Menor extensão de gelo marinho da história é registrada em outubro, evidenciando a progressão do derretimento da Antártica e do Ártico
Na última sexta-feira (22), durante a primeira edição da Conferência Australiana de Pesquisa na Antártica, cientistas emitiram um comunicado urgente destacando a situação crítica da região antártica. O evento reuniu especialistas para avaliar os impactos da crise climática na Antártica e no Oceano Antártico, além de discutir as graves consequências dessas mudanças para o equilíbrio ambiental e o futuro do planeta.
“O futuro da camada de gelo da Antártida e as implicações de seu derretimento para o aumento do nível do mar são centrais para a gestão costeira da Austrália, assim como para o bem-estar da população mundial”, destaca Nathan Bindoff, presidente do comitê diretor da conferência.
Alguns dos temas contemplados pelos trabalhos discutidos na conferência incluem o passado da Antártica e sua dimensão humana, mudanças de regime e pontos de inflexão no sistema Antártico, o derretimento da Antártica em um clima e sistema terrestre em mudança, dentre outros tópicos.
O evento foi concluído com a publicação de um documento que alertou sobre o acelerado derretimento da Antártica e o consequente aumento expressivo do nível do mar globalmente. O comunicado revelou que o nível subiu até 10,5 centímetros nas últimas três décadas e que o continente antártico está perdendo aproximadamente 17 milhões de toneladas de gelo por ano — uma quantidade equivalente a um cubo de gelo de 260 metros derretendo a cada hora.
Em outubro de 2024, já foi registrada a menor extensão de gelo marinho mensal nos últimos 46 anos, representando um déficit de 1,25 milhão de milhas quadradas em comparação com a média de 1991–2020. A situação é crítica no Ártico e principalmente na Antártica, onde a extensão foi 650 mil milhas quadradas abaixo do esperado, a segunda menor da história.
“Acreditamos que a ciência sobre a Antártica e o Oceano Antártico deveria ser o ponto de partida para o desenvolvimento de políticas climáticas”, afirma o comunicado dos cientistas da conferência. “Nossas sociedades devem estabelecer e cumprir metas para diminuir as emissões de carbono o mais rápido possível. Não conseguir reduzir as emissões rapidamente, a cada ano e a cada tonelada, compromete o nível do mar para gerações atuais e futuras.”