As queimadas na Amazônia em 2024 estão impactando vastas áreas do Brasil, com a fumaça afetando vários estados. A resposta do governo envolve ações integradas para combater o fogo e punir responsáveis por queimadas ilegais.
As queimadas na Amazônia em 2024 atingiram níveis recordes, evidenciando uma crise ambiental de grandes proporções que está impactando vastas áreas do território brasileiro. Com mais de 63 mil focos de incêndio registrados apenas entre janeiro e agosto, este ano já se tornou o pior para a floresta desde 2014, com as chamas se alastrando de forma preocupante, agravadas por uma seca severa que afeta mais de mil cidades no Brasil.
O aumento dos focos de fogo na Amazônia Legal, que inclui nove estados brasileiros, é resultado de uma combinação de fatores climáticos e humanos. O fenômeno El Niño, que influenciou drasticamente o clima global, trouxe consigo um déficit hídrico severo, agravado pelo aquecimento das águas do Atlântico. Esse cenário contribuiu para uma seca antecipada e intensa na região, criando as condições ideais para a propagação das queimadas.
A gravidade das queimadas na Amazônia em 2024
As queimadas na Amazônia este ano foram registradas em números alarmantes. Somente em agosto, foram mais de 26 mil focos de incêndio, o dobro do mesmo período em 2023. Este aumento significativo ocorre apesar de uma redução de 45% no desmatamento na região no último ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O pesquisador Luiz Aragão, do Inpe, esclarece que, mesmo com a redução do desmatamento, as áreas desmatadas anteriormente continuam vulneráveis ao fogo. “A Amazônia tem mais de 800 mil quilômetros quadrados de áreas desmatadas, a maioria utilizada para pastagem. Portanto, quem está nessas áreas continua utilizando o fogo para o manejo do pasto, o que aumenta a incidência de queimadas, somando-se às novas invasões. Ou seja, não basta apenas reduzir o desmatamento, é necessário monitorar o que acontece com as áreas já destruídas” explica Aragão.
Esse aumento das queimadas, aliado à seca extrema, resultou na formação de uma densa camada de fumaça que se espalhou por todo o Brasil. A fumaça, originada não apenas na Amazônia, mas também em regiões do Pantanal e Rondônia, foi transportada pelos ventos, formando um “corredor de fumaça” que afetou diversos estados, incluindo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Oeste do Paraná, parte de Minas Gerais, trechos de São Paulo e até mesmo o Amazonas.
As causas por trás do recorde de queimadas
O agravamento das queimadas na Amazônia em 2024 pode ser atribuído principalmente a dois fatores: a intensidade das chamas e a seca severa. As altas temperaturas e a falta de umidade, exacerbadas pelo aquecimento global e pelo fenômeno El Niño, criaram condições ideais para a proliferação dos incêndios. Além disso, o uso contínuo do fogo em práticas de manejo agropecuário em áreas já desmatadas contribuiu para a escalada dos focos de incêndio.
Outro fator significativo é a dinâmica atmosférica. Fábio Luengo, meteorologista do Climatempo, explica que as correntes de vento que normalmente trazem umidade da Amazônia para o sul do Brasil encontraram uma quantidade massiva de fumaça ao longo de seu percurso. Ao passar pela Amazônia, a corrente encontrou a fumaça e continuou seu ciclo, empurrando-a para o Sul do país, formando um corredor de fumaça. Esse fluxo, que deveria trazer umidade, acabou transportando grandes volumes de fumaça, afetando amplamente o território nacional.
Esse fluxo que deveria trazer umidade da Amazônia para o Sul encontrou fumaça e trouxe esse volume com ela. Ao chegar ao Sul, os ventos frios foram empurrando a fumaça, fazendo com que chegasse a outros estados no país. É como um sistema interligado.
afirma Luengo.
A resposta governamental às queimadas na Amazônia
Diante dessa crise, o governo federal brasileiro, em parceria com os governos estaduais da Amazônia Legal, intensificou as ações de combate aos incêndios florestais. As medidas incluem a instalação de frentes de atuação multiagências em áreas críticas, como as rodovias BR-319, BR-230 (Rodovia Transamazônica) e BR-163, regiões onde as queimadas são mais intensas. O Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman) está à frente dessas operações, coordenando esforços que incluem tanto o combate direto ao fogo quanto a intensificação da atuação policial para punir os responsáveis por incêndios ilegais.
Essas ações são essenciais, visto que, até o momento, não foram concedidas novas autorizações para o uso do fogo na Amazônia, tornando as novas ignições ilegais. A resposta governamental, portanto, não se limita ao combate das chamas, mas também visa garantir a responsabilização dos infratores, em uma tentativa de frear o avanço das queimadas e proteger o bioma amazônico.
No entanto, especialistas destacam que essas medidas, embora necessárias, podem não ser suficientes se não houver um esforço contínuo e integrado para monitorar e preservar as áreas já desmatadas, que permanecem em risco constante de novos incêndios. A preservação da Amazônia requer um compromisso de longo prazo, que envolva não apenas a redução do desmatamento, mas também a recuperação das áreas degradadas e a implementação de práticas sustentáveis que evitem o uso indiscriminado do fogo.
Com informações da Agência Brasil e do G1
FAQ
O que causou o aumento das queimadas na Amazônia em 2024?
As queimadas na Amazônia em 2024 foram exacerbadas por uma combinação de fatores climáticos, como a seca severa resultante do fenômeno El Niño e o aquecimento do Atlântico. Além disso, o uso contínuo do fogo em áreas desmatadas para manejo de pastagem contribuiu para o aumento dos focos de incêndio.
Quantos focos de incêndio foram registrados na Amazônia em 2024?
- Até agosto de 2024, mais de 63 mil focos de incêndio foram registrados na Amazônia, tornando este o pior ano para a região desde 2014.
Como as queimadas na Amazônia afetam outras regiões do Brasil?
A fumaça das queimadas na Amazônia foi transportada por correntes de vento, formando um “corredor de fumaça” que afetou diversos estados brasileiros, incluindo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Amazonas.
O que o governo brasileiro está fazendo para combater as queimadas?
O governo federal, em colaboração com governos estaduais, intensificou ações de combate aos incêndios na Amazônia, instalando frentes de atuação multiagências em áreas críticas e aumentando a atuação policial para punir os responsáveis por incêndios ilegais.
Por que as queimadas aumentaram se o desmatamento na Amazônia diminuiu?
Apesar da redução no desmatamento, as áreas já desmatadas, que somam mais de 800 mil quilômetros quadrados, continuam vulneráveis ao fogo. O uso de queimadas para manejo de pastagens nessas áreas desmatadas contribuiu para o aumento dos focos de incêndio.
Como o fenômeno El Niño contribuiu para as queimadas na Amazônia?
O El Niño causou um déficit hídrico severo e uma seca antecipada na Amazônia, criando condições ideais para a propagação dos incêndios, especialmente em áreas já afetadas pelo desmatamento.
Quais são as perspectivas para o controle das queimadas na Amazônia?
Especialistas destacam que, embora as medidas governamentais atuais sejam necessárias, o controle efetivo das queimadas na Amazônia requer um esforço contínuo para monitorar as áreas desmatadas e implementar práticas sustentáveis que evitem o uso indiscriminado do fogo.
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