das emissões oriundas do desmatamento e da degradação florestal, com enfoque em escala estadual.

A efetivação dessas receitas dependerá da regulamentação estadual a respeito do mercado de carbono, e os pagamentos estão previstos para começar a partir de 2026. Esses recursos poderão ser fundamentais para impulsionar a economia de baixo carbono na região e fortalecer ações de conservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

Como funciona o REDD+ jurisdicional?

O modelo de comercialização de créditos de carbono REDD+ Jurisdicional (JREDD+) é uma evolução do tradicional REDD+ — sigla para “Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal”. Esse mecanismo visa compensar financeiramente ações de conservação, manejo sustentável de florestas e aumento dos estoques de carbono, funcionando como incentivo à proteção ambiental.

Creditos de Carbono Imagem Creditos de Carbono
Arte: Inteligência Artificial/ChatGPT

A diferença central do modelo jurisdicional é sua escala: ele é aplicado em áreas administrativas inteiras, como estados ou países, ao contrário dos projetos individuais, que envolvem organizações específicas, comunidades ou propriedades isoladas. Nesse sistema, é o governo da jurisdição que negocia e vende os créditos no mercado de carbono, assumindo as responsabilidades pelo cumprimento das metas de redução de emissões.

Segundo o estudo, a adoção ampla do JREDD+ poderia trazer impactos significativos: estima-se que seja possível reduzir em até 90% o desmatamento até 2030 e em 98% até 2050, virtualmente extinguindo o desmatamento ilegal.

Isadora Noronha Pereira
Isadora Noronha Pereira
Jornalista e estudante de Publicidade com experiência em revista impressa e portais digitais. Atualmente, escreve notícias sobre temas diversos ligados ao meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no Brasil Amazônia Agora.

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