Um estudo publicado recentemente na revista científica Plos One revela que as ondas de calor no Brasil, cada vez mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, causaram mais de 48 mil mortes entre 2000 e 2018. Este número é mais de 20 vezes superior aos óbitos causados por deslizamentos no mesmo período. O estudo, destacado pelo Observatório do Clima, aponta que esses eventos climáticos extremos afetam desproporcionalmente idosos, mulheres, negros e pessoas com menor escolaridade.
A pesquisa, liderada por Djacinto Monteiro dos Santos, pesquisador da UFRJ, analisou as 14 regiões metropolitanas mais populosas do Brasil. A frequência das ondas de calor aumentou significativamente desde a década de 1970, com regiões como Salvador e Belém registrando um aumento expressivo no número de eventos anuais.
Além disso, as ondas de calor se tornaram mais longas, durando agora de 4 a 6 dias, em comparação com 3 a 5 dias nas décadas de 1970 e 1980
A pesquisa utilizou o Fator de Excesso de Calor (EHF) para mapear a ocorrência desses eventos, classificando-os pela frequência, duração e intensidade. Utilizando dados do DATASUS de 2000 a 2018, os pesquisadores calcularam a “mortalidade em excesso” durante cada onda de calor, comparando-a com as mortes em condições normais. As causas mais comuns dos óbitos foram doenças circulatórias, respiratórias e o agravamento de condições crônicas.
Monteiro dos Santos destaca a ligação entre as mudanças climáticas e as desigualdades socioeconômicas no Brasil, enfatizando que pessoas em contextos urbanos precários, especialmente nas periferias, são as mais vulneráveis. A pesquisa aponta que o aumento de desastres naturais no país tem exacerbado as desigualdades sociais existentes.
Este estudo, ao evidenciar o impacto mortal das ondas de calor, chama a atenção para a necessidade de políticas públicas voltadas à adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, especialmente para proteger as populações mais vulneráveis
*Com informações CLIMA INFO
Comentários