Segundo uma nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira, cerca de 1,1 milhão de lares no Ceará vivenciam algum grau de insegurança alimentar. Isso significa que aproximadamente 35,1% dos domicílios do estado, ou um em cada três, enfrentam dificuldades para obter alimentos.
A pesquisa detalha que a condição de Segurança Alimentar, caracterizada pelo acesso pleno e de qualidade aos alimentos, é uma realidade em apenas 64,9% das residências cearenses, equivalendo a aproximadamente 2,1 milhões de lares.
A insegurança alimentar nos domicílios cearenses se divide em três categorias:
- Leve: Afecta 21,4% das casas, onde há preocupação com o futuro acesso aos alimentos e já se observa um comprometimento da qualidade nutricional.
- Moderada: Presente em 7,4% dos domicílios, caracteriza-se pela restrição quantitativa de alimentos, especialmente entre adultos.
- Grave: Esta é a situação mais crítica, atingindo 6,2% dos lares, onde todos os membros, incluindo crianças, sofrem com a falta de alimentos.
O Ceará apresenta o sétimo maior índice de Insegurança Alimentar Grave do país, ficando atrás de estados como Pará, Amazonas e Amapá, e apenas superado por Pernambuco no Nordeste.
A análise regional indica que o Norte do Brasil enfrenta a situação mais difícil, com 39,7% dos domicílios com dificuldades na aquisição de alimentos. O Nordeste vem logo atrás, com 38,8%, enquanto o Sul mostra o menor índice de insegurança alimentar, com 16,6%.
De acordo com o IBGE, a segurança alimentar é definida como o “direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente”. A pesquisa ainda aponta que a maior vulnerabilidade está entre aqueles que ganham de 1/4 a um salário mínimo per capita, e que a insegurança alimentar é mais severa em zonas rurais, contrastando com famílias de renda superior a dois salários mínimos, onde apenas 5,6% enfrentam essa condição.
Cenário de segurança alimentar no Ceará apresenta Melhora, Mas Desafios Permanecem
A mais recente edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Segurança Alimentar 2023 revela uma melhoria no acesso aos alimentos no Ceará, apesar dos persistentes desafios. Comparativamente a dados históricos, houve avanço significativo desde o cenário duas décadas atrás, quando a maioria da população do estado enfrentava algum grau de insegurança alimentar (55,8%), incluindo uma preocupante taxa de 14,3% em condição de insegurança alimentar grave.
Estudos subsequentes, realizados em 2009 e 2013, indicaram uma tendência de redução nos índices de insegurança alimentar e um aumento na segurança alimentar, sugerindo progresso contínuo. Entretanto, essa tendência positiva sofreu um revés em 2018, quando uma nova pesquisa indicou um aumento na insegurança alimentar.
Cinco anos depois, em 2023, os novos dados indicam uma retomada do progresso, com o índice de segurança alimentar subindo de 53,1% para 64,9%. Apesar dessa melhora, o percentual de insegurança alimentar grave se manteve estável. No entanto, o aumento na população e no número de domicílios resultou em um crescimento do número absoluto de lares em condição severa de insegurança, passando de 175 mil para 206 mil.
Esses dados refletem tanto os avanços quanto os desafios persistentes na luta contra a insegurança alimentar no Ceará, destacando a necessidade de contínuos esforços para garantir que todos os cidadãos tenham acesso regular e permanente a alimentos de qualidade.
*Com informações Diário do Nordeste
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