Em meio à COP28, o Brasil se depara com um dilema ambiental crítico: a exploração de petróleo na foz do Amazonas e outras bacias da Margem Equatorial pode anular os esforços de desmatamento zero na Amazônia. Enquanto o presidente Lula tenta minimizar o desconforto causado pela recente adesão à OPEP+, especialistas alertam para o impacto significativo nas emissões de gases estufa.
Sob os holofotes da Conferência das Partes (COP28), o Brasil enfrenta um impasse ambiental. A insistência na exploração petrolífera na foz do Amazonas e outras bacias da Margem Equatorial ameaça os avanços alcançados pelo país no combate ao desmatamento na Amazônia.
A Agência Pública solicitou ao Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, uma análise do impacto potencial da produção de petróleo na região. O estudo, conduzido por Felipe Barcellos do Instituto de Energia e Meio Ambiente, revela que a queima de 10 a 30 bilhões de barris de petróleo resultaria na emissão de 4 a 13 bilhões de toneladas de CO2. Para contextualizar, esses números são comparáveis às emissões anuais de grandes poluidores como Estados Unidos e China em 2020.
O Brasil estabeleceu metas ambiciosas de redução de emissões de gases estufa, visando 1,34 bilhão de toneladas de CO2 equivalente anualmente até 2025, e uma redução adicional para cerca de 1,21 bilhões de toneladas até 2030. No entanto, a exploração petrolífera na Margem Equatorial poderia triplicar esse limite, colocando em risco os compromissos climáticos do país.
Embora a maior parte do petróleo extraído possa ser destinada à exportação, e portanto não impactaria diretamente as estatísticas de emissão do Brasil, o impacto global permanece significativo. O clima global não reconhece fronteiras, e as emissões de qualquer país contribuem para o aquecimento global.
David Tsai, coordenador do SEEG, enfatiza a gravidade da situação. Se o Brasil alcançar o desmatamento zero até 2030, mas não reduzir as emissões em outros setores, ainda assim haverá um aumento significativo nas emissões de gases estufa. Tsai compara o impacto da exploração petrolífera na Margem Equatorial à continuação do desmatamento por mais 5 a 30 anos.
O Brasil, enquanto participa ativamente da COP28, deve ponderar cuidadosamente as implicações ambientais da exploração de petróleo na Margem Equatorial. As escolhas feitas agora terão repercussões duradouras, não apenas para o Brasil, mas para o clima global como um todo.
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