Pesquisadores do INPA descobrem que o tangará-do-oeste, antes restrito a Colômbia e Peru, agora está habitando a Amazônia brasileira, ampliando significativamente a compreensão sobre a biodiversidade da região e suas áreas de conservação.
Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) conduziram um estudo que expande significativamente a compreensão sobre a área de distribuição do tangará-do-oeste, uma espécie de ave caracterizada por sua plumagem preta adornada com detalhes em azul e vermelho. Este estudo, divulgado na Acta Amazônica na última sexta-feira (29), aponta que a presença da ave se estende além das fronteiras da Colômbia e do Peru, alcançando também o território brasileiro. Esta descoberta proporciona uma nova perspectiva sobre a espécie contribui para um entendimento mais profundo da formação da região amazônica.
Revisão da classificação de espécies
A pesquisa emergiu de uma análise detalhada sobre a distribuição de três espécies de aves anteriormente classificadas como uma só: o tangará-do-oeste (Chiroxiphia napensis), o tangará-príncipe (C. pareola) e o tangará-de-coroa-amarela (C. regina). Tradicionalmente agrupadas sob a denominação de tangará-príncipe, estudos de DNA já haviam apontado para a distinção entre elas, baseada em diferenças de plumagem e genética.
Nova área de ocorrência identificada
Examinando exemplares mantidos pelo INPA, os cientistas mapearam um novo território de ocorrência para o tangará-do-oeste, situado entre os rios Japurá e Alto Amazonas. Esta descoberta sugere um padrão de distribuição atípico, possivelmente ligado ao fenômeno de avulsão fluvial, que envolve alterações abruptas no curso dos rios devido ao rompimento de suas margens.
“Olhando a distribuição da espécie a gente já consegue pensar em como a Amazônia se formou, como que a biodiversidade se formou… Talvez essa espécie possa ter se formado a partir desses movimentos geológicos que ainda estão começando a ser estudados. Então, a gente começa a pensar que essa distribuição diferente tem a ver com a própria história de formação da bacia Amazônica”, esclareceu o pesquisador Arthur Gomes, um dos autores do estudo.
Implicações para conservação e biodiversidade
Os achados do estudo reconfiguram o entendimento atual sobre a biodiversidade amazônica, sugerindo a necessidade de revisão nas estratégias de conservação para essas espécies, agora reconhecidas por sua distribuição mais ampla do que se supunha. Além disso, a pesquisa desafia a visão de que vastas áreas da Amazônia sejam homogêneas em termos de biodiversidade, reforçando a ideia de que a região ainda guarda muitos segredos a serem desvendados.
Com informações d’O Eco
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