Entenda como a falta de neve no himalaia pode desabastecer 1,65 bilhão de pessoas e outras informações que dificultam a vida de negacionistas climáticos
Deve ser um trabalho árduo sustentar o negacionismo climático frente às evidências gritantes e cada vez mais alarmantes do aquecimento global. Relatórios e estudos científicos recentes deixam claro, sem margem para dúvida, que as mudanças climáticas estão provocando impactos devastadores em várias partes do mundo. Trouxemos aqui duas novidades nada animadoras deste ano de 2024.
Um quarto da população mundial, que depende do degelo do Himalaia para seu abastecimento de água, enfrenta um risco muito grave de escassez neste ano devido à significativa diminuição das nevascas no topo dessa cordilheira, alertaram cientistas nesta segunda-feira (17). A região vê o derretimento contribuindo com aproximadamente um quarto do volume total de 12 grandes bacias hidrográficas que nascem em altitudes elevadas, segundo um relatório recente.
🚰 Importância do degelo do Himalaia
A neve e o gelo do Himalaia são fontes essenciais de água para os 240 milhões de pessoas que vivem nas regiões montanhosas e para 1,65 bilhão que habitam bacias relacionadas a ele em vários países.
“Trata-se de um sinal de alerta para os pesquisadores, os responsáveis políticos e as comunidades”, afirmou Sher Muhammad, autor do relatório do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (Icimod), com sede no Nepal.
A escassez de água vai além da falta de um recurso essencial. No geral, ela pode provocar insegurança alimentar ao comprometer a irrigação das plantações, ameaçando a produção de alimentos. A falta de água prejudica atividades agrícolas e comerciais, exacerbando a pobreza nas comunidades dependentes desses setores. Além disso, a disputa por água escassa pode gerar conflitos entre comunidades e países, aumentando a instabilidade social. A degradação ambiental é outra consequência grave, com perda de biodiversidade por exemplo.
📉 O que diz o relatório
O relatório destacou que o menor acúmulo de neve e a flutuação dos níveis de neve aumentam consideravelmente o risco de escassez de água, especialmente neste ano. Segundo o Icimod, que monitora a neve na região há mais de 20 anos, 2024 é particularmente incomum. Este ano, a persistência da neve é a segunda mais baixa dos últimos 22 anos, apenas superada pelo recorde de 2018.
🌍 Impactos regionais
Na cordilheira Hindu Kush e no Himalaia, a persistência da neve está 18,5% abaixo do normal. A bacia do Ganges, que atravessa a Índia, apresenta a persistência de neve mais baixa já registrada pelo Icimod, 17% abaixo da média. No Afeganistão, a bacia do rio Helmand registrou seus segundos níveis mais baixos de persistência da neve, 32% abaixo do normal. A bacia do rio Indo caiu 23% em relação ao normal, enquanto a do Brahmaputra, que chega a Bangladesh, registrou uma persistência da neve 15% abaixo do normal, conforme dados do relatório.
🌡Expansão das plantas na Antártida
As duas plantas com flores nativas da Antártida estão se espalhando rapidamente à medida que as temperaturas aumentam, segundo um estudo recente. Desde 2009, o aumento de plantas foi maior do que nos 50 anos anteriores combinados, coincidindo com o rápido aumento da temperatura do ar e uma redução no número de focas, relatam os pesquisadores.
🌱 Estudo e descobertas
Populações de erva-doce da Antártida (Deschampsia antarctica) e erva-pérola da Antártida (Colobanthus quitensis) têm sido avaliadas por cientistas desde 1960. Estudos descobriram que a erva-do-campo se espalhou cinco vezes mais rápido entre 2009 e 2018 do que entre 1960 e 2009. Para a erva-pérola, o aumento foi quase dez vezes maior. “Os ecossistemas terrestres antárticos respondem rapidamente a esses estímulos climáticos”, disse Nicoletta Cannone, da Universidade de Insubria, na Itália.
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