No editorial desta quarta-feira sobre o atual momento político e de convulsão econômica, o jornal O Estado de São Paulo recomenda o império da Lei como saída para este imbróglio político institucional em que estamos mergulhados. “Não há saída fora da Lei”, diria a propósito o jurista Rui Barbosa. “Há salvação?”, indaga o editorialista. “Certamente ela existe, mas para descobri-la é preciso um ato de grandeza que derrote a mediocridade reinante. É indispensável que, acima de interesses pessoais ou de grupos, as forças vivas da Nação se unam para recuperar o País, pois não é isso, infelizmente, o que a chamada classe política está fazendo.” Ora et labora, diria o lema dos monges beneditinos, onde viver e trabalhar em meio às tarefas do dia-a-dia nao se desconectam do exercício da oração. E que tem a ver este lema religioso com a realidade caótica e, aparentemente, sem propósito que o noticiário traduz. Tanto a oração como o trabalho, na sugestão e conduta milenar dos monges criados por São Bento, podem nos levar para à Luz, com maiúscula, e colocar-nos a seu serviço. Oração, aqui se presta para recomendar a reflexão cuidadosa que nos remeteria à redescoberta de um caminho, onde seja possível entender os descaminhos em que o Brasil se perdeu e se desarticulou. “Uma coisa é certa, absolutamente factual: 90% da população brasileira não confia na presidente, subtraindo-lhe assim, se não a legitimidade, com certeza a credibilidade como governante”. Somente uma reflexão profunda e sincera poderia nos ajudar a apontar a contribuição de cada um de nós para o desacerto institucional e moral em que nos encontramos. Além do indicador acusatório, cabe indagar os dedos da omissão que nos apontam, da acomodação e do adesismo oportunista… Daí a sabedoria oportuna do ora et labora.
Coesão, coragem e criatividade
“No momento estão todos concentradíssimos no vale-tudo para salvar a própria pele ou levar vantagem com a situação”, constata o editorialista. Reportando-nos ao momento obscuro do ponto de vista local, podemos reafirmar que o cenário exige soma de esforços, talentos e muita ousadia. Foi o que se viu na presença do modelo Zona Franca de Manaus na edição 2015 da Feira de Duas Rodas, encerrada nesta segunda-feira em São Paulo, onde, apesar da crise ou por causa dela, foram apresentadas as grandes novidades de um segmento que a crise abalou. Mais de 270 mil visitantes, 20 mil profissionais do setor, protagonizaram um espetáculo com mais de 600 marcas de 22 países com 600 modelos de motocicletas. Ali estavam nossa associadas como Honda, Yamaha, Harley-Davidson, Suzuki, Kawasaki, Dafra Motos, Ducati, entre outras, além de importantes marcas de acessórios, equipamentos e motopeças. “Capacidade não nos falta. Precisamos apenas de pessoas que acreditem e nos auxiliem a construir caminhos para um futuro melhor”, como previu o alerta proféticos do presidente da Abraciclo, Paulo Takeuchi, que olha 2015 como o ano da superação. Superar, neste momento sombrio e de incertezas, é juntarmo-nos, agregar energia, sem revanchismo nem retaliação. É priorizar o Amazonas que nos une e abandonar o ressentimento e a miséria do rancor que nos separam e empobrecem. A sabedoria do entendimento é a chave da conquista de novos caminhos. Os instrumentos estão aqui, os recursos aqui devem ficar e nos dar a base em cima da qual será possível construir uma nova era de prosperidade e distribuição de oportunidades.
Protagonismo e aspirações da tribo
Em fevereiro último, na primeira reunião das entidades da Ação Empresarial, através de uma Carta-Documento propondo exatamente a coesão de todos, foi feito o convite ao governador do Estado, José Melo de Oliveira, a liderar este desafio de colocar o Amazonas como o protagonista deste movimento dos governadores e demais representações políticas da Amazônia, prioritariamente no âmbito Ocidental, tendo em vista a articulação com a Suframa e o endosso das instituições federais mais respeitadas e estimadas da região, abrigadas sob o o Comando Militar da Amazônia, ora sob a batuta do General Guilherme Theóphilo. Este protagonismo segue a lógica das etnias históricas da região, onde o líder é escolhido por sua bagagem de conhecimento das demandas e aspirações da tribo. Foi emblemático ouvir do governador do Estado que ele assinaria o Documento proposta, sem apor nem subtrair uma vírgula, na análise da conjuntura e na proposição de saídas. Ou seja, há um alinhamento prévio de propósitos, das trilhas a serem seguidas e dos objetivos que podemos alcançar: “ Reafirmar nossos compromissos em favor do Amazonas, e realçar a importância – neste momento de muitas dificuldades e apreensão em todo o Brasil em relação aos desdobramentos das recentes medidas governamentais – de estarmos juntos e focados no enfrentamento conjunto de desafios que nos são postos.”
“Se estivermos coesos”
No primeiro tópico do Documento, a tomada de posição: “É positiva e alentada a expectativa do setor produtivo no Amazonas em relação ao seu governo e uma consciência clara de que iremos vencer os embates de sobrevivência e crescimento do modelo se estivermos coesos, assim como estivemos desde o momento de sua candidatura nesta Casa.” E a partir daí as questões que embaraçam a economia, comprometem a arrecadação e o futuro da saúde, educação e segurança de todo o tecido social, foram colocadas didaticamente, a começar pela equívoco de prorrogar a lei e jogar no lixo suas implicações e direitos. “ … a prorrogação da Zona Franca, por si só, não é passe de mágica para resolver problemas agudos, antigos e crônicos, deste que é o maior e melhor arranjo tributário/operacional de renúncia fiscal para redução das desigualdades regionais do país. Prorrogar incentivos, porém, sem assegurar autonomia da Suframa e a infraestrutura de transporte, energia e comunicação – e os recursos para qualificação técnica e educacional – significa ir a lugar algum.” Voltaremos…
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas‐feiras, d e responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] (e-mail: [email protected])
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