“Nosso objetivo é claro: queremos fazer a nossa parte de forma consistente e procedente, garantindo que nossas ações reflitam esse compromisso – o modo ZFM indústria de enxergar a sustentabilidade e a preservação da Amazônia.”
Por Régia Moreira Leite
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Gerar riqueza sem destruir a floresta é nosso mantra. Este tem sido um compromisso central da indústria da Zona Franca de Manaus (ZFM) desde suas origens na década de 1970. Por isso vemos com muita alegria este princípio sócio-econômico-ambiental de produzir sem poluir tremular como nova bandeira em outras plantas pelo país. Esse compromisso com a natureza foi reforçado ao longo do tempo, especialmente com a adoção pioneira de certificações ISO, que sempre marcaram os produtos fabricados em Manaus dentro do programa de desenvolvimento regional coordenado pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).
Enquanto muitas pessoas indústrias ainda enfrentam desafios significativos para alinhar suas operações com os parâmetros ambientais modernos, a ZFM se destaca pelo seu esforço contínuo em conciliar a produção industrial com a preservação ambiental. Isso chamou a atenção de muitas entidades. Esse esforço está intrinsecamente ligado à sustentabilidade da maior floresta tropical do planeta, a Amazônia. O modelo de desenvolvimento da Zona Franca busca a competitividade econômica, mas também o equilíbrio ecológico, sendo uma referência nacional em termos de responsabilidade ambiental.
No entanto, ao mesmo tempo em que a ZFM é um exemplo de integração entre desenvolvimento e conservação, ela também opera em um contexto de fragilidade ambiental. A Amazônia é um bioma extremamente sensível, e as mudanças climáticas, como o aumento da frequência de secas e queimadas, tornam esse compromisso cada vez mais crítico. O agravamento dos fenômenos climáticos na região coloca a Zona Franca e suas empresas diante de desafios ainda maiores, exigindo estratégias mais avançadas e colaborativas para combater os impactos do aquecimento global.
Além disso, o compromisso ambiental da ZFM é também uma resposta às distorções geradas por opções de desenvolvimento econômico que não consideram as peculiaridades do bioma amazônico. Modelos de exploração predatória de recursos naturais, como o desmatamento e a mineração ilegal, comprometem a integridade da floresta, e a reputação ambiental do Brasil no cenário internacional. Esses erros de política econômica reforçam a necessidade de uma agenda mais ampla e consistente, que envolva o setor industrial e todos os atores — governamentais, empresariais e comunitários — em uma estratégia compartilhada para cuidar do planeta.
Mobilizar esses atores é essencial para a sobrevivência das populações locais e para o combate ao aquecimento global, a partir do coração da Amazônia. A Zona Franca de Manaus, com suas certificações e compromisso de produzir sem poluir, é um exemplo que precisa ser ampliado e replicado, contribuindo para uma economia sustentável e para a proteção do bioma amazônico em um cenário de crescente crise climática.
Com a intensificação dos fenômenos climáticos extremos, como as secas históricas de 2023 e 2024, a importância de referências como a Zona Franca se torna ainda mais evidente. Ela pode ser um polo de inovação e de combate ao aquecimento global, reforçando a ideia de que é possível conciliar prosperidade com sustentabilidade, um dos desafios centrais para o futuro da Amazônia e do planeta.
Estamos estreitando nossas relações corporativas com os signatários locais do Pacto Global, e um exemplo demonstrativo dessa parceria é a colaboração com atores como a Rede Amazônica. Além disso, estamos buscando envolver o poder público em um esforço coordenado, analisando quais verbas repassadas pela indústria podem ser direcionadas para iniciativas que priorizem ações produtivas focadas essencialmente na sustentabilidade.
Régia é economista, administradora, empresária, coordenadora da Comissão ESG e conselheira do CIEAM, Centro da Indústria do Estado do Amazonas
Um ponto nevrálgico dessa mobilização é a inclusão de educadores da rede pública e privada, além de pesquisadores focados nas questões climáticas e florestais, para garantir que esse movimento seja realmente coletivo. A educação, sendo uma ferramenta poderosa de transformação, deve influenciar mais fortemente a consciência de crianças e jovens, que serão os atores decisivos do amanhã. Esperamos que eles estejam mais comprometidos e atentos às questões ambientais do que as gerações passadas.
O mesmo raciocínio se aplica ao envolvimento da comunidade científica e acadêmica, que desempenha um papel fundamental na disseminação do conhecimento e no comprometimento da sociedade em relação ao aquecimento global. É preciso que cada indivíduo, independentemente de sua profissão ou rotina, enxergue oportunidades no seu dia a dia para contribuir com a descarbonização da atmosfera e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
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